Programação completa (com resumos)

O PPGCom da PUC Minas sediará, nos dias 16 e 17 de maio, o 3º Simpósio de Crítica de Mídia, promovido pela rede Metacrítica – Rede de Pesquisa em Cultura Midiática. A rede é constituída pelos grupos de pesquisa Mídia e Narrativa (PUC Minas), MidiAto (USP) e Crítica de Mídia e Práticas Culturais (UFSC). O tema deste ano, como nas edições passadas, é expresso por uma pergunta, desta vez: “Crítica e reconhecimento: como articular?”. Entre outras questões, debateremos o modo como a crítica midiática aborda, na análise de produtos culturais, questões de identidade, representação e representatividade. De que modo a crítica articula preceitos éticos a elementos estéticos? Como realizar, hoje, a passagem dos textos aos contextos tendo em perspectiva a luta por reconhecimento? O Simpósio apresentará mesas com pesquisadores e críticos culturais e terá uma sessão de trabalho para o desenvolvimento de aspectos atinentes à rede “Metacrítica”. Confira a programação completa abaixo, conheça os participantes e resumos do Simpósio e se inscreva para participar.

PARTICIPANTES

INSCRIÇÃO

Dia 16 de maio (quinta-feira)

Tarde (Sala Multimeios do Prédio 13)

14h – 16h: Palestra de abertura

Rodrigo Duarte (UFMG) – Da crítica à indústria cultural a um conceito crítico de pós-história. A teoria dos media em Theodor Adorno e Vilém Flusser.

16h30 – 18h30: Mesa de professores pesquisadores

Vera França (UFMG) – Contraponto: o que critica a crítica de mídia numa época de múltiplas mídias?

Na era da mídia de massa, podíamos identificar (grosso modo), duas tendências ou caminhos perfilando uma “crítica de mídia”. Por um lado, encontramos uma crítica orientada pelos parâmetros de qualidade de uma prática comunicativa específica, bem como por sua ética profissional. Ao mesmo tempo, identificamos uma outra perspectiva, fundada na tradição da Teoria Crítica, e tendo como vetor o conceito de ideologia, investigando – e por vezes denunciando –a relação entre mídia e classes dominantes.

O cenário comunicativo mudou substancialmente nos últimos vinte anos. E se as mídias massivas (e sobretudo televisiva) continuam tendo uma grande importância nos processos de formação de opinião, múltiplas plataformas alimentam hoje a troca e circulação de informações na sociedade. Para onde se dirige a crítica de mídia quando nos referimos às redes digitais? Questões éticas e até criminosas (informações falsas, criação de falsos perfis e uso de robôs) suscitam uma atenção permanente. Mas existiria ainda lugar para as perspectivas críticas oriundas do quadro teórico da dominação? Como e onde tratar a questão ideológica? Estaria ela, hoje, situada no terreno das lutas identitárias e buscas de reconhecimento?

Aqui temos mais indagações que respostas, e nos situamos em terrenos movediços. O tema da identidade não se encontra, por vezes, assombrado pelo fantasma fundamentalista? E a busca pelo reconhecimento não corre o risco de ser atravessada por tendências personalistas e valores individualistas?

Rosana de Lima Soares (ECA-USP) e Gislene Silva (UFSC) – Possibilidades políticas da crítica em perspectiva teórica.

Para discutir possibilidades políticas da crítica em face a diferentes perspectivas teóricas, este estudo apresenta o trabalho de Leah R. Vande Berg e Lawrence A. Wenner em seu livro Television criticism: approaches and applications, de 1991. Mais do que destacar estudos de caso sobre programas televisivos, os autores demonstram a variedade de gêneros televisivos passíveis de crítica e a diversidade de olhares teórico-metodológicos para os estudos de televisão. Extrai-se daí a necessidade de se privilegiar objetos concretos em circulação no ambiente midiático e, pela diversidade destes objetos, levar em conta modos variados de se fazer a crítica de mídia, considerando também os sistemas de produção e recepção em que as obras se colocam. Neste quadro abrangente, interessa-nos, neste momento, debater a conexão entre as perspectivas dos estudos culturais e da teoria crítica para ser fazer a crítica de mídia, orientando-nos por três questões: como politizar a crítica de mídia em sua relação com os conflitos e as desigualdades sociais, percebendo-a, também, como crítica das hegemonias? Como estudar as lutas identitárias e as disputas por reconhecimento pela via da crítica das representações midiáticas? Como abordar criticamente os discursos em circulação nas mídias e as diversas vozes neles presentes tomando-os como espaços de construção de visibilidades e invisibilidades sociais? Indagar sobre o papel político da crítica de mídia com base nas contribuições dos estudos culturais, especialmente em cenários fortemente marcados por embates políticos e ideológicos, é uma das tarefas a que nos propomos no artigo.

Cláudio Coração (UFOP) – A estética miúda do horror: entre a convocação midiática e a crítica cultural.

O regime visual midiático em torno de Jair Bolsonaro e seu imaginário político parece instituir uma espécie de ruído anacrônico sobre significados e discursos, atravessados por necessidades de partilha e reconhecimento, cujo tensionamento em relação às imagens se firma como convocação de uma estética miúda do horror. Pretendemos identificar tais características em embate com performances recentes de artistas como Caetano Veloso, Gilberto Gil e Chico Buarque. A percepção dos gestos contrastantes norteará uma análise descritiva sobre a crítica cultural em tempos de crise da democracia.  

Lígia Lana (PUC-Rio) – “Revolução” comunicacional, crítica de mídia e bolsonarismo.

O objetivo deste trabalho é examinar como articulistas, críticos de televisão e colunistas políticos analisam as práticas comunicacionais de integrantes do governo federal atualmente. Apresentando-se como “revolucionários”, os homens públicos do bolsonarismo, desde as eleições de 2018, estabeleceram relações singulares com as redes sociais, com a televisão e com o jornalismo. A obsessão pelo sucesso de escândalo na internet e a demonização da mídia tradicional constituem as principais orientações do novo governo, que demonstra buscar, constantemente, a manipulação do valioso capital de visibilidade que conquistou. Apresentaremos uma análise de críticas escritas por Maurício Stycer, Eliane Brum, Demétrio Magnoli, Chico Barney, Nilson Xavier e Fernando Gabeira, identificando argumentos que possam elucidar as práticas midiáticas do bolsonarismo.

Mediadora: Profa. Julia Lery

Dia 17 de maio (sexta-feira)

Manhã (Sala Multimeios do Prédio 13)

9h – 10h30: Mesa de profissionais da crítica cultural

Silvana Arantes (Estado de Minas)

Paulo Proença (Rádio Inconfidência)

Soraya Belusi (O Tempo)

Mediadora: Gislene Silva

10h40 – 12h10: Mesa de professores pesquisadores

Paula Simões (UFMG) – Celebridade: dispositivo interacional crítico?

O objetivo deste texto é discutir em que medida a celebridade pode ser pensada como um dispositivo interacional crítico, capaz de fomentar discussões acerca de diferentes temáticas na sociedade, em um movimento que participa do processo de reconhecimento (ou não) de seu status pelo público. Partindo da ideia de dispositivo interacional como um sistema de relações (BRAGA, 2018) e da crítica como um trabalho analítico-interpretativo, que envolve tensionamentos (BRAGA, 2006), a ideia é discutir a potencialidade de uma figura pública constituir-se como um sistema de relações específico, capaz de promover a crítica da própria sociedade em que se inscreve.

Amanda Souza de Miranda (ECA-USP) – Formas narrativas na reality tv: dicotomias e imbricações entre o factual e o ficcional na reportagem e no drama médico.

Este trabalho propõe-se a investigar as dicotomias e imbricações entre as formas narrativas factuais e ficcionais de dois produtos da televisão aberta, entendendo-as como possibilidades de atração das audiências a partir de processos de hibridação que buscam reconstruir, fabular ou simplesmente narrar de um modo original fatos cotidianos ligados à temática da saúde. Parte-se da premissa de que esta é uma característica da reality tv, aqui apresentada como gênero que reúne narrativas do e sobre o real, compartilhando-o de modo a promover tensões e aproximações éticas, estéticas e políticas entre o fático e o fictício. Para investigar esses fenômenos, propõe-se a análise da série de reportagens Tudo pela Vida, conduzida por Drauzio Varella no Fantástico e caracterizada como uma reportagem autorreflexiva, e da série ficcional Sob Pressão, drama médico exibido no mesmo período pela Rede Globo. Ambos apresentam hibridismos que sugerem uma tendência estética do universo popular-massivo, ao mesmo tempo em que convocam uma audiência que valoriza a racionalidade do saber médico em busca de sua referencialidade.

Ercio Sena (PUC Minas) – Limites do reconhecimento nos discursos eleitorais.

O campo progressista tem sido criticado, atualmente, por tomar a questão identitária como principal motor das lutas sociais. A proposta desse trabalho é identificar e analisar o debate sobre as lutas por reconhecimento na campanha eleitoral de 2018.  Serão consideradas polarizações entre os três partidos localizados à esquerda do espectro político – PT, PSOL e PDT – em relação à campanha majoritária do campo localizado à direita, representada pelo PSL. A partir de suas posições em relação ao tema, explicitadas em uma rede social, pretende-se observar e problematizar os limites desses embates discursivos.

Mediador: Marcio Serelle

12h10 – 14h: Almoço

Tarde (Sala Multimeios do Prédio 13)

14h – 16h: Mesa de jovens pesquisadores

Caio Túlio Padula Lamas (ECA-USP) – Fronteiras dos discursos audiovisuais sobre o jovem em conflito com a lei: considerações críticas e metodológicas.

A comunicação tem por finalidade, por meio da análise de trechos do longa-metragem De Menor (2013) e da websérie O Filho dos Outros (2017), problematizar questões metodológicas com o intuito de melhor oferecer subsídios ao estudo de representações de jovens em conflito com a lei na cultura audiovisual. Como incluir, em uma mesma análise, discursos manifestos em narrativas de mídias tão díspares – cinema, televisão, internet? Como articular diferentes aportes teóricos de maneira a não reconstruir uma trajetória homogênea, mas sim buscar a diversidade de discursos audiovisuais que sejam menos estigmatizantes sobre a criminalidade juvenil? São essas algumas das questões que serão apresentadas no trabalho.

Gabriela Cavalcanti Carneiro de Almeida (UFSC) – Ponderações sobre parâmetros na crítica de jornalismo.

No âmbito das discussões teóricas sobre crítica e, mais especificamente, sobre crítica de jornalismo, este estudo se dispõe a pensar alguns modos de se criticar materiais jornalísticos fazendo aproximações com outras instâncias de críticas culturais, como as do campo da literatura e do cinema. De início, toma-se como orientação o método da história dos conceitos do pesquisador alemão Reinhart Koselleck para abordar o significado da palavra e do conceito de crítica. Depois, seguindo o percurso analítico do autor, faz-se uma revisão acerca de modalidades consolidadas de crítica cultural com intento de buscar por familiaridades que possam auxiliar tanto na reflexão como na materialização a respeito de parâmetros para o exercício da crítica de jornalismo.

Juliana Gusman (PUC Minas) – Por um jornalismo transformativo: dinâmicas do reconhecimento em Presos que menstruam.

Pretendemos problematizar como experiências inscritas no âmbito da reportagem, que objetivam representar corpos femininos não normativos a partir de uma abordagem autorreflexiva e posicionada, podem dialogar com a noção de um “reconhecimento antipredicativo”. A partir de comentários sobre a obra Presos que Menstruam, de Nana Queiroz, iremos discorrer sobre sua ação política no âmbito de um reconhecimento transformativo e desidentitário, sobre a importância de se desnaturalizar a generificação dos corpos e sobre os inevitáveis limites desses esforços no campo jornalístico.

Diana Azeredo (UFSC) A crítica da cobertura jornalística sobre minorias a partir das colunas de ombudsman.

Tomando como base os conceitos de crítica, reconhecimento e minorias, problematizados, respectivamente, em pesquisas de Soares e Silva (2016), Serelle (2016) e Freire Filho (2004), este estudo se propõe a analisar a crítica da cobertura jornalística sobre minorias a partir das colunas de ombudsman do jornal Folha de S. Paulo. Trabalha-se com 48 textos que fazem a crítica da cobertura do jornal sobre a representação de indígenas, negros, mulheres e integrantes da comunidade LGBTI. O objetivo é verificar como o exercício autocrítico se dispõe a debater publicamente esta questão, colocando em crise preconceitos e limitações do próprio jornalismo.

Gabriela Barbosa (PUC Minas) – Mediações da produção literária feminina: Leia Mulheres, das redes ao cotidiano.

Este trabalho tem a intenção de refletir sobre a leitura enquanto instância de mediação nos encontros presenciais do clube de leitura Leia Mulheres de Belo Horizonte, traçando, também, um breve histórico das mulheres leitoras e escritoras no Brasil. Com o auxílio de conceitos acerca do reconhecimento, da teoria literária e da sociabilidade, apresenta-se um cenário que aproxima mulheres de diferentes realidades para dialogar sobre, entre outras coisas, literatura e gênero, se apropriando de histórias e reverberando análises para muito além da materialidade do livro.

Mediador: Rodrigo Fonseca

16h30- 18h: Rede Metacrítica (reunião)

 

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