Noite dos Mortos-Vivos: 40 anos do “O filme de terror mais ferozmente original de 1982”

A trilogia de terror The Evil Dead é uma franquia de filmes independente que teve seu início na década de 1980. Na história, cinco estudantes universitários alugam uma cabana isolada nos bosques de Tennessee para passarem o fim de semana. Após encontrarem um antigo e misterioso livro encadernado com pele humana e escrito com sangue, o “Livro Dos Mortos – Necronomicon”, homenagem ao Mestre Dos Contos de Terror H.P. Lovecraft, eles sem querer libertam os espíritos malignos adormecidos que habitam a floresta ao redor da cabana.

O filme utiliza recursos narrativos do terror trash e violência gráfica para conquistar a audiência e desenvolver a narrativa. A obra foi aclamada pelo público e pela crítica, principalmente pela direção intuitiva e inovadora de Sam Raimi e pela utilização de uma história com mitologia bem desenvolvida. Embalado pelos sucessos do gênero da época, The Evil Dead conta uma história desconhecida pelo público, de forma inédita e utilizando recursos de grande apreço do público. O sucesso foi consequência de diversas decisões acertadas da equipe.

O filme de baixo orçamento atraiu o interesse do produtor Irvin Shapiro. Sharpiro conseguiu que The Evil Dead fosse exibido no Festival de Cannes em 1982. No festival, o grande escritor de romances de terror Stephen King assistiu ao longa e escreveu uma crítica elogiosa sobre a obra. A boa avaliação de King foi o aval para que o público fosse aos cinemas, e o resultado foi o contrato com a distribuidora New Line Cinema, que fez com que a obra tivesse exibição internacional.

Outra estratégia dos produtores foi a aposta na mídia doméstica, que perdurou até os dias atuais pelo seu valor de ícone do gênero. O primeiro lançamento em VHS foi feito em 1983, pela empresa sucessora da HBO, a Thorn EMI. O ressurgimento de The Evil Dead no mercado de vídeos caseiros veio através de duas empresas que restauraram os negativos do filme e emitiram edições especiais em 1998. Em 1999, a Anchor Bay lançou seis versões diferentes de DVD, com valor de colecionador para os fãs. Foi lançada, também em 2007, a ultimate edition, que continha as versões widescreen e originais em tela cheia do filme. A estreia em alta definição foi em Blu-ray de 2010. Por fim, em 2018, a Lionsgate Films lançou uma edição em Blu-ray 4K Ultra HD de The Evil Dead. Toda essa movimentação do mercado reafirma o valor de “clássico” do filme, que vigora até hoje.

O longa teve recepção positiva durante anos após seu lançamento, tendo recebido o status de “clássico cult” e sendo considerado por muitos uma das maiores referências dentro do subgênero trash do terror. No Rotten Tomatoes, o filme possui aprovação de 95% da crítica especializada e 86% do público geral.

O que chamou mais a atenção e agradou, em especial, aos críticos, foi a direção ousada e inventiva de Sam Raimi, que hoje se tornou um diretor consagrado, sendo responsável pela clássica trilogia Homem Aranha, entre outros. Raimi foi elogiado por, apesar de trabalhar com um orçamento muito limitado, ser capaz de, através da criatividade, filmar de maneiras pouco convencionais, com câmeras que se movimentam o tempo todo, seguindo os personagens e servindo até mesmo como o ponto de vista da entidade maligna retratada no filme.

O Los Angeles Times chamou o filme de “clássico instantâneo”, proclamando-o como “provavelmente o filme mais bem feito e mais sombrio de todos os tempos”. Em uma crítica de 1982, a revista Variety afirmou que o filme “surge como o mais positivo efeito de choque e choque econômico de baixo orçamento”, comentando seu trabalho de câmera “poderoso” e inventivo, que foi essencial para criar um sentido de pavor.

Bob Martin, editor da Fangoria, revisou o filme antes de sua estreia formal e declarou que “poderia ser a exceção à execução habitual de filmes de terror de baixo orçamento”. Após sua estreia para o grande público, afirmou: “Desde que comecei a editar esta revista, não vi nenhum novo filme que pudesse recomendar aos nossos leitores com mais confiança de que seria amado, abraçado e saudado como um novo marco no horror gráfico “.

Texto por:

Gustavo Aguiar
João Scarano
Marina Marques
Rafael Tunussi
Sarah Cafiero Braga

 

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *