Por Tainara Calassa e Guilherme Piterman.
Pensem em toda a revolução tecnológica que vivemos nos últimos anos: o surgimento de novos equipamentos, a internet e as redes que possibilitaram fóruns, facilitando encontro de fãs; o surgimento das plataformas de streaming mudando a forma como consumimos conteúdos. Pensem como isso impactou diretamente nos produtos audiovisuais, já que os realizadores têm hoje feedback quase imediato dos fãs.
Isso tudo contribuiu para a evolução das séries, que com o tempo ganharam arcos narrativos mais complexos (um conflito episódico e conflitos que se estendem por toda série), personagens mais bem desenvolvidos (mesmo que secundários) e, em alguns casos, a dissolução de opostos, da dicotomia do bem contra o mal, por exemplo.
Podemos identificar esses elementos na primeira temporada da série Game of Thrones, narrativa de fantasia, baseada nos livros Crônicas de Gelo e Fogo, escrito por George Martin, que, em uma entrevista, afirmou que pediu ao seu agente para ir até os estúdios da HBO para oferecer ao canal os direitos do livro.
Produzida pela HBO e distribuída pela Warner Bros, a série teve seu lançamento em 17 de abril de 2011. Bem recebida pela crítica, Game of Thrones chegou a ganhar 59 prêmios Emmy.
O enredo se passa em um período medieval, em um continente chamado Westeros. O continente é governado por uma única entidade política conhecida como os Sete Reinos, que devem fidelidade ao Rei dos Ândalos, dos Roinares e dos Primeiros Homens, que senta no Trono de Ferro na cidade de Porto Real, a Capital.
Durante a série, vamos entender que existem também as terras no extremo Norte, além da Muralha, que são vigiadas pela patrulha da noite. Com o passar dos episódios, vamos sendo inseridos nesse universo e entendendo as peculiaridades de Westeros, como sua estação e sua história.
Os sete reinos são na verdade sete famílias, sete casas. Na primeira temporada, objeto de análise deste texto, vamos conhecer a fundo apenas quatro delas: Casa Targaryen, que governou por 300 anos; Casa Lannister é conhecida pela riqueza; Casa Stark possui mais tradição e são conhecidos pela fidelidade; Casa Baratheon é uma das mais novas.
Os principais personagens, que terão seu arco próprio mas também conduzirão o arco da série, são Daenerys: que toma sua vida nas próprias mãos e deixa de ser abusada pelo seu irmão mais velho. Tyrion Lannister: um rejeitado pela família que lida com seus traumas fazendo piadas. Sansa Stark: que é obrigada a encarar o mundo real e abandonar suas ilusões. Arya Stark: que deseja se tornar uma guerreira, mas não imaginava que o caminho seria tão duro. Bran Stark: o menino tem seu destino fadado a uma cadeira de rodas depois de um suposto acidente. Jon Snow: filho bastardo. Jaime Lannister: sem caráter e faz tudo por amor. Cersei Lannister: que faz tudo pelo poder e acaba sendo jogada numa escuridão sem fim.
Aos poucos, vamos observando como o ambiente molda alguns personagens e de como alguns personagens moldam os ambientes. As consequências não apenas das suas decisões, mas pela sua personalidade ou estado, como a inocência.
A narrativa apresenta diversas camadas de informação. O enredo traz estruturas políticas e sociais complexas e incomuns para o gênero. Através dos diálogos no Pequeno Conselho, de personagens secundários, até mesmo de Ned Stark, vamos observando como se arquiteta o poder, misturando franqueza, mentiras, cinismo e ceticismo.
Game of Thrones – 1 temporada (Estados Unidos, 2011). HBO.
Direção: Brian Kirk, Tim Van Patten, Daniel Minahan, Alan Taylor
Roteiro: David Benioff, D.B. Weiss, Bryan Cogman, George R.R. Martin, Jane Espenson
Elenco: Sean Bean, Kit Harrington, Mark Addy, Sophie Turner, Nikolaj Coster-Waldau, Richard Madden, Michelle Fairley, Alfie Allen, Lena Headey, Isaac Hempstead-Wright, Emilia Clarke, Jack Gleeson, Iain Glen, Rory McCann, Aidan Gillen, Peter Dinklage, Harry Lloyd, Jason Momoa, Maisie Williams
Duração: 10 episódios com cerca de 55 min
Trabalho produzido para Narrativas seriadas, do curso Cinema e Audiovisual.