Crítica filme Stalker: Tarkovsky e sua Linguagem Cinematográfica

Por Alysson Mussolin

Lançado em 1979, Stalker, inspirado no livro Roadside Picnic, apresenta-nos a um futuro “pós-apocalíptico”, ambientado em uma cidade pequena aparentemente paralisada no tempo em termos de economia, natureza, saúde e espiritualidade. Há algumas décadas, um meteorito havia atingido um local próximo à cidade. Tropas militares foram enviadas para investigar, porém ninguém voltou de lá. Então, o governo cercou o local, que ficou conhecido como “A Zona”. A Zona é um local perigoso, onde coisas estranhas acontecem.

Dentro da Zona, existe um local chamado “A Sala”, onde, segundo as lendas, os desejos mais profundos dos seres humanos podem ser realizados. Para chegar até lá, existem os chamados “Stalkers”, mercenários contratados para levarem seus clientes até à Sala em segurança.

O protagonista, que não tem seu nome revelado, é um Stalker. Ele é contratado por dois homens, o “Escritor” e o “Professor”. O escritor tem a intenção de, ao chegar na Sala, pedir para que não sofra mais com bloqueios criativos. Já o professor tem a intenção de, ao chegar na Sala, rogar pelo Prêmio Nobel.

Stalker é um filme que fala sobre a profundidade do ser humano e sobre a crença. Até onde alguém iria para poder realizar seus desejos? Se o desejo realizado é o mais profundo, quem se conhece o suficiente para ter a confiança de entrar na Sala?

O protagonista, por conhecer a força mística ao redor da Zona e da Sala, se sente como um deus, já que é o único que possui algum tipo de “poder” por lá. Esse poder faz com que ele dedique sua vida a esse misticismo. Ao entrar em conflito com os outros dois personagens, o Stalker fica perdido e frustrado, desacreditado da humanidade, sem entender o motivo de não existir mais fé e espiritualidade nas pessoas. Essa complexidade ao redor dos personagens é o ponto principal do filme. Vale a pena deixar sua vida para trás para deixar sua vida nas mãos de algo maior?

A linguagem cinematográfica em Stalker

Assim como em toda a filmografia de Tarkovsky, sua linguagem é extremamente presente ao se tratar do tempo. Com poucos cortes e longos planos, Tarkovsky cria uma atmosfera densa que prende a atenção do telespectador.

A fotografia cria a ilusão de estarmos próximos dos personagens ao mesmo tempo em que nos sentimos distantes dos mesmos. Fora da Zona, o mundo é sem cor, sem vida, sépia. Dentro, enxergamos cores: há uma atmosfera lúdica que a Zona nos traz.

Quando os personagens não têm seus nomes revelados, são distanciados dos espectadores, estimulando uma desconfiança perfeita para a trama.

Com tudo isso, Tarkovsky cria uma obra cinematográfica extremamente importante para o cinema. Sua ideia de montagem e manipulação do tempo era extremamente revolucionária.

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