O Retorno bem sucedido do slasher no cinema com a franquia de “Terrifier”

Por Fernanda T. Bordignon

Nos últimos anos, o cinema de horror tem passado por uma tentativa de revitalização de suas formas narrativas. Cercados de nostalgia e referências aos clássicos de sucesso, um dos focos dessa retomada é o subgênero slasher. Filmes dessa vertente seguem uma estrutura pré-definida, com a presença de um assassino icônico, um grupo de jovens despreocupados em um local isolado (que serão caçados pelo assassino) e a final girl, personagem feminina que sobrevive a esses ataques. Muitos desses assassinos, praticamente imortais, retornam em novas produções da franquia para assombrar novas vítimas e a final girl. Essa fórmula não é obrigatória, mas se tornou bastante comum e está presente em diversos filmes do gênero dos anos 1970, 1980 e  do início dos anos 1990.

Nos anos 2000, no entanto, o gênero entrou em um período de declínio, dando espaço a filmes com temas sobrenaturais, de possessão e espíritos, além dos famosos torture porn‘s (como Jogos Mortais (2004), O Albergue (2005) e A Centopeia Humana (2009)). Contudo recentemente, percebemos que esse gênero se tornou um tanto quanto saturado e com isso há uma tendência de retomar as fórmulas do passado e essas produções. Entre os filmes que mais contribuíram para esse renascimento está a franquia Terrifier, dirigida por Damien Leone.

Lançado em 2016 como um filme independente, Terrifier resgata e reinventa os elementos clássicos do slasher, dando-lhes um toque inovador. O principal destaque da produção é Art, The Clown, um assassino sanguinário com um visual marcante. Suas roupas monocromáticas de palhaço e expressões perturbadoras, que remetem a uma versão macabra de Charlie Chaplin, tornam Art um ícone do terror contemporâneo. Seu comportamento cruel, aliado à sua presença desconcertante, o torna um dos vilões mais aterrorizantes e memoráveis dos últimos anos.

Além de resgatar a estética dos slashers, Terrifier inova ao subverter algumas convenções do gênero: somente no segundo filme a franquia introduz a final girl Sienna Shaw, que também retorna no terceiro filme da série, tornando-se uma nova “Nancy Thompson” para Art, the Clown. Além disso, a violência gráfica exagerada da franquia amplifica a brutalidade dos slashers clássicos de forma muito mais intensa e grotesca, um elemento pouco visto em filmes do gênero. A habilidade de Damien Leone com efeitos práticos torna as cenas violentas mais críveis e sanguinárias, reforçando seu realismo e brutalidade.

E isso é importante dizer pois que não é apenas uma escolha estética, mas também um elemento narrativo que amplifica o desconforto do espectador, contribuindo para a atmosfera de horror e se posicionando como um ponto de encontro entre tradição e inovação do gênero.

Em conclusão, Terrifier se destaca ao equilibrar a nostalgia dos elementos clássicos do subgênero slasher com a ousadia de apresentar algo novo e provocador. O filme vai além de um simples retorno às raízes do gênero, mostrando que o slasher ainda possui um vasto potencial para inovações e para a criação de novos ícones. Ao resgatar a estética dos clássicos e ao mesmo tempo subverter algumas de suas convenções, Terrifier não só celebra o passado do horror, mas também abre espaço para um futuro de experimentação dentro desse universo, consolidando-se como uma franquia inovadora e essencial no terror contemporâneo.

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