Por: Neemias Feres
As redes sociais são ferramentas cruciais nas disputas políticas no Brasil, abrangendo desde eleições presidenciais até municipais. A utilização dessas mídias na política ganhou destaque em 2022, durante as eleições presidenciais, quando o então presidente Jair Messias Bolsonaro aproveitou suas plataformas digitais para fortalecer sua campanha. Seus adversários também se mostraram preocupados em utilizar o ambiente virtual para promover suas candidaturas, mas ficou claro que o ex-presidente, pelo partido PL, teve um empenho mais significativo nessa estratégia.
Desde as eleições de 2022 observa-se a força crescente da mídia digital, acentuada ainda mais em 2024. Algumas campanhas demonstram esse potencial como as de Gabriel Azevedo e Duda Salabert em Belo Horizonte, e Pablo Marçal em São Paulo. Utilizando redes sociais, estratégias de marketing digital e canais de comunicação direta com os eleitores, esses candidatos souberam captar a atenção do público jovem, oferecendo uma abordagem mais conectada e acessível. Azevedo e Salabert se destacaram por campanhas que enfatizaram participação cidadã e inclusão social, enquanto Marçal utilizou o poder da internet para divulgar sua campanha com uma característica mais humorística e perigosos apelos falsos e antidemocráticos. A influência da mídia digital, com seu alcance massivo e capacidade de segmentação de audiência, foi crucial para amplificar suas propostas e engajar eleitores em debates sobre o futuro das cidades.
Jornais como O Globo e Band UOL têm destacado as estratégias dos candidatos em utilizar meios digitais como Instagram, Twitter e TikTok. No entanto, essa cobertura parece estar mais voltada para o contexto do período eleitoral, em vez de uma preocupação real em alertar sobre os perigos do que representam as ideias dos candidatos. Um exemplo claro disso é que os conteúdos divulgados ou replicados pelas mídias televisivas não alcançam de maneira eficaz o público-alvo mais afetado: os jovens e adolescentes. São eles que estão mais expostos à enxurrada de fake news e estratégias de marketing digital, e essas campanhas dificilmente chegam a esse público de forma eficiente.
Crédito: Renato Pizzutto/Band
O candidato de SP foi além em suas estratégias e ideias com o uso das redes sociais, demonstrando o impacto dessa nova realidade política. Marçal, em sua campanha, utilizou quase 100% das mídias sociais, uma vez que os espaços de televisão e rádio eram quase nulos ou ineficazes para alcançar o público alvo e, consequentemente, os votos desejados. Embora o resultado não tenha sido o esperado por ele, os números indicam que a campanha foi bem-sucedida em termos de alcance: Marçal obteve 1.719.274 votos, com uma diferença percentual de menos de 1% em relação a Guilherme Boulos.
Um exemplo que detalha essa corrida nas plataformas digitais é a entrevista do Pablo Marçal ao Roda Viva, quando ele replicava todas as suas perguntas pensando em cortes para suas mídias digitais, o candidato chegou a pagar para que alguns de seus funcionários nas empresas nas quais ele é dono gravassem vídeos curtos de “patadas” e “piadas” para atacar seus concorrentes ao cargo de prefeito de São Paulo.
A decisão da Justiça Federal de suspender as redes sociais de Pablo Marçal é uma medida acertada diante das irregularidades no uso das plataformas para promoção pessoal e desinformação. Em tempos em que a influência digital pode distorcer o debate público e comprometer a integridade das eleições, ações como essa são essenciais para garantir parâmetros democráticos de igualdade. As redes sociais são ferramentas poderosas, e seu uso irresponsável pode criar um desequilíbrio perigoso, favorecendo candidatos que conseguem manipular a informação apenas no interesse próprio. A decisão reflete a necessidade de impor limites claros para impedir que figuras públicas abusem do alcance digital e promovam narrativas enganosas. Ao suspender Marçal, a Justiça reforça a importância de se manter um ambiente eleitoral justo e transparente, onde todos os candidatos e cidadãos possam competir em condições equânimes.
Embora as redes sociais sejam ferramentas poderosas para democratizar o acesso à informação e ampliar a participação política, seu uso irresponsável pode comprometer a integridade das eleições. A decisão da Justiça Federal de suspender as redes de Pablo Marçal ressalta a necessidade de impor limites claros para evitar a manipulação do debate público e garantir a equidade entre os candidatos. Assim, a regulamentação dessas plataformas é fundamental para assegurar que todos possam competir em condições justas, sem o risco de distorções causadas por desinformação ou promoção indevida.