“Quem matou Eloá?”: feminicídio e violência midiática

Referenciado como “crime de amor” pelos principais veículos de comunicação do país, o assassinato de Eloá Cristina Pimentel e a cobertura midiática dele são recuperados, agora, criticamente, no documentário de Lívia Perez. O objetivo do filme “Quem matou Eloá?” é discutir a naturalização social da violência contra a mulher.

Eloá foi mantida presa durante 100 horas por seu ex-namorado, Lindemberg Alves, de 22 anos. Tudo foi transmitido ininterruptamente por diversas emissoras de TV. No dia 17 de outubro, o episódio culminou com a morte da garota, de apenas 15 anos de idade.

Oito anos depois, os entrevistados Ana Paula Lewin, Analba Teixeira, Augusto Rossini, Elisa Gargiulo e Esther Hamburger ficam diante, novamente, das cenas que mobilizaram o país durante 5 dias. Eles apresentam reflexões que problematizam a violência contra a mulher e o machismo impregnado nas narrativas engendradas pela mídia.

Em entrevista à revista Carta Capital, a diretora do filme afirma que “a imprensa não só noticiou como explorou intensamente o sequestro na ânsia de conseguir um furo. Praticamente todas as tevês abertas e os principais jornais do estado entrevistaram o sequestrador durante o crime. Alguns deles o fizeram ao vivo com jornalistas e repórteres se posicionando como negociadores”. Segundo Perez, ainda em declaração à Carta Capital, a cobertura foi abusiva, “pois o feminicídio é um problema muito sério no Brasil que é o quinto país que mais mata mulheres no mundo e, apesar de a imprensa explorar intensamente o crime, não o discutiu de forma séria”.

Leia a entrevista na íntegra em: http://www.cartacapital.com.br/sociedade/quem-matou-eloa-a-midia-e-a-violencia-contra-a-mulhe 

O filme completo pode ser assistido em: http://portacurtas.org.br/filme/?name=quem_matou_eloa

PARA SABER MAIS

 

Juliana Gusman é graduanda do curso de jornalismo da PUC Minas. É membro do grupo de pesquisa Mídia e Narrativa e monitora do Centro de Crítica da Mídia.