Por: Neemias Feres
Nos últimos anos, as mídias sociais e as mídias alternativas têm se consolidado como espaços fundamentais para a circulação de informações. No entanto, essa nova dinâmica comunicacional não está isenta de críticas. Ao passo que proporcionam acesso rápido e descentralizado à informação, também se tornaram palco para desinformação, manipulação e polarização extrema.
As mídias sociais, como Facebook, Instagram, TikTok e X (antigo Twitter), revolucionaram a comunicação, permitindo que qualquer pessoa publique conteúdo e alcance milhões de usuários em instantes. Todavia, essa democratização da
informação trouxe consigo um problema preocupante: a disseminação de fake news. Como alertou a pesquisadora Claire Wardle, “a desinformação é projetada para enganar, provocar reações emocionais e impulsionar cliques”. Muitas vezes, os algoritmos dessas plataformas priorizam o engajamento em detrimento da veracidade, criando bolhas informativas.
Por outro lado, as mídias alternativas surgiram como resposta ao monopólio da informação exercido por grandes conglomerados de comunicação. Sites independentes, blogs e canais no YouTube passaram a oferecer novas perspectivas sobre política, economia e cultura. No entanto, nem sempre essas plataformas operam com o rigor jornalístico necessário. Como afirmou o jornalista e escritor Umberto Eco, “as redes sociais deram voz a uma legião de imbecis”, destacando o problema da falta de curadoria e checagem de fatos nesses espaços.
A polarização ideológica também se tornou um fenômeno preocupante. A lógica do engajamento impulsionada pelos algoritmos faz com que conteúdos sensacionalistas e extremistas tenham maior visibilidade. Isso não apenas reforça crenças preexistentes, mas também inviabiliza o diálogo construtivo entre diferentes perspectivas. Segundo o sociólogo Zygmunt Bauman, “o excesso de informação pode se tornar um ruído ensurdecedor que impede a reflexão”.
Além disso, a falta de regulação eficaz das mídias sociais contribui para abusos, como ataques virtuais, discursos de ódio e violações de privacidade. Empresas como Meta e X têm sido criticadas por sua inércia em combater esses problemas. O caso do escândalo da Cambridge Analytica, que envolveu o uso indevido de dados de milhões de usuários, demonstrou como essas plataformas podem ser exploradas para manipulação política.
Apesar dos desafios, é inegável que as mídias sociais e alternativas também possibilitam vozes antes marginalizadas a ganharem espaço. Movimentos sociais e denúncias importantes surgiram nesses meios, como o #MeToo e o Black Lives Matter. O problema reside na necessidade de um maior compromisso com a veracidade e a responsabilidade na disseminação da informação.
Portanto, a sociedade precisa encontrar um equilíbrio entre o acesso à informação e a credibilidade do conteúdo consumido. Cabe aos usuários, jornalistas e legisladores pressionarem por mecanismos de transparência e regulação mais eficientes. Afinal, como disse George Orwell, “num tempo de engano universal, dizer a verdade é um ato revolucionário”.