O Amadurecimento do Amor Moderno

Por Júlia Horta. 

Histórias de amor, relações complicadas, paixões avassaladoras, amores não correspondidos, encontros e desencontros, são características que definem a série Modern Love, disponível na plataforma de streaming Prime Video. A produção, que conta com duas temporadas e 16 episódios no total, busca retratar relações da vida real em episódios unitários, que trazem uma narrativa única, porém com um denominador em comum: o amor. 

Durante a primeira temporada da série, o espectador é convidado a conhecer histórias diversas entre casais, que ocorrem na famosa Nova York. Originários de uma coluna do The New York Times, os contos que dão vida aos episódios de Modern Love são intensos, abordam histórias de amor dignas de serem filmadas, mesmo entre as complicações e os altos e baixos que certas relações podem oferecer. Porém, é importante pontuar que a série não busca trabalhar apenas a intimidade de casais, mas também o afeto que pode nascer de outras dinâmicas de relacionamento. 

O primeiro episódio de Modern Love, aborda a vida de uma jovem que mora sozinha em Nova York e vive saindo com parceiros diferentes em busca de uma relação saudável e estável. Entretanto o foco da narrativa não são os diversos encontros da protagonista e sim o afeto que ela cria com o porteiro do seu prédio, que age como um amigo superprotetor, buscando resguardá-la de frustrações amorosas e lutando para que a moça encontre alguém que faça seus olhos brilharem. 

Foto/Divulgação: Prime Video

A série em sua primeira temporada, conquistou o público e produziu diversos episódios memoráveis, como o protagonizado pela atriz, Anne Hathaway, intitulado Me Aceita como Eu Sou, Quem Quer Que Eu Seja, que conta a história de uma mulher que enfrenta a bipolaridade. Durante o episódio, o espectador conhece um pouco da turbulenta vida amorosa da protagonista. Contudo, o foco da história é mostrar como ela supera as adversidades causadas pela bipolaridade e aprende a se aceitar completamente, mostrando que o amor também pode e deve ser próprio. 

Foto/Divulgação: Prime Video

Sendo assim, é possível dizer que Modern Love fala sobre o amor contemporâneo em suas várias formas, dinâmicas e intensidades. Embora a série retrate relações entre casais, muitas vezes as lições trabalhadas nas histórias são mais profundas do que apenas o sucesso ou o fracasso de um relacionamento amoroso. 

A segunda temporada de Modern Love não se difere muito da primeira em relação ao tema. O espírito geral da série continua focado em relacionamentos, só que dessa vez o espectador tem a oportunidade de conhecer histórias fora das limitações de Nova York, além de acompanhar jornadas mais maduras e incertas. Se na primeira temporada de Modern Love o público tinha a certeza de uma resolução final para cada história, a segunda aborda uma estrutura diferente neste aspecto, na qual a maioria dos episódios não apresenta um final definitivo. 

A falta de resolução é uma estratégia narrativa para reforçar que não são todas as vezes que as relações seguem um desfecho linear, provando que existem diversas formas de encerrar ou de seguir com um relacionamento. As histórias não precisam ser completamente esclarecidas. Flerta-se com a realidade em que não nos deparamos sempre com relações perfeitas. 

Outro fator que diferencia a primeira da segunda temporada da série, que ajuda o espectador a entender a abordagem mais madura nesse novo ano de Modern Love, são os personagens que no geral apresentam uma carga emocional maior e mais aprofundada. Eles lidam não só com a situação que estão vivendo no momento, mas também com questões do passado. Dois episódios que ilustram bem esse aspecto. No primeiro, uma mulher tem que conviver com as lembranças de seu primeiro relacionamento, que sempre a atravessam, mesmo que ela esteja inserida em um novo casamento. Já no último episódio, um casal recém separado acaba tentando retomar a relação e enfrentam questões relativas ao relacionamento no passado. 

    

Foto/Divulgação: Prime Video
Foto/Divulgação: Prime Video

A segunda temporada também constrói uma narrativa mais voltada para a representatividade de diferentes tipos de casais. No primeiro ano de produção de Modern Love, a série contava apenas com um episódio que fugia de relações heteronormativas. Já no segundo ano, as histórias são mais diversas, o que faz com que a série se aproxime ainda mais da realidade. 

No geral, Modern Love é uma série de narrativas únicas, que desempenha muito bem o seu papel e constrói histórias reflexivas, que estimulam a reflexão do público diante dos diversos obstáculos existentes nas relações humanas, sejam elas com os outros ou com o próprio “eu”.

Júlia Horta é graduanda do 4° período do curso de Cinema e Audiovisual da PUC Minas. 

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