“Falando a Real”: a nova série feel-good da Apple

Por: Camila Freesz

“Falando a Real”, 2023, é um lançamento de comédia da AppleTv produzido por Brett Goldstein, mais conhecido pela sua atuação como Roy Kent na outra série do streaming, Ted Lasso. A série acompanha a trajetória de Jimmy (Jason Segel), um terapeuta, em lidar com sua profissão e vida social enquanto enfrenta uma fase de luto pela morte de sua esposa. Além disso, a obra aborda outros temas cotidianos e familiares a qualquer espectador e essa pluralidade beneficia a reflexão e o intuito da trama.

Nesse sentido, vê-se a evolução dos personagens diante de problemas na família, divórcio, adolescência, questões de saúde e mais. Entretanto, uma das melhores qualidades da série é saber retratar tantos assuntos sérios de forma orgânica e bem-humorada, o que a torna impossível de parar de assistir de tão envolvente. Além disso, um de seus triunfos está na dualidade entre a temática e a intenção do roteiro: em sua escolha de conteúdo, a trama induz o espectador a avaliar as atitudes das personagens e, consequentemente, as de si próprio diante de dilemas similares na vida real. Logo, trazer os diálogos de análises terapêuticas criadas dentro da história também é um ato que serve o roteiro na função citada.

Ainda nessa lógica, a série consegue desenvolver satisfatoriamente, cada um dos personagens secundários. Porém, expandi-los na segunda temporada se apresenta como um artifício interessante, pois, apesar da narrativa ser coerente e consistente em geral, poderia ter tido mais tempo na resolução de algumas dificuldades, levantadas em cada episódio, de alguns desses personagens.

Outro ponto forte são as atuações. Além de Jason Segel, temos Jessica Williams como Gaby, que tem um desempenho destacado na tela − sua personagem tem dinamicidade e entrosamento com, praticamente, todo o elenco, e suas cenas com Liz (Christa Miller) são sempre divertidas. Harrison Ford também traz seu carisma para o introspectivo Paul, que apresenta uma característica dualista. O personagem é visto como um ótimo mentor e profissional pelos seus colegas psicólogos, entretanto, lida, simultaneamente, com o fato de ser um pai ausente.

Em relação aos aspectos técnicos, a série apresenta uma produção de muita qualidade com apurado senso estético, mas este não é o ponto central. Por ter a comédia e a reflexão no diálogo como foco, a cenografia e fotografia cumprem seu papel sem chamar a atenção para si.

Em suma, assistir “Falando a Real” é um momento de descanso e relaxamento, de escape do mundo caótico e que volta a atenção do espectador às relações humanas próximas.

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