Narrativas e construções de Young Royals: uma produção infanto-juvenil como objeto de análise da cultura de massa

POR: Maria Paula

A série sueca Young Royals estreou na plataforma de streaming Netflix no dia 01 de julho de 2021. Dirigida por Rojda Sekersöz e Erika Calmeyer, em março deste ano a série ganha uma nova, e última, temporada.

A primeira temporada possui seis episódios e acompanha a história de Wilhelm, um príncipe enviado para um colégio interno, o Hillerska, que, além de precisar se adequar aos padrões da instituição, percebe que seguir seu coração nem sempre é uma escolha simples e fácil, uma vez que diversas situações desafiadores aparecem durante sua jornada.

Apesar de uma adaptação fictícia, a série de romance e drama exibe problemáticas atuais e relevantes entre jovens e adolescentes. Ao falar de romances homoafetivos, por exemplo, é preciso evidenciar a informação de que, de acordo com o relatório “Homofobia de Estado”, relações consensuais entre pessoas do mesmo gênero são consideradas crime em 70 países, contagem que inclui apenas nações membros da Organização das Nações Unidas (ONU). Quando falamos em âmbito nacional, uma pesquisa do Instituto Pew, divulgada em 25 de junho de 2020, aponta que cerca de 67% dos brasileiros defendem que a homossexualidade seja aceita pela sociedade.

A série Young Royals proporciona uma certa identificação do público com a história, uma vez que a produção possibilita uma aproximação com o mesmo, ao abordar temas que fazem parte da realidade de muitos adolescentes e jovens.

O teórico francês Edgar Morin aponta que, ao unir diversos elementos de variadas sociedades e costumes, a cultura de massa cria uma cultura que busca atingir o grande público por meio da identificação daquilo que é apresentado. O conceito de indústria cultural, formulado por Theodor Adorno e Max Horkheimer, em 1947, descreve como a cultura e a arte transformaram-se em cadeias produtivas, que estão diretamente ligadas a grandes organizações e indústrias.

Atualmente, diante da globalização, é possível observar como a indústria cinematográfica e televisiva dos Estados Unidos são as mais abrangentes – quando falamos de questões que se encontram na relevância da mídia. Em Young Royals, apesar de sua origem sueca, a Netflix é a plataforma responsável por sua produção. Assim, é possível observar que o seriado apresenta a propagação de ideologias relacionadas às ideias, pensamentos e visões de mundo, que atingem cada um de forma única, apesar da obra em grande escala.

Ainda que existam discordâncias entre os pensadores, Morin (1997) está de acordo com Adorno e Horkheimer quando afirma que a indústria cultural possui um polo burocrático que tem como objetivo padronizar e tentar eliminar o que existe na arte. Na série, é possível ver a relação entre os polos comercial e o artístico. Ao retratar problemas como romances escondidos, crises familiares e preconceito, por exemplo, Young Royals tornou-se um produto lucrativo e vantajoso para a indústria cultural.

Ao ser lançado por uma cadeia industrial de streaming, a Netflix, a série conquistou rapidamente o público, entrou na lista de séries mais assistidas na plataforma e alcançou 99% de aprovação do público no Rotten Tomatoes – website que agrega críticas de cinema e televisão, mostrando a força e o potencial do capitalismo do entretenimento.

Por ser um produto, Young Royals tem também uma importância enquanto arte e crítica social. O seriado consegue gerar reflexões no público ao retratar questões sociais de extrema importância, como a homofobia e relacionamentos parentais.

 

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