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2 de abril: Dia Internacional da Conscientização do Autismo

No Dia Internacional da Conscientização do Autismo, entenda o que é o transtorno que afeta uma a cada 110 pessoas no mundo

O tema da campanha nacional para o Dia Internacional da Conscientização do Autismo de 2021 é “Autismo: Respeito para todo o espectro”. O projeto, encabeçado pela Revista Autismo, é uma iniciativa para conscientizar sobre o transtorno e o espectro autista. A hashtag #respectro, abreviação do lema, ressalta a diversidade e infinidade das pessoas do espectro.

O que é o autismo ou Transtorno do Espectro Autista (TEA)

O autismo ou Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição que caracteriza um déficit na comunicação social (socialização e comunicação verbal e não verbal) e comportamento (interesse restrito e movimentos repetitivos), podendo ocorrer em vários níveis. Por isso, fala-se no espectro autista, que abrange desde condições mais leves às mais graves. Três características fundamentais marcam o autismo, sendo elas, dificuldade de comunicação, dificuldade de socialização e comportamento restritivo e repetitivo.

É importante ressaltar que o TEA afeta cada pessoa de uma maneira única. Portanto, é impossível falar sobre autismo sem considerar as peculiaridades de cada pessoa do espectro.

“Não há duas pessoas iguais no espectro” .

Keir Gilchrist, que representa Sam na série Atypical, para Yahoo Life

A importância da conscientização e do diagnóstico

Para Francisco Paiva Junior, editor-chefe e criador da Revista Autismo, a conscientização e o diagnóstico são dois pontos importantes que caminham juntos quando se fala em autismo. “Quanto mais conscientização, menos preconceito e mais diagnóstico”, afirma. Além disso, quanto mais cedo é feito o diagnóstico, melhores são as previsões de tratamento e qualidade de vida das pessoas com TEA.

“Muita coisa no autismo é controversa, mas o que ninguém discute é que quanto antes você começa a tratar maiores as chances de se ter mais qualidade de vida.”

Francisco Paiva Junior

Para ele, existem três desafios principais no diagnóstico: a falta de acesso a especialistas, como neurologistas e psiquiatras, e a falta de informação de profissionais de outras áreas da saúde e da sociedade sobre o transtorno. Ele cita que outros profissionais, principalmente pediatras, poderiam levantar suspeitas, mas não levantam por desconhecimento. 

“A minha percepção é de que muita gente não tem diagnóstico ainda. E, se não tem um diagnóstico, não está tratando”, pontua. Vale lembrar também que o tratamento do autismo é especializado e envolve várias áreas da vida das pessoas do espectro. Portanto, não é um processo fácil e nem barato.

Autismo em meninas

O diagnóstico em meninas é um desafio ainda maior. Apenas uma menina é diagnosticada com autismo para cada quatro meninos. Para o jornalista, protocolos de diagnóstico e tratamento ainda têm como foco o TEA em meninos, ignorando características das meninas e do autismo em meninas.

Além disso, elas se mostram mais capazes de mascarar alguns sinais de autismo, podendo chegar à fase adulta ou passar toda a vida sem o diagnóstico. Essa camuflagem acaba gerando muito sofrimento, pois exige um esforço constante e elaborado. Frequentemente, elas podem apresentar exaustão física e ansiedade extrema.

Saiba mais em: Autismo em mulheres: os custos da camuflagem do autismo

“Muita gente que tem o diagnóstico tardio conta um certo alívio. Ela começa a perceber sentido em situações que passou na vida. Percebe que não é preguiçosa, que não é burra, que não é medrosa ou que tem falta de maldade. Vários adjetivos são colocados nessas pessoas injustamente e, com o diagnóstico, elas passam a entender que não são nada disso”, reflete o jornalista Francisco Paiva Junior.

Sinais de autismo em crianças (Produzido pela autora, com base em entrevistas)

Para mais detalhes, acesse: Quais os sinais e sintomas de autismo?

O papel da família e da escola

O papel da família e da escola também é fundamental no tratamento e cuidado de pessoas com autismo. Segundo o jornalista, métodos alternativos de aprendizagem e de aferir o conhecimento podem ser muito positivos para crianças do espectro. Ele também avalia a situação por outra perspectiva e aconselha as pessoas a fazerem o mesmo. 

“Não devemos só olhar as limitações e os comprometimentos dessas pessoas, mas olhar os seus potenciais. Existem características que podem ser uma limitação em um contexto, mas que em outro são uma vantagem”, avalia.

Combatendo preconceitos

O jornalista finaliza ressaltando a importância da informação no combate aos discursos capacitistas e estereotipados. “Quando você informa você consegue fazer com que a outra pessoa tenha o reconhecimento necessário para ter empatia”, afirma.

“A melhor maneira é a informação. Acredito nisso desde 2010 quando criei a Revista Autismo.”

Francisco Paiva Junior

Leia também: Sophia Mendonça: “Meu maior fantasma não foi o autismo, foi ser transgênero”

Sarah Rabelo

1 comentário

  • […] Em artigo para o Colab, o editor-chefe da Revista Autismo, Francisco Paiva Junior, afirmou que não devemos olhar só as limitações e os comprometimentos de pessoas autistas, mas olhar também os seus potenciais. A colorista digital Marina Amaral e o desenhista Stephen Wiltshire são alguns exemplos de casos em que o diagnóstico do TEA os ajudaram a compreender seus talentos. Você percebe características únicas suas que considera um talento ou vantagem? […]