A nova pequena sereia

POR: Sara Muniz

A Pequena Sereia entra para o time de animações da Disney que possuem uma versão live action e retorna às telas do cinema quinta-feira, 25 de maio. Estrelando a talentosa Halle Bailey, o novo olhar sob o clássico traz uma história ainda mais completa de uma das treze princesas originais.

O filme nos mostra uma sereia de dezesseis anos que sempre foi maravilhada pela vida na superfície. Ao se apaixonar por um príncipe humano, Ariel decide fazer um acordo com a bruxa do mar, Úrsula, e troca sua voz por pernas, para poder viver no mundo além do mar. O atual longa manteve a essência da animação original, mas passou por algumas mudanças que enriqueceram ainda mais o conto, começando com o aspecto musical. O novo projeto apresenta três novas músicas: Wild Uncharted Waters (No Fundo Dessas Águas), do Príncipe Eric (Jonah Hauer-King); For The First Time (Tudo Tão Novo), da Ariel (Halle Bailey) e The Scuttlebut (Zum Zum Zum), dueto de Sabidão (Awkwafina) e Sebastião (Daveed Diggs). A partir dessas novas adições, o filme se compromete a contar mais da história dos personagens principais, induzindo a maior participação de todos no filme. O público passa a entender mais da individualidade de cada um e o que os motiva, criando uma maior conexão com a obra, o que é crucial para o desenvolvimento do casal principal. Graças a esse crescimento, a dupla passa a mostrar muito mais química do que previamente exposto em 1989.

Todas as novas músicas tiveram a benção de Alan Menken, um dos co-compositores da versão original, que participou da composição do live action juntamente com Lin Manuel Miranda, conhecido por seus trabalhos Hamilton, Encanto e In The Heights. A trilha musical conta com outras alterações; a letra de Poor Unfortunate Souls (Corações Infelizes), cantada por Ursula (Melissa McCarthy) continha um trecho de cunho misógino, a nova versão substitui “É ela quem segura a língua que consegue um homem” , e toda a estrofe que carrega a mesma ideia, por “Tudo bem então, esqueça o mundo acima. Volte para casa, para o papai e nunca mais saia”, se referindo aos constantes embates entre a sereia e seu pai, Rei Tritão (Javier Bardem), ponto bem explorado e essencial para a trama. O clássico Kiss the Girl (Beije a Moça) sofreu, igualmente, algumas mudanças, “É verdade, gosta dela como vê/ Talvez ela de você/ Nem pergunte a ela” agora dá lugar a “Se dúvida, pergunte”. E “Pois não vai falar, só vai demonstrar/ Se você a beijar” vira “Este é o sinal, é a noite ideal/Agora é só beijar”. Trazendo um toque de sensibilidade ao falar sobre consentimento. O live action também exclui uma das músicas, “Les Poissons”. Alguns especulam que talvez seja por alimentar estereótipos franceses.

‘Kiss the Girl’ (Beije a Moça)

‘Poor Unfortunate Souls’ (Corações Infelizes)

Uma das mudanças que acrescenta mais sentido ao live action é que a produção de 2023 se passa no Caribe dessa vez, ao invés de na Dinamarca, e possui muitos elementos da cultura na ilha, como a dança e o calypso, estilo musical afro-caribenho, cocos, árvores de banana e o sotaque jamaicano de Sebastião.

Ao contrário do que a massa aparenta acreditar, a companhia multi bilionária que possui apenas uma princesa original negra, que passa metade do filme no formato de um sapo, não tinha em mente fazer da Ariel uma sereia negra. As audições foram abertas para todo mundo, sem restrição, “Vimos centenas de outras atrizes depois disso. Vimos todas as
etnias. Nós vimos todos. Mas Halle continuou voltando e reivindicou o papel dela. Foi o que aconteceu.” adverte o diretor do filme. Halle conquistou a equipe com seu carisma, habilidades como atriz e majestoso canto, assim merecendo o papel com seu trabalho duro. “A coisa que é tão complicada sobre Ariel é que você está pedindo por tantas coisas. Você
está pedindo inocência, vulnerabilidade, mas força ao mesmo tempo. Uma personagem obstinada, que vê o que quer e vai atrás daquilo. Mas tinha que ter alegria vindo dela, e Halle tinha tudo isso. Ela foi a primeira atriz que vimos para o filme, a primeira. E aí vimos todo mundo. Ela criou padrões tão elevados, e ninguém conseguiu superá-la. Fizemos um
teste de tela com ela, e foi apenas, bem, é isso. Eu fui imediatamente para Bob Iger, diretor executivo da Disney, com o teste, e dentro de minutos ele disse, sim, com certeza. Ela é Ariel.” disse Rob Marshall, diretor do filme.

O filme tem feito crianças negras, em especial meninas, se sentirem amadas e representadas. Halle é a pessoa perfeita para exercer um papel tão importante com tanta compreensão e delicadeza. Ao ver crianças emocionadas com a revelação de que a querida protagonista seria uma menina negra com locs no cabelo, a atriz diz: “Honestamente, ver vídeos lindos como este todos os dias me faz chorar. Eu literalmente choro todos os dias vendo a reação dessas lindas meninas e meninos. Estou em constante estado de admiração e muito grata por eles serem capazes de se ver em um personagem como Ariel. Quero dizer, merecemos ter representação onde podemos olhar e dizer: Uau, eu também sou digno. Ela parece comigo. Eu tenho uma boneca que se parece comigo; É tão especial e, você sabe, estou muito grata por fazer parte disso”. Sobre o cabelo da personagem, “Foi super importante para mim ter meu cabelo natural nesse filme. Fiquei muito grata a Rob Marshall porque ele queria manter meus locs.” disse Bailey anteriormente à Ebony. “Eu
tenho meus locs desde os 5 anos, então eles são uma grande parte de quem eu sou. Precisamos ser capazes de nos ver, precisamos ser capazes de ver nosso cabelo em telas grandes como esta, para que saibamos que é bonito e mais do que aceitável. São nossas coroas”.

Hailey Bailey via Twitter: “para quem eu faço isso”

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