Às vésperas das eleições municipais, o Colab se debruçou sobre os planos de governo dos candidatos à Prefeitura de Belo Horizonte para entender quais são as principais propostas para a capital mineira. A pesquisa destacou o que os concorrentes pretendem desenvolver se forem eleitos em seis eixos principais, que são: Direitos humanos e desenvolvimento social; economia; educação; meio ambiente; saúde; mobilidade urbana.
Chama a atenção que Fuad Noman (PSD) usou o plano mais como prestação de contas do atual mandato do que para propor o que fará se for mantido à frente do Executivo municipal. Já Wanderson Rocha (PSTU) apresenta um plano de governo que, apesar de ser o mais extenso, é desordenado. A candidata que detalhou mais as propostas foi Duda Salabert (PDT). Já o mais sucinto é o da candidata Lourdes Francisco (PCO).
Dentre os dez concorrentes, o que apresentou mais propostas para a saúde foi Rogério Correia (PT), com 27 proposições. A principal diferença de abordagem nos planos de governo é entre os que defendem o maior papel do Estado na oferta de serviços de saúde, como é o caso dos candidatos Indira Xavier (UP), Lourdes Francisco (PCO) e Wanderson Rocha (PSTU), os demais, ou são a favor de atuar com a iniciativa privada ou não colocaram sua posição no plano de governo.
Já para a educação, destaca-se a abordagem abrangente de Duda Salabert, que inclui a valorização dos profissionais de educação, aumento de salários e implementação de políticas públicas voltadas para a Educação Ambiental e Climática. A candidata também propõe a erradicação do analfabetismo na capital mineira, ampliação de vagas para alunos e criação de programas de saúde mental e rede de apoio para profissionais da rede municipal. Bruno Engler (PL) focou na ampliação de vagas e em melhorias na infraestrutura das escolas. Ele também defende a modernização do ensino através de novas tecnologias e a criação de parcerias com a gestão cívico-militar. Dentre as propostas de Engler, as que mais se divergem dos demais candidatos são a ampliação de parceria público-privada e o desejo de colocar guardas municipais para garantir a segurança no ambiente escolar.
Carlos Viana (Podemos) quer reduzir a evasão escolar e desenvolver programas de formação técnica e profissional. Rogério Correia (PT) se destaca na defesa de estratégias intersetoriais para articular diversos serviços municipais à educação. Gabriel Azevedo (MDB) e Mauro Tramonte (Republicanos) focam suas propostas, principalmente, na ampliação da rede de educação, como a entrega de novas escolas e aumento da oferta de vagas em tempo integral. Por outro lado, Lourdes Francisco (PCO) e Indira Xavier (UP) concentram suas propostas em ações para aumentar salários e implementar programas de alfabetização, destacando a importância de uma educação crítica e voltada para a consciência racial.
Wanderson Rocha (PSTU), propõe a descentralização da gestão educacional, com o intuito de fortalecer os conselhos escolares. Fuad Noman (PSD) reafirma o que foi feito pela educação durante seu governo, deixando de inserir propostas inovadoras. Ainda assim, o candidato garante a reinauguração e ampliação de redes educacionais.
Com o que mais os candidatos se preocupam?
Em período eleitoral marcado pela seca, pelo aumento da incidência de queimadas e pela questão ambiental, é preocupante observar que há candidatos que sequer mencionam a temática. No eixo de meio ambiente, Duda Salabert (PDT) lidera o ranking com 68 propostas que focam em mudanças climáticas e qualidade do ar, política urbana e os espaços públicos em contexto de crise climática. Ela quer transformar Belo Horizonte em cidade jardim e realizar conferências, mas também traz propostas para resíduos sólidos e transição ecológica.
Gabriel Azevedo (MDB) apresenta um subtópico de prevenção de enchentes e desmoronamentos com quatro propostas para recuperação de leitos. Ações como criação de cidade-esponja, com o objetivo de contenção e redistribuição de água da chuva, ampliação da permeabilidade e transferência de pessoas que estejam em áreas de risco também estão presentes no plano de governo. O candidato Mauro Tramonte (Republicanos) pretende preparar a cidade para eventos relacionados às mudanças climáticas com especial atenção para deslizamentos, inundações e alagamentos, mas não especifica como será realizada a preparação. Rogério Correia (PT) planeja instituir um plano municipal de enfrentamento e adaptação às mudanças climáticas.
Nas propostas de Engler, destaca-se a implantação de um sistema de monitoramento de encostas para prevenir e evitar tragédias. Além de asfalto e cimento permeável para diminuir a ocorrência das enchentes. Para Carlos Viana, a revitalização da Lagoa da Pampulha é prioridade. O candidato, que apresenta poucas propostas nesse sentido, também planeja otimizar o uso de aterros sanitários e melhorar o abastecimento de água nos bairros. Indira Xavier centraliza suas propostas na política de tratamento de resíduos, o qual pretende desmonopolizar, e no incentivo às associações de catadores de lixo.
Já Fuad planeja implantar parques pela cidade. Se for reeleito, tem metas para arborizar Belo Horizonte. Wanderson Rocha quer, a partir de iniciativas populares, preservar e conservar as nascentes urbanas. O professor também quer incentivar a captação da água das chuvas. A candidata Lourdes Francisco não apresentou proposta para o meio ambiente.
No tópico da economia, Carlos Viana propõe melhorar o setor do comércio e também o ambiente local de negócios. Uma das propostas do candidato Bruno Engler é potencializar a economia criativa da cidade. Duda Salabert propõe um programa de compras públicas, que privilegie negócios em Belo Horizonte e Região Metropolitana. Desenvolvimento socioeconômico a longo prazo é uma das principais propostas do candidato Gabriel Azevedo. Mauro Tramonte propõe apoio da iniciativa privada para criação de parques tecnológicos e espaços de inovação, além de novos mercados e feiras em diferentes bairros da cidade. Rogério Correia, Indira Xavier e Lourdes Francisco defendem em suas propostas, principalmente, os direitos dos trabalhadores.
Dentre as ausências nos planos de governo, destacam-se a falta de propostas de Fuad Noman (PSD) e Wanderson Rocha (PSTU) para a economia.
Os planos para mobilidade urbana se dividem em fiscalização das empresas responsáveis e reestatização delas. Bruno Engler, Gabriel Azevedo e Mauro Tramonte baseiam suas propostas na alta tecnologia, como inteligência artificial e monitoramento em tempo real. Indira Xavier e Wanderson Rocha pretendem atuar nas bases da mobilidade e trazer mais responsabilidade à prefeitura, como a reestatização das empresas de transporte coletivo e a interrupção de contratos com empresas privadas. Fuad usou seu plano de governo para reiterar o que já fez em seu mandato passado. Lourdes foi bem sucinta em seu plano de governo, mesclando tudo em apenas um parágrafo. Rogério Correia fala sobre a participação popular nas decisões e monitoramento do trânsito. Duda Salabert, assim como Carlos Viana, apostam na fiscalização das empresas de transporte.
Acompanhe, clicando nos links a seguir, o resumo das principais propostas dos dez candidatos para cada uma das áreas destacadas pelo Colab.