Por Roberto Barcelos. O jargão “all facts” (fatos alternativos) utilizado pela assessora especial do Donald Trump, Kellyanne Conway, chamou a atenção da imprensa estadunidense. A expressão foi uma quebra na relação entre a indústria de notícias e o governo, pois eles sempre se compreendiam quanto à logística eleitoral e política quando lidavam com dados, fatos e eventos.
A estratégia comunicacional adotada tenta suprir um dos principais pontos fracos do Trump, a imprensa. A possibilidade de uma nova interpretação para o que é divulgado sobre as suas capacidades como governante e popularidade é pautada, mas isso de acordo com adeptos aos “fatos alternativos”. Para eles, a verdade é tudo o que está ao seu favor.
O jornalista Carlos Castilho escreveu em seu artigo “A doutrina dos fatos alternativos” que estamos na era da “pós-verdade”, palavra escolhida pelo dicionário Oxford para o ano de 2016. De acordo com o dicionário, o termo é: “relativo ou referente a circunstâncias nas quais os fatos objetivos são menos influentes na opinião pública do que as emoções e as crenças pessoais.”
O linguista russo Greimas pensou o conceito do Quadrado Semiótico ao observar a posição dos eixos semânticos da fala, principalmente a relação do discurso em pontos antagônicos ou semelhantes. Os “fatos alternativos” podem ser pensados da mesma forma, em uma relação onde a verdade e a mentira se relacionam no “ser” e “não ser”. A imprensa estadunidense enfrentará uma possível degladiação com a assessoria do Trump, pois o compromisso de anunciar fatos foi alterado pela busca inerente da verdade.
Para saber mais, leia o artigo publicado no Observatório da Imprensa.
Roberto Barcelos é graduando do curso de jornalismo da PUC Minas e monitor do Centro de Crítica da Mídia.