O Fim de Succession

Depois de quatro temporadas de sucesso e quase cinco anos no ar, a premiada Succession da HBO Max chegou ao fim no domingo, 28 de maio. A série brilhantemente contava a história do processo de sucessão de um grande conglomerado de mídia, se inspirando na família Murdoch. Sendo aclamada pelos críticos e público, a ganhadora de 13 emmys desempenhava graciosamente a atuação, filmagem e, em especial, a escrita. A influência de Shakespeare e a tragédia grega envolve a audiência e alcança o que não é visto há muito tempo, o sentimento de estar acompanhando a desenvoltura de um acontecimento gigante que fará parte da história da TV. Tim Dowling, do The Guardian , disse: “A escrita é selvagem, o diálogo afiado e desbocado. Embora engraçado em alguns lugares, também é assustador, como qualquer drama povoado por monstros deveria ser.”

Jeremy Strong, ator que traz Kendall Roy a vida, fala para a revista Deadline o motivo pelo qual ele acha que a série ressoou tanto:

 “A  resposta está neste momento e na greve dos roteiristas. A resposta é escritores. É a escrita de Jesse Armstrong. É a visão dele. É sua visão profunda e sua capacidade de incorporar nesta sátira, uma crônica completamente abrangente do tempo em que vivemos de forma dolorosa, trágica e absurda. Eu também acho que tem a ver com a profundidade desses personagens. E, no final das contas, acho que as pessoas reconhecem o trabalho comprometido e honesto dos atores, e é isso que todos tentamos fazer. O show nos deu a chance de incorporar as extremidades mais distantes da vida. Parece operístico, mas Dominic (entrevistador), não sou um bom porta-voz para o show, porque estou muito dentro dele. É quase difícil para mim estar fora disso.”

Ainda sobre a escrita e influência de Shakespeare muitos apontam os paralelos entre a obra de Jesse Armstrong e “King Lear” (Rei Lear), que conta a história de um monarca que pretende se aposentar e dividir seu reino entre suas três crianças desencadeando uma luta pelo poder que termina em destruição pessoal e política. Podemos ver o desenvolver dessa história em Succession, a incansável busca pelo negócio da família e, consequentemente, o amor de seu pai que apenas mostrava carinho pela empresa. Ganhar essa corrida significaria ganhar um pouco da afeição do patriarca. Elementos de Macbeth, Richard 3 e Hamlet também são apontados no grandioso projeto. 

Misturando elementos tão antigos quanto Shakespeare e trazendo a modernidade da realidade em que vivemos no mundo atual, Succession impressionou e continua a impressionar todos os tipos de audiência. Concluída com chave de ouro e com um fim inevitável a obra fará falta nas noites de domingo e enquanto a plateia sente essa ausência, o criador passa pelo mesmo, “Eu sinto que não serei capaz de escrever algo tão bom quanto isso novamente.”

 

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