A hibridação de gêneros em The Office

Por João Guilherme, João Pedro Drumond, Marcos Aurélio e Vinícius Mattar.

A série The Office, lançada em 2005, com 9 temporadas até a atualidade, aborda uma empresa de vendas de papel em pleno século 21, em que o uso do material cai consideravelmente. Exibe-se a vida no escritório, seus funcionários, suas relações e situações do dia a dia, mas sem que a narrativa caia em rotina. A série apresenta uma fusão de gêneros, entre o sitcom, o pseudodocumentário e o drama. Essa relação ou variação entre os gêneros pode se dar em um único episódio. Há, por exemplo, a simulação de documentário com o uso de apenas uma câmera e sem uso de plateia e trilha de risadas comuns ao sitcom, porém é perceptível se tratar de um pseudodocumentário pelos acontecimentos e reações extraordinariamente cômicos. As situações cômicas são comumente geradas pelo chefe da empresa, Michael Scott (Steve Carell) que tenta inovar e elevar sua imagem como o melhor chefe de todos, mas acaba provocando situações constrangedoras e engraçadas.

As histórias de cada funcionário vão sendo contadas juntas, simultaneamente, nem sempre com aprofundamento em questões importantes das existências das personagens, mas mostrando suas vidas no trabalho e uma parte delas fora daquele ambiente. Dessa forma, há episódios autônomos em que não existe uma evolução de arco, porém a série apresenta também histórias mais complexas, contadas de forma seriada e que ultrapassam até mesmo temporadas.

O piloto da versão americana de The Office, ou até mesmo a primeira temporada inteira, se diferencia do restante da série, se inspirando mais na homônima britânica, exibida em 2001, pela BBC Two, com um humor mais ácido e sarcástico e piadas que buscam gerar incômodo. A ideia do mockumentary (um filme ou programa de televisão que toma a forma de um documentário sério para satirizar seu assunto) é muito bem utilizada, com a câmera sendo parte fundamental da obra e dando ao espectador uma visão diferente dos fatos, o que gera humor. Um exemplo disso é a maneira como os personagens agem quando sabem que estão sendo filmados e como isso muda quando suas ações são documentadas sem eles saberem. Jim e Pam, por exemplo, agem de maneira totalmente contraditória em seus depoimentos e ações.

O piloto funciona bem para mostrar como será o tom no decorrer dos episódios. O tom vai sendo suavizado no decorrer da série. Vários aspectos que funcionaram com o público continuam, como a câmera participativa, a dinâmica do escritório e seus personagens e o uso de poucos ambientes. Mas mudanças são feitas para amenizar parte das piadas; cenas que geram incômodo continuam, porém realizadas de outra maneira. Uma boa ideia é comparar os episódios “Diversity Day”, da primeira temporada, com “Scott’s Tots”, da sexta. O desconforto de vergonha alheia gerada pelas piadas da série ainda está presente, mas de maneira diferente. Michael Scott também se torna mais humanizado no decorrer da série, e o mesmo acontece com vários personagens que aprendemos a gostar e a nos importar com eles.

Michael Scott é claramente a estrela do programa. Michael é um personagem extraordinariamente carismático, com uma personalidade incrível. Como não tem noção de praticamente nenhuma norma social, faz piadas ofensivas e tem uma enorme necessidade de ser adorado por tudo e todos. No decorrer da série, entretanto, vemos que, apesar deste lado infantil, que o torna hilário, Michael é sem dúvida o personagem com maior coração do escritório, que vê os membros da empresa como sua família e coloca laços sentimentais acima de qualquer coisa.

Dwight Schrute ( Rainn Wilson) é um dos vendedores da empresa e também o membro da equipe mais fiel a Michael Scott. Dwight idolatra Michael em níveis surreais, e praticamente o trata como uma divindade a ser seguida. Além disso, possui uma personalidade muito peculiar, pois, ainda que extremamente nerd, Dwight é extremamente seguro e autoconfiante, e se vê como o “Macho Alfa” do escritório.

Pam (Jenna Fischer), a recepcionista do escritório, é uma das poucas personagens “normais” da série. Ela é meiga, tem bom senso e noção das coisas, o que a faz ficar espantada com o comportamento dos outros membros do escritório. Jim (John Krasinski), que desde o primeiro episódio começa uma história romântica com Pam, cheia de altos e baixos até se estabilizarem e se casarem, é outro personagem que possui “bom senso”. Jim tem um ótimo humor, adora fazer pegadinhas com Dwight e zombar de suas “esquisitices”.

Outros demais personagens da série, apesar de não possuírem tamanho destaque, ainda dispõem de momentos de brilho, tendo participações interessantes e engraçadas em vários momentos da obra ao longo de sua longa duração. The Office, no fim das contas, é uma série genial e revolucionária, merecendo todo o destaque e aclamação que possui.

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Imagem publicitária do escritório.

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Imagem representativa de The office US.

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Imagem representativa de The Office UK.

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Diversity Day, temporada 1, episódio 2.

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Scott’s Tots, temporada 6, episódio 12.

The Office (2005 – 2013)

Trabalho produzido para Narrativas seriadas, do curso Cinema e Audiovisual. 

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