Existe ‘’Amor Perfeito’’?

Por: João Gabriel Ferreira

O filme ‘’Três Vezes Amor’’ foi produzido pelo diretor Adam Brooks, lançado no dia 8 de fevereiro de 2008. É uma comédia romântica que explora muito bem as formas que o amor possui e suas complexidades durante as diferentes fases da vida. Estrelado por nomes de peso como Ryan Reynolds, Isla Fisher, Rachel Weisz e Elizabeth Banks, a narrativa acompanha Will Hayes, um homem que está vivenciando o processo de seu divórcio, enquanto conta a história de suas três grandes paixões, para sua filha de 10 anos, que tenta desvendar qual dos três grandes amores é sua mãe, trazendo um suave toque de mistério ao romântico enredo. 

A trama quebra o estilo de linearidade que normalmente é visto em filmes do mesmo gênero, fazendo com que o espectador viaje por diferentes fases e momentos da vida de Will, através de flashbacks e conversas no presente com sua filha, permitindo que entendamos cada um dos seus relacionamentos, evidenciando não só os momentos felizes, mas também escolhas mal feitas e frustrações. Tal abordagem não só consegue prender a audiência como também pode representar como muitas vezes reavaliamos nosso passado, com nostalgia e arrependimentos.

O longa se destaca por explorar as nuances do amor, como a busca pela felicidade, “perda’’ e amadurecimento, demonstrando como as experiências amorosas moldam nossas decisões e percepções, além de questionar com isso o ideal do “amor perfeito”, mostrando relacionamentos imperfeitos e personagens que cometem erros, mas que não deixam de evoluir por conta disso. As interações entre Will e sua filha Maya refletem também uma bonita relação de confiança e vulnerabilidade, mostrando a importância do diálogo entre pais e filhos, passando lições importantes para sua filha, ao mesmo tempo que reflete sobre si mesmo.

Outro ponto que deve ser exaltado é o exímio trabalho com os personagens é que Will (Ryan Reynolds) é um protagonista extremamente carismático que consegue misturar vulnerabilidade e senso de humor, tendo uma evolução emocional de alguém que busca o amor, mas que precisa aprender com os erros de seu passado. Maya, sua filha (Abigail Breslin), é o estímulo que Will precisa para que ele revisite sua história. Com sua curiosidade infantil e comentários diretos, ela adiciona leveza e humor. Já no papel das três paixões as personagens Emily (Elizabeth Banks), Summer (Rachel Weisz) e April (Isla Fisher) dão uma aula na hora de representar os diferentes tipos de afeto que se pode dar. Emily representa o primeiro amor, aquele amor que é idealizado como o perfeito para o resto da vida, que é confrontado pela necessidade do crescimento pessoal, Summer simboliza a incerteza, sua visão ambiciosa em relação ao trabalho e complexidade oferece uma visão mais cínica sobre relação, por fim April traz consigo uma espontaneidade e autenticidade que contrapõem as outras figuras, sendo que bem diferentes das outras, ela apresenta um certo “equilíbrio’’ entre elas.

Ainda que o filme apresente um formato único, ele não consegue fugir totalmente de certas previsibilidades que o gênero oferece, utilizando fórmulas típicas de comédias românticas. Um problema a destacar é o assimétrico nível de profundidade para alguns personagens importantes na trama, deixando assim algumas consequências menos impactantes, tratando os de forma mais rasa.

“Três Vezes Amor” consegue ser uma obra cativante, totalmente indicada para aqueles que procuram uma narrativa leve, equilibrando romance e reflexão de uma maneira leve, trazendo consigo um elenco recheado e uma boa trilha sonora. Com humor e coração, ele nos lembra que a estrada para o amor verdadeiro nem sempre é linear, mas é sempre significativa.

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