Com a expansão das mídias sociais, a produção e consumo de vídeos aumentou, auxiliando algumas pessoas, mas trazendo algumas questões que fazem refletir
Por Pedro de Lima
Dificilmente você deslizou a tela por aí nos últimos dias e não se deparou com o seguinte o meme: “Bora, Bill!”, ou com alguma coreografia usando um trecho de uma música do cenário nacional e/ou internacional. Não é nenhum segredo que a forma de consumir conteúdos se modificou com o avanço da tecnologia e das mídias sociais.
Em seus momentos iniciais, víamos um consumo de vídeos de mais de cinco minutos, lá nos primórdios do YouTube. Hoje, com a miniaturização da tecnologia, alguns consideram esses vídeos longos. Com a chegada das mídias sociais, o volume de consumo de informação/conteúdo aumentou e acelerou, os vídeos ficaram mais curtos e observou-se um crescimento na difusão e entrega dos conteúdos. Entretanto, essas mudanças trazem um pequeno problema: a saturação de um conteúdo, música e os famosos memes.
A disponibilidade nas mídias sociais
Existem alguns fatores que aumentam essa disponibilidade de conteúdo. Podemos citar dois acontecimentos que possibilitaram esse aumento: primeiro, os telefones evoluíram e tiveram o acréscimo de câmeras cada vez mais avançadas; segundo, conforme já mencionado, o advento de mídias sociais permitiu a criação de vídeos curtos de maneira mais dinâmica. Uma das redes mais utilizadas é o TikTok, que limitou os vídeos temporalmente, no início, em no máximo um minuto (atualmente permite vídeos longos de 10 minutos).
Essa forma reduzida de disponibilização de conteúdo tem impactado, inclusive, o consumo musical. O uso em excesso de algumas músicas e memes para compor vídeos pode causar um certo desgaste com o público consumidor daquele conteúdo, já que eles podem ser vistos como chatos, tediosos e repetitivos. Precisamos pensar sobre essa saturação.
Consumo musical
Ultimamente, podemos observar músicas antigas voltando à cena por causa de memes ou trends, o que pode ser positivo para certos artistas. Porém, muitos produtores têm investido em novas músicas com o exato propósito de viralizar. Se, num primeiro momento, elas estimulam a criação das famosas “dancinhas”, posteriormente essas composições “chiclete” passam a ser utilizadas para diversos fins: em vídeos de receita, de viagens ou até em vídeos de tutoriais.
O objetivo é criar conteúdos que ajudem os usuários a crescer nas plataformas. Utilizamos o TikTok como exemplo, mas é importante ressaltar que o Instagram, o Facebook (Metaverso) e o Youtube também criaram seus espaços para vídeos curtos que intentam se tornar virais. Em qualquer um desses espaços, porém, a melhor forma de acionar esses recursos seria de forma dosada, para evitar repetições, exageros e esgotamentos.
O meme que viralizou
Quando falamos sobre memes, é necessário apontar contextos. Hoje, o meme do momento é “Bora, Bill!” que vem sendo criativamente replicado. O meme, que se tornou viral após a narração de uma partida de futebol de várzea por um sujeito chamado Bill, já conta com diversas versões, desde a uma animação estilo Simpsons, a traduções para a língua inglesa. Em alguns ambientes já se tornou normal escutar um “Bora, Bill!” ou um “Bora, Fi do Bill!”. A saturação desse tipo de conteúdo pode ser, porém, fatal.
Consequências nas mídias sociais
Alguns sujeitos colhem benefícios de conteúdos que se tornam virais. Bill, por exemplo, conseguiu entradas para o Rock in Rio e para o pré-jogo do Flamengo no Maracanã. Músicos que conseguem emplacar hits nas redes se tornam conhecidos.
Entretanto, há pontos negativos. Um sujeito como Bill pode ser resumido, somente, à experiência que o tornou célebre. Ele também pode ser alvo de insatisfações e até mesmo ódio. Com os músicos não ocorre nada diferente: o público pode resumir o repertório de uma banda ou de grupo musical a um único hit que está em alta no ciberespaço.
É um fato que as críticas irão surgir, seja ao músico, ao cidadão comum ou ao meme. Por isso, é necessário entender os nossos usos de certos conteúdos. Às vezes, no ímpeto de “bombar”, segue-se um fluxo acrítico do que já vem sendo postado. Não pensaremos sobre possíveis esgotamentos. O uso indiscriminado de certos recursos de linguagem deveria ser repensado pelos usuários das plataformas, até para a manutenção da “vida útil” dessas produções.