Ótica frouxa

 Lavra (2021), o documentário de Lucas Bambozzi, ensaia uma novidade no que se refere à forma de documentar os relatos e as vivências de quem sofreu com os crimes cometidos pelas empresas de mineração Vale e Samarco. A abordagem do diretor de fato se destaca em relação a alguns aspectos do que conhecemos e identificamos como linguagem documental. A escolha dos planos e dos movimentos de câmera, que na maioria das vezes foram feitos em follow shot, isto é, a câmera seguindo a personagem no plano, deram um tom totalmente orgânico para a produção. Esse tom intimista usado na linguagem audiovisual do filme vem da tentativa do realizador de retratar os sentimentos reais de maneira mais próxima e sentimental das personagens de seu filme. No que tange a sensibilidade do enredo sobre a naturalização da empresa no território mineiro e a consequência disso na vida das pessoas que vivem ali, o documentário cumpre bem seu papel. O filme trata de maneira incisiva e sensível a exploração ambiental e a dependência econômica da cidade explorada pela mineradora. Porém, o filme não se consuma em seu caráter artístico e proposta inovadora de retirar as histórias vividas da perspectiva do real, ele na verdade não cumpre essa promessa de ser tão diferente assim, uma vez que repete padrões hierárquicos entre documentarista e personagens entrevistados.

CCM Recomenda: Matéria sobre filme que retrata contribuição da população negra de origem africana na formação do RJ

Na postagem de hoje recomendamos a leitura desta matéria no site Brasil de Fato sobre o documentário “Rio Negro”. O documentário aborda a contribuição da população negra para a cultura carioca. A matéria conta também com entrevistas do diretor falando sobre o processo de criação da obra. Vale bastante a leitura.

Liberdade que aprisiona

Por Júlio Martinez. Em Estou Me Guardando Para Quando o Carnaval Chegar (2019) Marcelo Gomes (diretor de Era Uma Vez Eu, Verônica e Joaquim)  retorna  a Toritama, cidade em que costumava ir com seu pai quando criança, localizada no agreste de Pernambuco. Atualmente, o município é conhecido por ser a capital do jeans e seus moradores se encarregam de cerca de 20%…

Curso de Cinema e Audiovisual promove palestra sobre “Cinema e Intermidialidade” com Samuel Paiva

No dia 03 de março, terça-feira, Samuel Paiva, professor do Programa de Pós-Graduação em Imagem e Som, da UFSCar, realizará a palestra “Cinema e Intermidialidade”. O evento vai acontecer às 15h20, no Auditório 3, do Prédio 43.O documentário “Passagens”, dirigido por Samuel e pela pesquisadora Lúcia Nagib, será exibido no mesmo dia, às 13h30, na…

Feminino de peitos

“Jessica Rabbit is the perfect woman. So is Betty Boop”[1] Por Juliana Gusman. Lévi-Strauss, citado por Rodrigues (1979), propõe abordar a sociedade a partir da perspectiva de que o comportamento humano e as relações sociais constituem uma linguagem. Para o autor, o espírito humano opera em uma estruturação inconsciente que ordena relações entre sujeitos e…

“Quem matou Eloá?”: feminicídio e violência midiática

Por Juliana Gusman. Referenciado como “crime de amor” pelos principais veículos de comunicação do país, o assassinato de Eloá Cristina Pimentel e a cobertura midiática dele são recuperados, agora, criticamente, no documentário de Lívia Perez. O objetivo do filme “Quem matou Eloá?” é discutir a naturalização social da violência contra a mulher. Eloá foi mantida presa…