POR: Maria Paula Resende Morais
Mais de 60% dos brasileiros adultos possuem, pelo menos, um serviço de streaming. Diante da afirmação, e segundo informações do relatório de adoção de Streaming Global do Finder de 2021, o Brasil é o segundo país que mais consome os serviços de streaming, ficando atrás apenas da Nova Zelândia.
Com o vasto acesso a filmes e séries, em combinação com as Teorias da Comunicação, é possível notar que ao assistir a um filme recebemos informações que nos impactam como pessoas que vivem em sociedade. Os primeiros filmes surgiram entre o fim de 1890 e o início dos anos 1900, e, desde então, vem marcando épocas e acontecimentos.
Entre as informações presentes nos filmes, mais do que o que é dito pelas personagens, o espectador tem contato com ângulos de câmeras, pontos de vistas e as cores. O uso das cores nas telas são objetos de estudo em diversas áreas. No livro “As cores na mídia” de Luciano Guimarães, o autor aborda o papel das cores escolhidas para compor a mídia, transmitindo significados e valores relacionados àquele grupo de informações expostas.
No cinema o uso das cores também pode fazer parte da narrativa e, o uso desse elemento passa a fazer parte do processo criativo dos cineastas. No artigo “A cor no cinema: signos da linguagem” de Maria Helena Braga e Vaz da Costa, publicado na Revista Cronos em 2016, a autora cita como as cores foram utilizadas em O Mágico de Oz de 1939, no início do uso das cores nas telas. No filme, o mundo real é apresentado em preto e branco já o mundo fantasioso com muitas cores, utilizando-se do uso das cores como recurso narrativo.
O filme Megarrromântico (2019), disponível na Netflix, narra a história de Natalie, uma arquiteta que deseja ser reconhecida no trabalho e não acredita em histórias românticas populares nos filmes. Ainda no princípio da trama, a personagem reage a um assalto, bate a cabeça em uma pilastra e ao acordar percebe que está em um filme de comédia romântica. No filme, o uso das cores pode ser analisado através das roupas utilizadas por Natalie ao longo da trama.
Na imagem acima, parte do início do filme é possível ver Natalie com roupas em tons escuros e neutros. No jornalismo, cores neutras foram utilizadas como forma de representar um ambiente real de maneira “crua”. Na moda, cores como o preto podem significar elegância e introversão. Natalie utiliza o preto em meio a pessoas que utilizam de outras cores mais chamativas, além de se comportar como uma pessoa frustrada e infeliz com a rotina.
Com o passar do filme, no momento em que Natalie está desacordada em um mundo irreal, a personagem utiliza-se de cores vibrantes, entre elas o amarelo que, no mundo da moda, representa alegria e atitude. Neste momento, Natalie se encontra com outros personagens que também estão utilizando cores vibrantes, como se ela fizesse parte daquele universo. A partir das imagens e de estudos sobre cores, é possível perceber que em Megarrromântico acontece algo semelhante com o que foi abordado por Maria Helena Braga e Vaz da Costa em relação ao filme “O Mágico de Oz”, ou seja, o mundo real, em relação à Natalie, é apresentado em cores neutras, em preto e branco, e o mundo fantasioso é representado de forma colorida. Desse modo, é possível concluir que o cinema se utiliza de diversos elementos, entre eles as cores, para reforçar e marcar elementos como a passagem de tempo e a posição de alguns personagens em relação à trama.