O downgrade de Rory em Gilmore Girls: Defeito da série ou apenas uma garota normal?

Por Luiza Barbosa

Errar é humano, mas quando assistimos alguém constantemente cometendo erros, nós nos questionamos sobre o juízo de valor desse indivíduo. E esse é o efeito que a série transmite sobre a personagem da maior dupla queridinha das séries dos anos 2000, Lorelai e Rory Gilmore, mãe e filha. A série televisionada dos anos 2000 até 2007, tem uma trama dinâmica entre duas famílias principais: mãe e filha na cidade de Stars Hollow, e os avós abastados Emily e Richard Gilmore em Hartford, Connecticut. A produção acompanha o crescimento da Rory desde o ensino médio em que ela sai da escola pública de sua pequena cidade para estudar no colégio particular Chilton High School até sua jornada pela graduação em jornalismo na Universidade de Yale.

Nesse último momento, nós perdemos de uma garotinha com complexo de perfeccionismo que tirava notas excelentes e foi eventualmente escolhida a oradora da classe em sua formatura do ensino médio com seu discurso que coloca todo mundo (até os telespectadores) em prantos para uma jovem adulta que se envolve com os garotos errados e desiste da faculdade. Mas sejamos sinceros, quem nunca se envolveu com a pessoa errada ou já quis desistir da faculdade? É normal para uma recente adulta duvidar das escolhas que definirão sua vida, mesmo que essas questões sejam baseadas no julgamento de outras pessoas como em seu caso que, principalmente, na área jornalística seja importante, mas não determinante. É possível e muito provável que várias pessoas não vão gostar do seu trabalho, mas não significa que não existam pessoas que o amem. Porém, ter essa noção é uma percepção de grande pertinência que nem toda pessoa possui, e como ela desiste na primeira crítica. Mas não somente isso, temos o conflito com a Lorelai que recusa apoiar a decisão da filha que consequentemente vai morar com os avós. Isso por si só é um motivo para apontar, ela sabia muito bem que teria o dinheiro e o conforto de uma vida rodeada de eventos, festas, bebidas e impunidade. Tanto que ela tenta roubar o barco de outra pessoa e se depara, mais tarde, com as consequências de 300 horas de serviço comunitário. É aqui que se exibe uma personalidade mimada e conformada que não se esperava de alguém que enfrentou diversas tentativas de bullying e importunação no ensino médio.

Em quesitos românticos, tudo começa quando ela está namorando o “príncipe encantado”, Dean, e se apaixona perdidamente pelo “bad boy”, Jess. Sem saber que ela tinha esses sentimentos, ela se aproximava dele e deixava seu namorado de lado até o trágico dia da Maratona de Dança de 24 horas seguidas, em que Dean se cansa de ser trocado e termina com ela na frente de todos. A partir disso, Rory e Jess finalmente podem ficar juntos, mas não duram muito após ele fugir escondido de Stars Hollow para a cidade de seu pai ausente em seus 17 anos de vida, porque ele iria repetir o terceiro ano do ensino médio. Após isso, ela passa um bom tempo solteira até quando, já no segundo ano da faculdade, ela tem um caso com o Dean novamente, porém dessa vez, ele estava casado com outra, Lindsay. Alguns meses se passam e ela enxerga seu enorme erro e resolve escrever uma carta se retirando da situação. Mas é claro que a esposa descobre e tudo se transforma numa gigante bola de neve. A última coisa que eu faria seria culpá-la sem notar o grande manipulador que o Dean é. Porém com suas vidas tão distintas, eles não continuam juntos por muito tempo. Logo depois, ela engata um relacionamento com Logan, que alguns consideram ter sido uma influência pra vida fútil que a Rory começa a levar. Mas eles terminam com um ultimato de casamento proposto por Logan, que ela recusa sabendo que seria uma decisão antecipada e limitante para sua carreira e ambição de noticiar eventos pelo mundo.

Tudo isso serve para o questionamento inicial com pontos dos dois lados. A verdade é que não existe resposta absoluta, serão sempre apenas opiniões. No entanto, a série num todo decai nas duas últimas temporadas e é inevitável culpar seu downgrade nos produtores. Mas eu acredito que a série também fez um grande trabalho em retratar a vida de uma menina cuja vida acadêmica era tudo pra si em mudança para uma mulher de incertezas e defeitos, assim como todo ser humano de natureza egoísta e carente.

Luiza Barbosa é graduanda do 1º período do curso de Jornalismo na PUC Minas.

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