Stand by me: uma atemporal obra sobre amizade e amadurecimento.

POR: Ana Clara Torres Ribeiro

“When the night has come

And the land is dark

And the moon is the only light we’ll see

No I won’t be afraid, Oh, I won’t be afraid

Just as long as you stand, stand by me”

Stand by me – Ben E. King

O longa-metragem, dirigido por Rob Reiner, cineasta e ator norte-americano, “Stand by me”, é um clássico de 1986. Baseado no conto “O corpo”, do escritor Stephen King, possui duração de 1 hora e 25 minutos e foi distribuído, em primeira mão, nos cinemas e, atualmente, pode ser encontrado em serviços de streaming, como a Netflix. A história possui narração do personagem Gordie que, já em sua vida adulta, reflete sobre acontecimentos de sua infância, precisamente um episódio ocorrido no verão de 1959, após uma notícia impactante que o leva de volta a essa realidade nostálgica.

O título do filme ganhou a tradução de “Conta Comigo”, expressão que transmite claramente a essência do longa, no qual se assiste uma celebração à amizade e um enfoque ao sentimento de crescimento, além das dificuldades e inseguranças do fim da infância. A trama se caracteriza por uma aventura vivida por quatro amigos adolescentes, sendo eles Gordie Lachance (Will Wheaton), Chris Chambers (River Phoenix), Teddy Duchamp (Corey Feldman) e Vern Tessio (Jerry O’Connell). Os jovens decidem ir em busca do corpo de um garoto desaparecido e vão em direção a floresta da pequena cidade onde vivem, chamada Castle Rock, seguindo o caminho formado pelos trilhos do trem.

Os amigos lidam com seus próprios problemas e possuem personalidades que são, de certa forma, divergentes. Gordie é um garoto introspectivo, que convive com o luto causado pela morte do irmão, além de ter problemas de convivência familiar que refletem em sua autoconfiança, apesar de ser muito inteligente e possuir um dom para a escrita e criação de histórias. Diferente de Gordie, Chris é considerado um garoto pertencente a uma família ruim, inserido em uma realidade na qual não possui expectativas para o futuro, além de ser julgado como um ladrão e um delinquente, assim como Teddy, que é visto como um garoto problemático e sem perspectivas, principalmente por influência de seu pai, cujo comportamento é visto como desequilibrado, pelo fato de ser um veterano de guerra e lidar com problemas psicológicos. Já Vern, possui uma personalidade mais ingênua e positiva em comparação ao grupo de amigos e aparenta ter um bom relacionamento com os pais, apesar de difícil convivência com o irmão mais velho.

O longa, apesar de ser protagonizado por personalidades próximas dos 12 anos de idade, não possui teor infantilizado. Ainda assim, o filme retrata brincadeiras clássicas entre amigos, como piadas com a mãe, implicâncias e discussões sem importância, comportamentos que são típicos e condizentes com a idade dos garotos. Gordie, o protagonista do longa, lida internamente com a dor da recente perda do irmão mais velho, sua mágoa é refletida em suas conversas com Chris, que também convive com suas próprias dores. Os diálogos entre os dois amigos são profundos e sensíveis, o que evidencia a relação de lealdade e confiança dos jovens, tornando-se um ponto alto do filme.

A trilha sonora da obra é marcada por sucessos dos anos 50, como “Everyday” de Buddy Holly, “Come Go With Me” de The Del-Vikings , “Lollipop” de The Chordettes e “Rockin’ Robin” de Bobby Day. As músicas enfatizam a caracterização do longa em relação à década em que a história se passa e são ouvidas e cantadas em momentos de descontração dos amigos. A adaptação do conto de Stephen King recebeu o título de “Stand by me” pela clássica música do cantor Ben E. King. A canção é entoada nas sequências finais do filme, além de trechos instrumentais que surgem em algumas cenas durante o longa.

A história de Stephen King é marcante e possui camadas que podem ser contempladas de muitas maneiras. Sua adaptação, feita por Rob Reiner, foi realizada de maneira notável, com destaque nas atuações, em evidência os atores River Phoenix, Kiefer Sutherland e Will Wheaton.

Com um teor sensível, a trama se encerra com a despedida dos amigos após a aventura vivida e, novamente com a presença da narração de Gordie, a realidade do futuro dos personagens é descrita e o afastamento dos jovens é evidenciado. A intimidade dos amigos e os segredos e dores compartilhados entre eles são capazes de gerar um sentimento de identificação ao espectador. “Stand by me” representa a insegurança do crescimento, a amizade e os desdobramentos da vida de maneira atemporal.

“Eu nunca mais tive amigos como eu tive quando tinha 12 anos. Meu Deus, e alguém tem?”

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