Por: Isabela França Prates
“A Chegada”, dirigido por Denis Villeneuve, é uma obra cinematográfica que se destaca pela sua abordagem inovadora à ficção científica. O filme recebeu aclamação da crítica e foi reconhecido com diversos prêmios por sua originalidade e excelência cinematográfica. Assim, mesmo tendo sido lançado em 2016, as questões postas em pautas são profundas e geram um debate único.
Denis Villeneuve, conhecido por suas habilidades visuais, entrega mais uma vez uma narrativa envolvente, repleta de simbolismo e complexidade. A maneira como o filme explora a conexão entre a linguagem humana e a compreensão do tempo pelos visitantes extraterrestres é um aspecto fascinante. A protagonista, interpretada por Amy Adams, desvenda a linguagem alienígena e sua relação com a não linearidade do tempo, proporcionando uma das partes mais intrigantes da história.
No filme, a linguista Louise Banks, interpretada por Amy Adams, é convocada para decifrar a linguagem de seres extraterrestres que misteriosamente aterrissam em diferentes locais ao redor do mundo. Enquanto ela busca compreender a comunicação complexa dos visitantes, o tempo se torna um elemento crucial, desafiando conceitos lineares e levando Louise a confrontar sua própria história pessoal. Enquanto a tensão mundial cresce e a corrida por respostas avança, Louise embarca em uma jornada intelectual e emocional, onde cada descoberta desafia não apenas a compreensão da linguagem alienígena, mas também a percepção fundamental da realidade e do tempo.
Apesar de sua abordagem inovadora, o ritmo lento do filme pode desafiar a paciência de alguns espectadores. A passagem de tempo, embora intencional para criar uma atmosfera reflexiva e contemplativa, pode tornar a experiência um pouco arrastada para aqueles que buscam uma narrativa mais dinâmica.
Além disso, a cinematografia de Bradford Young é visualmente deslumbrante, capturando a atmosfera misteriosa e imersiva do encontro com os extraterrestres. A trilha sonora de Jóhann Jóhannsson complementa perfeitamente a narrativa, intensificando a atmosfera emocional do filme. Vale ressaltar que “A Chegada”; foi indicado Oscar e ao BAFTA (British Academy of Film and Television Arts) e ganhou prêmios em diversas categorias, principalmente em categorias técnicas como efeitos visuais, edição de som e design de produção. Esses reconhecimentos reforçam a excelência técnica artística do filme, consolidando-o como uma das obras mais impactantes e originais no gênero de ficção científica contemporânea.
Amy Adams entrega uma atuação excepcional, proporcionando profundidade e emoção à protagonista Louise Banks. Sua interpretação sensível e cativante transmite a complexidade emocional de uma linguista mergulhada em um enigma intergaláctico. A maneira como ela transmite a vulnerabilidade e a determinação de sua personagem é fundamental para a conexão emocional do público com a narrativa. Jeremy Renner, no papel do cientista Ian Donnelly, também oferece uma performance sólida, complementando o trabalho de Amy Adams. Sua interação com Adams na tela é convincente e contribui para a dinâmica entre os personagens, oferecendo um contraponto interessante à abordagem de Louise em relação à linguagem e ao tempo.
A química entre os dois atores ajuda a sustentar a complexidade emocional da história, adicionando camadas de profundidade aos temas centrais do filme, como comunicação, compreensão e conexão entre diferentes seres. Essas performances talentosas contribuem significativamente para o impacto emocional e intelectual do filme. “A Chegada” aborda de maneira intrigante a influência da mídia diante de eventos desafiadores e desconhecidos. Nele é apresenta uma reflexão
sobre como a mídia pode amplificar o caos e a incerteza diante de situações que fogem ao controle humano. A maneira como diferentes veículos de comunicação interpreta e divulga as informações sobre os alienígenas, acaba intensificando o medo, a desconfiança e a ansiedade pública. Essa abordagem destaca o papel crucial da mídia na formação da opinião pública e na maneira como as informações são disseminadas, especialmente em contextos de eventos extraordinários e desconcertantes.
Ao retratar a mídia como um agente que pode tanto esclarecer quanto obscurecer a compreensão dos eventos, “A Chegada” convida o espectador a refletir sobre a responsabilidade da mídia na disseminação de informações precisas e na influência que ela exerce sobre a percepção coletiva diante do desconhecido. Essa dinâmica contribui para a complexidade do enredo, acrescentando uma camada adicional de tensão e incerteza ao contexto do filme.