Por Fabiana Ribeiro.
A disseminação do coronavírus desencadeou momentos de incertezas e questões complexas. Edgar Morin, sociólogo e filósofo francês, conhecido como mestre da complexidade, comentou sobre a crise do coronavírus em sua página oficial do Twitter e lembrou “uma das grandes lições da crise: não podemos escapar da incerteza. Ainda estamos na incerteza da cura do vírus, na incerteza dos desenvolvimentos e consequências da crise. Uma missão da educação: ensinar a enfrentar a incerteza.”
Pensando neste contexto, propomos uma breve reflexão sobre a relação desse momento de incertezas e os desafios do processo de ensino no ambiente on-line.
Pensar no processo de ensino-aprendizado on-line não se limita apenas a pensar na educação a distância, mas entender que esse é um conjunto de esforços e práticas para transmitir conteúdo e conhecimento por meio do ciberespaço. A sociedade da informação trouxe avanços tecnológicos e, consequentemente, novas formas de relacionamento e ferramentas de ensino. A popularização dos aparelhos celulares, o surgimento de redes sociais, aplicativos e plataformas virtuais construíram um mundo hiperconectado, que pede por iniciativas de educação e formas de aprendizagem on-line que sejam colaborativas, esclarecedoras, orientadoras, e não apenas transmissoras de conteúdo.
Diante de tantos recursos digitais, os profissionais da educação passam por um processo de reinvenção do seu papel. Com a facilidade ao acesso de conteúdos, o professor passa de transmissor para também mediador e curador de informações. Os diversos meios virtuais desafiam os educadores a proporem atividades que estimulem a participação dos alunos e que gere conexões por meio de uma dinâmica de constantes trocas e interações.
Com todas essas transformações, estamos aprendendo uns com os outros e diariamente construindo experiências reais por meio dos diálogos, utilizando da linguagem digital em uma comunicação que envolve diversos meios e formas. Não podemos afirmar se a educação on-line será considerada uma tendência para substituir ou complementar a educação formal, mas não podemos negar a sua importância como alternativa para enfrentar o momento atual.
Contudo, mesmo em tempos de cibercultura, é inevitável não abordar nessa discussão sobre os que não têm condições de acesso e, consequentemente, ficam prejudicados no processo de aprendizado. No cenário de uma pandemia, evidencia-se a real dificuldade enfrentada por alunos mais pobres para terem acesso à educação on-line, o que faz com que ela permaneça em um lugar de desafio político e social. Isso reforça a necessidade de propostas inovadoras não apenas no âmbito tecnológico, mas também no de novas apostas pedagógicas, que conversem entre si a fim de diminuir riscos que podem vulnerabilizar a educação no país.
Fabiana Ribeiro é mestranda do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da PUC Minas