Por Gabriela Barbosa. No último dia 8 de março, a editora Boitempo lançou um livro importante que traz fôlego novo para o movimento feminista: o Feminismo para os 99%, publicado simultaneamente em oito países. Em tempos nos quais o movimento feminista deve fugir completamente das garras do neoliberalismo, a professora de filosofia Cinzia Arruzza, a professora de história Tithi Bhattacharya e a filosofa Nancy Fraser fazem um chamado que busca revisar e reajustar o seu eixo. Elas são algumas das idealizadoras da Greve Internacional das Mulheres (Dia Sem Mulher) e propõem reflexões em onze teses sobre os rumos que o feminismo precisa tomar na atual conjuntura.
Para as autoras, estamos vivendo uma crise civilizatória, que tem não só viés político, mas social, econômico e ambiental. Em momentos como esses, os corpos mais afetados são aqueles já marginalizados pelo sistema capitalista. Assim, as três teóricas procuram evidenciar que a luta precisa abarcar não só um, mas um conjunto de visões que não deixam ninguém pelo caminho. Um feminismo que não é representado pela perspectiva liberal de mulheres nos altos escalões das corporações, mas, sim, representado por propostas anticapitalistas, antirracistas, antiLGBTfóbicas, ecossocialistas e internacionalistas. Um feminismo que dialogue com todas as mulheres, e não algumas poucas afortunadas.
A edição brasileira conta com o prefácio da deputada federal e militante feminista negra Talíria Petrone. Já o texto de orelha ficou sob responsabilidade de Joênia Wapichana, primeira mulher indígena a ser eleita deputada federal, advogada, militante das causas indígenas e dos direitos humanos. Ao longo dos últimos meses, a TV Boitempo compartilhou alguns vídeos com comentários sobre a perspectiva proposta por Arruzza, Bhattacharya e Fraser. O primeiro deles é da Talíria Petrone, que comenta o significado de um feminismo para os 99%.
No segundo, Flávia Biroli, cientista política, explica a problemática da reprodução social em diálogo com o livro publicado:
E, no terceiro, a filósofa Yara Frateschi comenta sobre as principais ideias apresentadas pelo Feminismo para os 99%:
Além disso, o podcast Revolushow convidou cinco vozes femininas para falar, comentar e expor suas impressões sobre o lançamento da Boitempo:
Gabriela Barbosa é mestranda da Comunicação Social na área Interações Midiatizadas pela PUC Minas e graduada em Comunicação Social (Publicidade e Propaganda) pela mesma instituição. Bolsista pela CAPES, membro do grupo de estudo Mídia e Narrativa e integrante do Centro de Crítica da Mídia, ambos da PUC Minas. Com produções acadêmicas voltadas para as áreas de mediação, literatura, leitura, gênero, feminismo e reconhecimento, é também responsável pelo podcast “Uma leitura toda sua” voltado para a produção literária de mulheres.