Por Sarah Streicher.
The Wilds é uma série estadunidense adolescente de drama sobre um grupo de garotas que está a caminho de um fim de semana em um retiro para mulheres no Havaí, o “Despertar de Eva”. Nesse meio tempo, o avião que as transportava cai e elas acabam em uma ilha deserta.
Ao longo dos 10 episódios que compõem a primeira temporada, vários desdobramentos foram construídos para, aos poucos, deixar claro que nada na história da série é por acaso. Todos os conflitos e obstáculos têm uma razão de acontecer no momento e da forma que acontecem, desde o acidente de avião até a quarentena que as garotas fazem após serem resgatadas. Ao longo dos episódios, nós vamos descobrindo coisas cada vez mais bizarras como o papel da personagem Gretchen que é a cabeça idealizadora de todo o projeto por trás do “desastre”.
Um ponto crucial para que haja o entendimento disso são os flashbacks, que representam a maior parte da história. Eles são de extrema importância para a construção do enredo, para que possamos entender a personalidade de cada personagem e como cada uma delas chegou até ali. Tudo isso interfere na forma como elas se relacionam e passam pelos conflitos na ilha.
Assim como os flashbacks, precisamos destacar também os flashforwards, que representam o tempo à frente, quando as garotas tecnicamente já foram resgatadas e estão em quarentena sendo entrevistadas por detetives que colhem as informações de uma por uma. Esses momentos também ajudam a entender o porquê de algumas coisas não só sobre as meninas e a ilha, mas também sobre Gretchen e todo o sistema envolvido por trás. Com isso, puderam ver que, no fim das contas, elas não foram resgatadas e apenas passaram para a outra fase do experimento.
Ao todo são 9 meninas que acabam parando na Ilha, Shelby, Nora, Rachel, Dot, Fatin, Leah, Martha, Toni e Jeanette. E é interessante também observar como elas têm espaço nos episódios específicos de cada uma para mostrar a sua história e a sua vida de antes por meio dos já citados flashbacks. A partir daí, é possível observar que as 9 realidades são totalmente diferentes, cada garoto possui seus próprios problemas pessoais e traumas, o que ocasionou várias discussões e desentendimentos na ilha.
Apesar de os episódios retratarem a vida de pessoas totalmente diferentes, eles abordam de formas distintas um tema em comum, que é a pressão social sobre os jovens, mostrando os relacionamentos tóxicos de amizade, de pai para filho e vice-versa, incertezas “comuns” entre adolescentes, questões religiosas, estereótipo do belo, enfim todas essas questões que acabam construindo a suas personalidades para a vida adulta.
Por fim, a série tem o intuito de abordar e explorar o empoderamento feminino. No decorrer dos episódios conhecemos mais sobre a personagem Gretchen e todo o objetivo dela por trás do experimento gira em torno disso. Além do mais, pode-se concluir isso pela configuração da produção, criada e feita majoritariamente por mulheres. Não só apresenta oito protagonistas femininas, como também demonstra que a estada na ilha contribui para cada uma no seu jeito e no seu tempo a ganharem uma perspectiva de vida e empoderamento nesse período, sem influência masculina.
The Wilds (Vidas Selvagens) 2020, Original Amazon Prime Video.
Direção: Cherie Nowlan, Ed Wild, Haifaa Al-Mansour, John Polson, Susanna Fogel,
Sydney Freeland, Tara Nicole Weyr.
Roteiro: Sarah Streicher
Elenco: Alison Bruce, Barbara Eve Harris, Bella Shepard, Bonnie Soper, Britta
Brandt, Carter Hudson, Chi Nguyen, David Sullivan, Dionne Gipson, Emmett Skilton,
Erana James, Greg Bryk, Helena Howard, James Fraser, Jarred Blakiston
Duração: 10 episódios com cerca de 50 min. 522 minutos totais.
Trabalho produzido para a disciplina Análise e Crítica de Filmes, do curso Cinema e Audiovisual.