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#PraTodosVerem pessoa de costas segurando um celular com a logo do aplicativo TIK TOK exibindo na tela

O efeito TikTok

O efeito TikTok é viciante e prende o usuário: o que o diferencia dos demais é sua timeline de vídeos curtos.

A partir de uma conversa com a BBC News, o especialista em tecnologia chinesa Matthew Brennan explica que o efeito TikTok é mais viciante porque é a plataforma com o algoritmo mais preciso, visto que o sistema de machine learning recebe mais informações em menos tempo. 

Num minuto, o usuário pode ver até cinco vídeos, proporcionando mais dados para que o algoritmo aperfeiçoe sua “for you page”. Em outros aplicativos, como YouTube ou Netflix, o indivíduo pode passar horas sem encostar na tela, ou seja, sem dar nenhum feedback.

O Tiktok surgiu em 2014 e originalmente se chamava Musical.ly, até ser comprado pela empresa Byte Dance, que na época tinha um aplicativo parecido chamado Douyin. Em 2017, o Musical.ly se tornou o TikTok, plataforma para compartilhar vídeos de 15 a 60 segundos. Em 2018, o app estava disponível em mais de 150 países com 75 línguas diferentes, se popularizando no ano de 2019. Seus algoritmos foram pensados de maneira a se tornar um vício, com tela de rolagem infinita e  conteúdo personalizado com as preferências do usuário e organizado com hashtags especializadas. 

Em 2020 o TikTok se tornou o software com mais downloads, ultrapassando o Facebook e o WhatsApp, segundo o App Annie, empresa de monitoramento de performances de aplicativos em escala global. Esse crescimento rápido está diretamente ligado à pandemia da covid-19, pois devido ao confinamento, as pessoas acabam utilizando o app com mais frequência, acelerando em três anos  o desenvolvimento da plataforma.

#Acessibilidade vídeo ilustra o humorista Mateus Pesce caracterizado como duas mulheres diferentes rindo e fazendo caretas com a legenda "Eu e minha amiga rindo da nossa chefe". Na cena seguinte, Mateus Pesce aparece caracterizado com uma peruca longa e óculos, expressão irritada, com a legenda "Ela (a chefe) chega". As duas mulheres funcionárias param de rir. Neste momento uma das funcionárias que estava rindo diz "Ai, que susto! 'Cê quase que me mata de susto!" e então retorna ao trabalho.

Segundo pesquisa realizada pela Kantar Ibope no Brasil, o acesso ao TikTok aumentou 35% entre adolescentes e jovens adultos durante a quarentena. Em análise, o relatório digital de 2021 mostra que 47% da população brasileira usa o TikTok, alcançando a nona posição no ranking dos aplicativos mais usados. O fato surpreendeu muitos. Apesar de a empresa não divulgar a quantidade de pessoas que usam o programa, no início do ano de 2020, estimava-se que eram  sete milhões de usuários, um número que cresceu consideravelmente.

Recentemente, em levantamento feito pelo SensorTower, o TikTok se consolidou como app mais baixado durante a pandemia da covid-19, batendo a marca de dois bilhões de downloads no primeiro trimestre de 2020, sendo  sete milhões o número de brasileiros cadastrados no país, segundo a GlobalWebIndex. Dentre esses usuários, 40% têm entre 16 e 24 anos e 90% deles usam a rede social diariamente. Entretanto, somente 55% têm o hábito de postar vídeos próprios.

O tiktoker belorizontino Mateus Pesce, que tem 1,3 milhões de seguidores,  afirma que não monetiza os vídeos do TikTok e que produz conteúdo por diversão. O sucesso do influenciador começou na pandemia, há um ano, e o confinamento foi um fator que o ajudou a viralizar. Segundo Mateus, os vídeos estavam sendo entregues mais rapidamente aos usuários. Pesce diz amar o que faz, descobrindo um talento que não sabia ter, não conseguindo mais parar. Ele  não tem as redes sociais como principal atividade,  é funcionário de uma empresa, mas consegue conciliar os trabalhos.

@mateuspesce

Ser tímido as vezes é bom!

♬ som original – Allan Gomes
#Acessibilidade O vídeo começa com Mateus Pesce encenando que está cantando uma nota contínua em tom "masculino" enquanto usa uma lata como microfone. A legenda diz "Toda igreja tem: o visitante".
Na cena seguinte, uma voz feminina interrompe a nota contínua com outra nota contínua um pouco mais forte. Mateus Pesce aparece usando uma peruca vermelha longa e uma regata roxa. A legenda diz "Toda igreja tem: a filha do pastor".
Na última cena, outra voz feminina interrompe o canto anterior com uma nota contínua mais forte e "profissional". Mateus Pesce aparece usando uma peruca preta longa com franja, óculos de grau com armação preta, camisa xadrez marrom e branca com um colete preto e ainda usando a lata como microfone. A legenda diz "Toda igreja tem: a tímida".

A empresa ByteDance revelou que o tempo de uso do app dobrou de 30 para 60 minutos por dia desde março de 2020. Este dado mostra como essa rede está se tornando parte da rotina online dos brasileiros. De acordo com a publicitária, especialista em marketing digital e pós-graduanda em influência digital pela PUC-RS Fernanda Blom, o efeito viciante que o TikTok produz está relacionado ao fato de que a plataforma, como a de outras redes sociais, é facilmente “engolida” e está presente no dia-a-dia dos usuários. Blom aponta para o termo ‘usuário’ e compara a utilização deste, em aplicativos como o TikTok, com a mesma forma que é usada para caracterizar dependentes químicos.

A facilidade de acesso mesclada a formas de premiação entre os usuários, além de inteligências artificiais, fazem com que o acesso ao aplicativo seja cada vez maior, como afirma a publicitária. “É um formato viciante, porque você não precisa de muitas interações. Com apenas alguns scroll downs (rolar a tela) você passa horas assistindo conteúdos dos mais diversos tipos. De pessoas dos mais variados locais do seu país. Quando você vê, já passou horas vendo vídeos que nem mesmo são do seu interesse”.

Assim como diversas outras startups, o TikTok teve seu sucesso baseado principalmente em planejamento, estratégia e marketing. Contudo, o isolamento social possibilitou a essa rede uma popularização rápida. Embora seja recente, o aplicativo está evoluindo consideravelmente e hoje é uma das plataformas mais acessadas no Brasil e no mundo.

Conteúdo produzido por Isabella Martins, Isadora Pimenta e Marianna Loureiro, estudantes de jornalismo da PUC Minas

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