The Handmaid’s Tale: debate sobre representatividade

Nos dias 23 e 28 de fevereiro, o grupo de pesquisa Mídia e Narrativa, da PUC Minas, realizou debates sobre a série The Handmaid’s Tale, que foi comentada por Gabriela Barbosa e Juliana Gusman, mestrandas do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social. A atividade teve como tema principal a discussão sobre representatividade de gênero, com base no que é apresentado na série e, também, no livro em que a inspira, escrito pela canadense Margaret Atwood, lançado em 1985 e publicado no Brasil, em 2017, pela editora Rocco.

Durante o debate, pontuou-se a importância do realismo na narrativa que, apesar de se passar em um futuro distópico – no qual os Estados Unidos se transforma em uma teocracia totalitária após um golpe de Estado – mais se assemelha ao passado. Com referências ao nazismo, à Inquisição Espanhola e à ditadura argentina, podemos reconhecer o nosso mundo naquela sociedade no que diz respeito à perseguição aos resistentes às regras impostas, a um discurso religioso fundamentalista, ao patriarcado e a estereótipos de gênero.

A história é narrada pelo ponto de vista da protagonista Offred que, assim como outras mulheres, é colocada na posição de Aia, cujo único dever é a procriação. O potencial da série não é falar somente de mulheres, mas como é contada por um olhar feminino, essa acaba por ser sua temática principal. A série apresenta a questão do confinamento feminino, onde as mulheres não parecem ter lugar em posições que não sejam domésticas; mesmo as Esposas, que são aquelas com maiores privilégios, não são sequer permitidas a ler. Mas esse ponto sobre o confinamento foi sempre uma questão do feminismo branco, como comenta Juliana Gusman: “as mulheres negras sempre tiveram que trabalhar fora”. A série apresenta diversidade em seu elenco com pessoas brancas e negras, ao contrário do livro (onde não há menções de negros) e da adaptação para filme de 1990. “Apesar de buscar seu conteúdo em questões reais, parece que a questão racial foi deixada de lado. Não se fala das opressões sofridas pelas mulheres negras. Mas a série não perde seu potencial crítico, luta pela representação e contra fascismos e conservadorismo”, completa a mestranda.

 

Ana Luísa Morais é graduanda do curso de Publicidade e Propaganda da PUC Minas. É monitora do Centro de Crítica da Mídia.

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