Anne with an E – Crítica da 1ª temporada

           Anne Shirley e Matthew Cuthbert ao se conhecerem, a caminho de Green Gables.
Foto: Divulgação/Netflix 

Por Gustavo Macedo; Julia Greinert; Letícia Mattos; Pedro Jellinek.

Anne with an E é uma produção e adaptação da Netflix em parceria com o canal canadense CBC, baseada nos livros de 1908 Anne de Green Gables, escrito por Lucy Maud Montgomery. A série conta a história de Anne Shirley (Amybeth McNulty), garota órfã de 13 anos que foi enviada por engano para a casa de Marilla (Geraldine James) e Matthew Cuthbert (R.H. Thomson). Os irmãos, que inicialmente haviam pedido a guarda de um garoto para ajudar na fazenda, recebem Anne, que por sua vez fica eufórica ao saber que será adotada. A jovem já no primeiro episódio exibe muito bem a sua personalidade peculiar: ela fala sem parar, utiliza um vocabulário difícil que aprendeu lendo livros, é muito imaginativa e deslumbrada com a vida, além de não esconder seu anseio por finalmente ser parte de uma família. 

Logo de início, vemos que Matthew já se apega à garota, apesar de Anne ser considerada irritante e mal criada pelos outros habitantes de Avonlea, cidade fictícia no Canadá. Marilla, por sua vez, não se agrada nem um pouco com o engano. No entanto, é convencida por Anne a lhe oferecer uma semana de teste para que ela se prove útil, quando a menina argumenta que garotas conseguem fazer tudo o que garotos fazem. A partir daí, a pequena Anne dá início à sua encantadora história de superação e adaptação em sua nova família. Ao longo da obra, ela conquista os personagens da série, que se acostumam com sua personalidade diferente e passam a gostar da garota, bem como o público.

Com o passar dos episódios, vemos como Anne lida com seus traumas do orfanato, em que era maltratada e proibida de ler, além de ter sido psicológica e fisicamente abusada em outras casas. Quando vai para a escola em Green Gables, ela percebe que seu jeito progressista de pensar não cabe bem na realidade em que foi inserida, a fazendo se sentir estranha e excluída. Porém, essas questões irão paulatinamente se resolvendo ao longo da temporada. 

Anne recitando um poema durante a aula. – Foto: Divulgação/Netflix 

Além do desenvolvimento de Anne, a história também foca na evolução de outros personagens, principalmente na de Marilla. Inicialmente colocada como uma senhora séria e fria, a série nos faz pensar que Marilla seria um tipo de “vilã”, porém, acontece justamente o contrário. Com a chegada da garota em seu lar, Marilla vê sua vida se transformando e descobre o seu lado materno, além de aprender muitas questões com a própria Anne. Ela questiona suas atitudes, seu papel como mulher na sociedade, e procura a melhor forma de se tornar um exemplo a ser seguido pela garota.

A temporada foca na adaptação de Anne em Avonlea, e por mais que seja uma obra de época, que se passa em 1890, as pautas e críticas abordadas não são antiquadas. São discutidos temas como traumas de infância, pressão social para se casar e formar uma família, machismo, bullying, luto, o tabu ao redor de assuntos sexuais e muitos outros. A série, dessa forma, trabalha pautas atuais vistas de uma ótica antiga, mas sem perder a relevância. Essas questões são abordadas de forma muito natural dentro da série, sem parecer algo forçado para criar engajamento de um público que tem interesse sobre os temas.

Anne with an “E” – 1 Temporada (Canadá, 2017)

Direção: Amanda Tapping, David Evans, Paul Fox, Helen Shaver, Niki Caro, Patricia Rozema, Sandra Goldbacher

Roteiro: Moira Walley-Backet

Elenco: Amybeth McNulty, Dalila Bela, Geraldine James, Lucas Jade Zumann, R.H. Thomson, Aymeric Jett Montaz, Christian Martyn, Helen Johns, Ryan Kiera Armstrong, Ella Jonas Farlinger, Deborah Grover, Michelle Giroux, Daniel Kash, Michael Crawford, Rob Ramsay, Brenda Bazinet, Stephen Jackson, Corrine Koslo, Lia Pappas-Kemps

Duração: 7 episódios com cerca de 44 minutos

Trabalho produzido para a disciplina de Jornalismo Cultural do 8° período do curso de Jornalismo do Coração Eucarístico.


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