Cobertura esportiva e suas armadilhas

No cenário atual, das mídias sociais, é preciso ter cautela com tudo que se ver.

Pedro de Lima

Foto: Flickr/Gustavo Aleixo/Cruzeiro

Durante longos anos os torcedores se acostumaram a abrir o caderno esportivo ou ligar a televisão no horário do almoço para acompanhar as notícias do seu clube. Essa rotina foi feita durante muitos anos, mais ou menos pelos idos das décadas de 1980, 1990 e primeira década dos anos 2000, mas com o avanço da tecnologia e o aumento da possibilidade de termos a internet na palma da mão incluímos mais um meio de comunicação para nos informarmos, não só do cotidiano, mas do assunto aqui tratado, a cobertura diária do esporte – especificamente futebol – e do nosso time de coração.

Infelizmente nos deparamos com algumas táticas que incomodam e que trazem um certo problema para quem tem pouco tempo para acompanhar seu time de coração – aqui será pensado a situação de dois prismas, uma pessoa que vive imersa dentro do cenário midiático esportivo e outra que não tem tanto hábito de acompanhar e pega o chamado resumão. Hoje com o auxílio da internet é fácil termos acesso a informação, mas o grande questionamento que fica é, até quando essas informações são de qualidade? O questionamento vem pelo fato de termos situações que são mais do campo especulativo do que do campo da realidade, ou seja, situações que servem para criar uma falsa expectativa no torcedor.

Antes de adentrarmos no texto é necessário frisar um ponto, não é porque é um jornalista que tem mais valor que um torcedor, veremos exemplo nas imagens abaixo – ao fim dessa parte -, o ponto a ser destacado aqui são as questões das ferramentas.

Para o torcedor que pouco acompanha o impacto do sensacionalismo pode ser sentido e pode ser um fator de complicação, por as vezes ser feito um sensacionalismo exacerbado, notícias podem ter chamadas enganosas que no fim de tudo irá gerar só o número de engajamento para o dono da página, canal e/ou site. Mas, essa tática é cruel com a informação, a grande função da apuração para um jornalista é trazer a informação com a melhor precisão para seu seguidor/telespectador/leitor, a crueldade paira sobre a ilusão do achismo – item esse que o jornalista evita trabalhar – toda e qualquer notícia vai ter como precedente um fundamento de verdade.

Em alguns casos quando o boato é desmentido por algum profissional de imprensa é taxado de torcer contra ou de torcer para o rival do time, mas alguns ignoram o fato com o qual o jornalista trabalha, que é a notícia checada e apurada, por isso a tática do click bait é tão cruel, além de tirar a atenção do que é verdade, coloca luz sobre achismos e meros boatos que acabam por inflamar o público, isso atrapalha a pessoa que pouco consome, por não consumir um informação de fato e sim o mais puro boato.

Existe o ponto contrário do cara que acompanha pouco, é justamente a pessoa que acompanha basicamente tudo possível, ou seja, todas as mídias possíveis e acompanha os jornalistas nas plataformas. É um cara que consegue identificar com facilidade o que é uma ilusão ou algo simplesmente fantasioso da cabeça do torcedor. Vemos que é uma pessoa que ocupa mais seu tempo em acompanhar seu time de coração e se envolve dentro de cada cenário possível entendendo tudo que está acontecendo e a situação que sua equipe de coração se encontra. Na maioria das vezes essa pessoa sempre tem dois ou três jornalistas que são as fontes seguras de informação, ele só irá acreditar se for aquele veículo e/ou aquele jornalista específico noticiar, evitando qualquer confusão ou alarde em cima de alguma situação que as vezes – e na maioria das vezes é assim –, não está solucionada por completo.

previous arrow
next arrow
 

É necessário frisar que não é fazendo um juízo de valor, ou seja, quem acompanha menos não é um torcedor pior do que aquele que acompanha mais, cada um acompanha da forma com que tem condição. Aquele que acompanha de forma mais rápida ou um curto momento do dia faz o que pode e o que acompanha de forma mais prolongada e próxima entende que é a forma mais adequada, mas isso dentro do julgamento de cada realidade.

previous arrow
next arrow
 

Twitter como pauteiro

É inegável o poder de viralização que a mídia social recém adquirida por Elon Musk tem, o Twitter, vemos que de lá saem muitas coisas que criam morada na cabeça do torcedor. A facilidade de se criar uma página é algo que pode ser benéfico e acrescentar, se bem trabalhada, mas pode ser uma pedra no sapato da vivência do torcedor com os veículos de comunicação, pelo simples fato de utilizarem das já mencionadas estratégias de engajamento. Não só páginas de torcedores, mas também páginas de portais de notícias consagrados que volta e meia usam do click bait para conseguir converter a interação no tweet em uma visualização no site.

Como assim o Twitter como pauteiro? O pauteiro é uma função nominal antiga nas redações, era o cara que trazia as pautas para os jornalistas trabalharem na redação de um jornal, aqui coloco a mídia social nesse papel pelo fato de alguns jornalistas tirarem dali o assunto da sua apuração, do seu texto, do seu vídeo e/ou podcast, trabalhando assim em prol de confirmar aquela provável situação ou de desmentir tal fala. É daí que vem a situação do Twitter como uma espécie de pauteiro.

As proporções que se toma uma especulação no Twitter já fizeram jornalistas se enganarem e noticiar situações que não aconteceram, nem só com torcedores isso ocorre as vezes presidente de clube também erra e induz ao erro, um caso emblemático ocorreu com o Alexandre Kalil, ex-prefeito de Belo Horizonte e ex-presidente do Atlético-MG, informou que o atleta francês Anelka era jogador do clube, mas não passou de uma informação errada no fim do assunto.

O icônico teweet do ex-presidente do Atlético-MG, Alexandre Kalil, anunciando Anelka. Foto: Print da conta oficial do Twitter de Alexandre Kalil.

Vemos por outro lado jornalistas que vão com muita sede ao pote e acabam noticiando situações como fantásticas ao extremo, que no fim nem são tão fantásticas assim, fazendo o torcedor fantasiar com valores inexistentes, caso clássico foi o jornalista Paulo Vinícius Coelho, o PVC (atualmente no SporTV), falou sobre o Cruzeiro ter 3º maior patrocínio master, espaço na frente da camisa e centralizado no tronco (considerado o espaço nobre dos patrocínios), coisa essa que por hora não se concretizou e gerou expectativas desnecessárias.

Anúncio realizado por PVC, mas que até o momento não se concretizou. Foto: Print do site Superesportes.

Cobertura dos jogos

Já vimos anteriormente aqui no blog – no texto da monitora Agnes Lara –, a forma como Casimiro Miguel, o Casimiro, tem revolucionado a forma de assistir conteúdo e também a forma de se fazer o conteúdo. Só que atualmente estamos em período de Copa do Mundo, um dos maiores eventos de futebol do planeta e é impossível deixar passar o que vem sendo feito por Casimiro no YouTube e na Twitch TV.

Casimiro tem feito em seu canal, nas duas plataformas de streaming, reacts e transmissões com imagens. Recentemente em jogos do Brasil o streamer vem emplacando seguidos públicos, de forma simultânea, acima de 3 milhões de pessoas.

Casimiro vem revolucionando a forma de transmitir futebol. Foto: Print do canal CazéTV/YouTube.

Dicas de “segurança”

Nessa finalização do texto esse espaço será dedicado a dar uma espécie de “dicas de segurança”, ou seja, caminhos mais fáceis para evitar a confusão o que podemos chamar de fontes de informação confiáveis, segue abaixo algumas sugestões:

Seguir o perfil oficial do jornalista e estar sempre atento as marcações que tornam esse perfil de fato o oficial. Essa dica se enquadra pelo fato de algumas pessoas fazerem graça e copiarem o perfil do jornalista, em algumas situações acabam se passando por eles e as “notícias” viram grandes bolas de neve.

Ter entre 3 ou 4 jornalistas de confiança. No caso é importante ter jornalistas que você confia, vale para qualquer campo – do jornalismo investigativo ao esportivo –, sem a confirmação deles é sempre bom manter uma pontinha de dúvida.

Prestar atenção nos comentários de notícias em portais. Sempre que uma notícia sair em um determinado portal de notícia, principalmente a chamada no Twitter, é importante olhar os comentários, pois muitas vezes a chamada ali publicada não tem relação alguma com o conteúdo da matéria.

Seguir o perfil oficial do clube, ou da instituição. Através dos comunicados oficiais você minimiza a chance de cair em enganações ou alardes desnecessários.

Seguir portais independentes pode ser um caminho, mas nem sempre. Procure portais independentes, ou seja, que não tem relações com as empresas que dominam o mercado, tem muito jornalista bom ali, mas é sempre bom ter cautela e saber mensurar o que é publicado, pois alguns acabam por fazer assessoria de imprensa, função essa diferente do jornalismo noticioso.

Não temos aqui intenção de impor regras, o que foi feto aqui é uma tentativa de auxílio e orientação para diminuir a possibilidade de acontecer equívocos. Não existe receita de bolo, ou seja, um modo certinho a se seguir, as dicas acima diminuem a possibilidade do risco, mas é extremamente possível e necessário que você crie seus caminhos para evitar as armadilhas do mundo virtual.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *