Crítica de “The Howling” (1981)

Por: Fernanda Tavares Bordignon

Dirigido por Joe Dante, e lançado no ano de 1981, “The Howling” ou “Grito de Horror” é um filme de terror independente que conta a história de Karen, uma jornalista que ao tentar se recuperar de um evento traumático, se isola junto ao seu marido em um acampamento no meio de uma floresta. No entanto, ela logo descobre que o local é habitado por lobisomens que fazem parte de uma seita secreta, liderada por seu próprio terapeuta.

O filme conta com a presença de Dee Wallace (Karen), Christopher Stone (Bill), Belinda Balaski (Terry), Elisabeth Brooks (Marsha), Robert Picardo (Eddie) e Patrick Macnee (Dr. George) no elenco principal, e nomes importantes do cinema independente da época na produção. 

Apesar dos recursos escassos, tanto devida a tecnologia da época quanto o baixo orçamento, o filme surpreendeu ao superar muitas expectativas em relação ao seu visual. Devo dar ênfase que a razão disso se deve à extraordinária combinação entre a direção de Joe Dante, a fotografia de John Hora e os efeitos visuais práticos de Rob Bottin. 

Apesar de os dois primeiros serem de extrema importância, gostaria de dar destaque a Rob Bottin. Ele iniciou sua carreira sendo aprendiz de Rick Baker, um dos maiores nomes em maquiagem e efeitos práticos do cinema até aquela época. Famoso por ter participado de inúmeros filmes importantes como “Planeta dos Macacos (2001), O Grinch (2000) e Um Lobisomem Americano em Londres (1981), Baker já tinha sua carreira consolidada até o final dos anos 70 quando chamou Bottin para ser seu aprendiz. Trabalharam juntos durante um tempo, e realizaram filmes como “Star Wars” (1977) e “A Fúria” (1978). Em 1980, “The Howling” começou a ser produzido e Rick Baker, por estar envolvido em outro projeto (“Um Lobisomem Americano em Londres” de John Landis) encarregou Bottin para o projeto, dando a oportunidade para ele desenvolver sua autoria como profissional.

O trabalho por consequência foi notável e Bottin, devido a todo conhecimento adquirido durante os anos, conseguiu com o baixo orçamento realizar um trabalho de mesmo nível ou até mesmo superior que seu “professor” em “Um Lobisomem Americano em Londres”, lançado no mesmo ano. 

Um exemplo memorável do filme é a cena em que Eddie Quist, interpretado por Robert Picardo, se transforma em lobisomem. A transformação é mostrada em tempo real, e vemos de forma muito impactante as mudanças físicas do personagem até tornar-se um lobo. Primeiro seus músculos contraem (e Bottin fez isso colocando bexigas entre as próteses de látex do ator e ao serem infladas davam um efeito de movimento na pele, como se os músculos estiverem se movendo durante a transformação), depois suas unhas e dentes crescem, seus olhos mudam de cor e seu nariz se alonga até se transformar em um focinho (que foi feito em tempo real com animatrônicos e próteses de látex mais flexíveis). Quando a transformação está completa, Quist tem sua aparência completamente mudada e o rosto de lobo do personagem torna-se tão realístico que esquecemos que é apenas maquiagem. O realismo se acentua ainda mais graças a alguns animatrônicos colocados tanto na boca do lobisomem quanto na área dos olhos, permitindo com que ele não tivesse apenas um rosto sólido inexpressivo, mas expressões faciais aterrorizantes.    

A atmosfera sombria e as cenas mais graficamente violentas de  The Howlin diferenciam-se do filme de Landis, que possui um tom mais cômico, possibilitando ao filme de Dante tornar-se mais sério e intrigante narrativamente. Os personagens excêntricos criam um desconforto constante, como se sempre estivessem escondendo algo do protagonista, e a revelação final surpreende ao mostrar certa quebra de expectativa positiva na história.

Disso, podemos dizer que The Howling não se destaca apenas sendo um importante filme de terror dos anos 80, mas também um marco devido a qualidade de suas técnicas de maquiagem e produção. Ademais, graças ao trabalho de Rob Bottin o filme conseguiu elevar seu nível transformando as limitações de orçamento em uma exibição de criatividade e habilidade técnica, e o realismo brutal junto a atmosfera de tensão e mistério criam uma base sólida a ele fazendo-o ser ao mesmo tempo fascinante e perturbador. Por isso, The Howling consegue ir de um simples filme de terror para um clássico que continua a influenciar o gênero até hoje.

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