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Foto colorida da escultura "Mão" de Oscar Niemeyer. Em primeiro plano, a escultura que mostra uma mão para cima com os dedos abertos e com o mapa da América Latina escorrendo sangue na palma da mão

América Latina: o que significa ser latino-americano?

Entenda o conceito por trás de latinidade e da ideia de unificação dos países da América Latina

Considerado um dos melhores álbuns brasileiros de todos os tempos, como aponta a apuração feita pela rádio Novabrasil FM, o álbum de estreia dos Secos e Molhados completa 50 anos em 2023. As letras poéticas de Ney Matogrosso combinadas com o instrumental e o figurino característicos da banda tornaram o disco um clássico da MPB. “Sangue Latino”, canção de destaque do álbum, é mais uma de tantas obras musicais do período ditatorial sul-americano que exaltam a latinidade como a identidade de um povo.

Clipe da música Sangue Latino interpretado pela banda Secos e Molhados

Venas Abiertas” de Mercedes Sosa — uma referência ao livro As Veias Abertas da América Latina, do jornalista uruguaio Eduardo Galeano — e “Canción Por La Unidad de Latino América” de Milton Nascimento e Chico Buarque são outras, de tantas canções, que reverberam o sentimento anti-imperialista e de valorização dos países latino-americanos. Mas afinal, o que é a América Latina? O que significa ter o “sangue latino”? Existe realmente uma identidade latino-americana?

O conceito de latinidade é ainda mais complexo do que as licenças poéticas das músicas e dos significados encontrados no Google. Para compreendê-lo além da ideia de um povo, é preciso um aprofundamento histórico e geopolítico.

A origem do nome “América Latina”

À luz da história, apesar de não ser unanimidade entre os pesquisadores, o argentino Carlos Calvo, o colombiano José María Torres Caicedo e o chileno Francisco Bilbao são os nomes mais famosos por trás da origem do termo “América Latina”. No artigo A Invenção da América Latina, Héctor Hernan Bruit, que foi pesquisador do Centro de Memória da Unicamp, aborda a criação desse termo como consequência dos interesses econômicos da França na segunda metade do século XIX, com intenção de se aproximar das ex-colônias ibéricas nas Américas — países colonizados por Espanha e Portugal.

A expressão “latino” é uma invenção europeia e sua origem está diretamente ligada a Roma, à Igreja Católica e à monarquia, como explica o artigo de Bruit. De acordo com sua pesquisa, foram justamente os interesses dos franceses em estabelecer uma relação de semelhança para se aproximar dos países de língua portuguesa e espanhola nas Américas que ajudaram a conceber a ideia de “latinidade”.

Rodrigo Corrêa Teixeira, professor do Departamento de Relações Internacionais e do Programa de Pós-Graduação em Geografia da PUC Minas, destaca que: “o nome “América Latina” é resgatado e ganha força quando a ONU é criada. Diante da criação da ONU, criou-se também a Comissão Econômica para América Latina e o Caribe (CEPAL), que fortalece essa nomenclatura”. A partir disso, para além da invenção europeia e da divulgação estadunidense da “latinidade”, pensadores latino-americanos passaram a questionar a coerência desse conceito. Um exemplo importante desse momento é o livro publicado em 1945 pelo peruano Luis Alberto Sánchez, chamado “¿Existe América Latina?, em que discute as reações políticas e culturais que envolvem a região.

O professor expressa incômodo com uso do termo “América Latina” já que, segundo ele: “existe a presença africana na formação da sociedade, da própria demografia do Brasil e de outros países, que vem de um processo terrível: o sistema transatlântico de escravizados”. Para ele, a referência apenas à Europa para constituir o nome “América Latina” é um problema, devido à importância africana na formação cultural, social e política dessa região e, também, pela presença dos povos originários. “Hoje, quando você pensa em Guatemala, Bolívia, Equador, Peru, México, entre outros, mais de 60% da população é de origem indígena”, argumentou.

Rodrigo Corrêa Teixeira ainda propôs uma reflexão sobre o nome “América” — uma referência ao navegador italiano Américo Vespúcio — e o adjetivo “Latina”, — associado à língua e cultura romanas — sugerindo a hipótese de uma nova nomenclatura que não faça referência unicamente à presença europeia, mas que também envolva as perspectivas indígena e africana, que tiveram forte influência no desenvolvimento da região. Ele cita o termo “Abya Yala”, da língua do povo Kuna, da Colômbia e Panamá, que vem sendo adotado como uma alternativa para a expressão “América”, em uma postura anti-imperialista e de valorização da presença indígena no território.

Carlos Walter Porto-Gonçalves discute em seu texto “ABYA YALA”, as implicações históricas, políticas e culturais da utilização desse termo.

Edison Gomes, professor do Departamento de História do Instituto de Ciências Humanas da PUC Minas,destaca os movimentos “decoloniais” que foram resgatados no final do século XX e que vão colocar em pauta o reconhecimento e valorização dos povos originários na América Latina. Segundo o professor, a grande proposta desses movimentos é uma construção identitária a partir da etnia, da religião e da cultura desses povos, que foram relegados por muito tempo. Neste século, o professor ressalta algumas correntes que seguem esse pensamento decolonial, como o resgate da cultura Mapuche, no Chile, e da cultura Aymara, na Bolívia, principalmente durante o governo de Evo Morales.

Ele cita o livro, A invenção da América, do historiador e filósofo mexicano, Edmundo O’Gorman, que defende que aqueles que produziram a imagem que temos da América hoje, foram os europeus e, portanto, não houve um reconhecimento da perspectiva indígena.

Leituras interessantes sobre o tema: “Chile: comunidade Mapuche em tempo de retomadas” publicado pelo Instituto De Estudos Latino-Americanos da Universidade Federal de Santa Catarina. A reportagem “Arte e cultura marcam novas lutas do povo mapuche no Chile”, de Mayara Paixão para o jornal Brasil de Fato. E a notícia Bolivianos traduzem Facebook para idioma aimara, publicada em 2014 pelo jornal Exame, evidenciando a valorização da língua “aymara” na Bolívia

A formação dos estados-nacionais

Edison Gomes, defende que a latinidade e a ideia da construção de uma identidade é mais complexa porque é um tanto quanto intangível. Segundo o professor, é interessante pensarmos a América Latina a partir da criação dos estados nacionais, pois esse processo foi importante para a construção identitária dos países e, consequentemente, teve influência na concepção política e cultural da América Latina de hoje.

No livro História da América Latina: Cinco Séculos (Temas e Problemas), Claudia Wasserman, professora e pesquisadora do Departamento de História da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), explica que os processos de construção dos estados nacionais possuem duas características centrais, uma “econômico-social” e outra “político-militar”. O primeiro tópico tem relação com a expansão do modo de produção capitalista e a instauração do “poder burguês” na sociedade latino-americana. Já o segundo, está associado aos movimentos de independência propriamente ditos.

No livro, Claudia Wasserman comenta que os processos de formação dos estados nacionais na Europa foram influentes para as mobilizações que ocorreram na América Latina mas que, ao contrário do que ocorreu do outro lado do Oceano Atlântico, não existiu por aqui um “elemento aglutinador”. Segundo ela, as diferentes regiões tinham dificuldade em se aproximar devido às “divisões administrativas” controladas pela metrópole, que faziam com que esses locais se tornassem regiões produtivas isoladas. Questões de desenvolvimento tecnológico alinhadas às barreiras geográficas também complicaram o contato entre as diferentes regiões. Além disso, a autora afirma que, tanto para as classes mais baixas quanto para a elite “criolla” — aristocratas de descendência espanhola que tinham poder político e econômico sobre essas regiões — a ideia de nacionalismo não existia, ao contrário do que era visto nos países europeus.

De acordo com a pesquisadora, por influência do expansionismo de Napoleão Bonaparte na Europa e do declínio político e econômico dos países ibéricos, as revoltas e articulações para criação dos estados nacionais e emancipação das colônias foram, em sua maioria, bem sucedidas. Todavia, o isolamento entre as regiões e os obstáculos comunicacionais se tornaram fatores importantes para o insucesso das tentativas de unificação dos países latino-americanos, idealizados por algumas figuras chamadas de “libertadores”, como é o caso de Simón Bolívar e San Martín.

A título de curiosidade, cabe aqui uma recomendação do artigo Abreu e Lima: um brasileiro entre os Libertadores da América de Ricardo Abreu de Melo, Mestre pelo Programa Interunidades de Integração da América Latina PROLAM/USP.

Os “libertadores” e a unificação

O professor Edison Gomes destaca que, apesar das guerras de independência e a constituição dos estados nacionais terem sido bem sucedidas, a ideia de América Latina como um conjunto sempre foi mais complicada. Os “libertadores”, por sua vez, foram personagens fundamentais para o processo de independência de alguns países latino-americanos e carregavam entre si o ideal de unificação dos territórios.

“Simón Bolívar e San Martín, apesar de terem perspectivas diferentes, tentaram, em várias oportunidades, promover a integração formal entre os países da América Latina. Inclusive, tem um documento importante e muito significativo que trata disso, a Carta da Jamaica, de 1815, quando, na mesma ocasião, na Europa, os países viviam o Congresso de Viena, que em síntese seria a proposta de recolonização dos países latino-americanos”, comenta Edison Gomes. 

A Carta da Jamaica foi um texto escrito por Simón Bolívar para um comerciante britânico refugiado em Kingston, na Jamaica, que relembrava a colonização espanhola no continente e relatava os eventos que culminaram na emancipação das colônias. Na carta, Bolívar expressava seu sonho de unificar os países latino-americanos.

Duas pinturas coloridas. Na esquerda, San Martín, com vestes militares, olha para o horizonte em um cenário montanhoso. Na direita, um retrato de Simón Bolívar com veste militares e uma cortina no fundo.
Os libertadores San Martín e Simón Bolívar

“Desejo, mais que qualquer outro, ver formar na América a maior nação do mundo, não tanto por sua extensão e riquezas, quanto por sua liberdade e glória”

– Simón Bolívar

Ainda que os libertadores tivessem tentado efetivar a unificação, Edison Gomes aponta que “para criar uma integração, é necessário que se constitua uma identidade”. Segundo ele, os movimentos identitários vêm sendo construídos desde o século XIX, após as independências, mas existe sobretudo um problema histórico. Nesta região sempre houve uma relação de “cima para baixo”, muito influenciada pela forma como os países ibéricos operam, onde é a elite política e econômica que conduz o progresso dos países e a população tem a participação efetiva reduzida diante desses processos, como relata o professor.

A Revolução Mexicana

Por volta da década de 1910 e meados de 1920, a Revolução Mexicana “inaugura” o século XX na América e se torna um dos momentos mais importantes para se entender a história do continente, afirma o professor Edison Gomes. Para ele, esse momento é importante, não só pelas disputas políticas, conduzidas, principalmente, pela elite e apoiadas pelo povo contra a permanência de Porfírio Dias no poder, nem pelo caráter econômico e social, com a defesa da recuperação dos “pueblos” e da reforma agrária, lideradas por Emiliano Zapata e Pancho Villa. O professor destaca, também, a importância do aspecto cultural desse período, pois, assim que os revolucionários tomaram o poder, houve uma busca pela formação educacional e cultural da população. Nesse sentido, Edison lembra de uma característica interessante no México, um movimento artístico denominado “muralismo”.

Pintura muralista colorida elaborada pelo artista mexicano Diego Rivera
Mural pintado pelo artista Diego Rivera

No texto da Enciclopédia Itaú Cultural que aborda esse movimento, o nome de Diego Rivera é tratado como “um dos principais expoentes do muralismo mexicano”. Ele, de fato, foi um homem dedicado à arte e aos seus ideais políticos, como mostra Marcia Helena Domingues Camargo em seu artigo Arte e Política: A Trajetória e o Muralismo de Diego Rivera. Segundo a pesquisa, Rivera considerava a arte como parte fundamental da identidade de um povo e utilizou do muralismo para aproximar os ideais revolucionários da população.

Frida Kahlo, um dos grandes ícones da história da arte, ao lado de seu parceiro, Diego Rivera, foram grandes responsáveis por resgatar as raízes da arte popular mexicana e divulgá-la para o mundo. Essa valorização da arte no processo revolucionário mexicano do início do século passado é descrita por Edison Gomes como uma forma de “manter a arte na rua, considerando que a arte é da população, e não fechada em museus e exposições onde apenas a elite vai ter acesso”. Nesse sentido, o fenômeno de “popularização da cultura” está alinhado, também, à valorização dos povos originários, aponta o professor.

“Actualmente, las nuevas generaciones han adoptado a Frida Kahlo como bandera del feminismo, de la discapacidad, de la libertad sexual y de la cultura mexicana, tanto por su lenguaje artístico, vestimenta y decoración de su casa, mediante los cuales rescata las raíces del arte popular”.

Secretaría de Cultura de México
Fotografia em preto em branco com um casal. Na esquerda, Frida Kahlo e ao seu lado Diego Rivera
O casal de artistas mexicanos Frida Kahlo e Diego Rivera

As ditaduras e o imperialismo estadunidense

Na opinião do professor Rodrigo Corrêa Teixeira, a latinidade só é verdadeiramente pensada após a Segunda Guerra Mundial e, apesar de figuras como a dos libertadores, “a ideia de identidade latino-americana deve muito mais ao movimento indígena — que nas últimas décadas ganhou mais expressão — ao movimento estudantil e aos movimentos de resistência às ditaduras militares”, comentou. A partir desse contexto, ele acentua que no período pós-guerra, durante a guerra fria, “quem pensa a América Latina são as esquerdas”, muito devido ao perfil nacionalista das ditaduras e da lógica bilateral na relação desses países com os Estados Unidos.

Nesse sentido, o professor vai destacar a importância fundamental da Revolução Cubana no que diz respeito à difusão da perspectiva revolucionária anti-imperialista, não só pelas Américas, mas também para outros continentes. Ele afirma que esse movimento eleva para outro patamar o papel do “revolucionário icônico”, com a figura de Che Guevara, que se torna uma das peças principais dentro da dinâmica de propagação dos ideais contrários ao expansionismo estadunidense na América Latina, e reforça o caráter decisivo da conjuntura de movimentos estudantis e indígenas.

Fotografia em preto e branco do revolucionário Che Guevara. Na imagem ele usa uma boina cobrindo seus cabelos longos enquanto olha para o horizonte
Che Guevara, uma das lideranças da Revolução Cubana

No recorte sul-americano, não existia uma ideia de união das ditaduras durante esse período, portanto, os interesses políticos particulares de cada nação eram os principais motivadores das relações. “O Brasil, historicamente, ficou, na maior parte do tempo, de costas para os vizinhos”, comenta o professor Rodrigo Teixeira. Ele conclui dizendo que o processo de reaproximação com os países vizinhos começa durante a redemocratização e só se torna mais concreto a partir dos governos Fernando Henrique Cardoso e Luís Inácio Lula da Silva, mas ainda num contexto voltado à América do Sul.

Por fim, Rodrigo lembra que, curiosamente, apesar de não haver um sentimento de união entre as ditaduras sul-americanas, aparecia no imaginário brasileiro essa relação de América Latina. Ele cita, por exemplo, Caetano Veloso cantando “Soy Loco Por Ti América” e Belchior cantando “Eu Sou Apenas Um Rapaz Latino-Americano”. 

“Era um reflexo de pensar uma unidade latino-americana que nos libertaria do jugo imperialista dos Estados Unidos e da Ditadura Militar”, comentou. “Era a esquerda, era resistência, que pensava que a unidade, com movimentos sociais, com grupos que combatiam a ditadura e o imperialismo, podiam formar essa latinidade”.

América Latina hoje

O professor Edison Gomes enxerga que, atualmente, o debate decolonial está pautado em como promover uma independência de fato, e volta a citar os processos de valorização e resgate dos povos originários como um objetivo dos movimentos sociais.

“Não adianta você ter uma independência formal, um estado nacional formado, uma constituição, se você não tem liberdade política e, muito menos, econômica”

Edison Gomes

A partir dessa lógica, ainda que os países latino-americanos façam “discursos de soberania e autodeterminação”, na prática, são obrigados a se submeter às determinações político-econômicas, principalmente, norte-americanas. Como forma de resistência, ele cita o Mercosul — bloco econômico composto por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai — mas destaca a hegemonia brasileira dentro do bloco. Em tom de crítica, aborda a ausência de uma “pegada identitária latino-americana” no Brasil e expõe um incômodo, como docente, ao observar nas provas de vestibulares, por exemplo, a presença do inglês como idioma principal: “Por que não falamos espanhol? Só nós não falamos!”.

Edison Gomes cita o antropólogo argentino Néstor García Canclini e sua obra Culturas Híbridas, para explicar a circunstância a que os países latino-americanos estão submetidos “entre a modernidade e tradição”. O professor cita o conceito de “poderes oblíquos”, levantado por Canclini, que entende-se como poderes que “transpassam a sociedade de cima para baixo e de baixo para cima”: “Há momentos em que somos extremamente modernos, mas constantemente recorremos à tradição”.

Ele ainda conclui dizendo que: “olhamos para fora e temos o desejo de ser igual aos outros, mas não somos norte-americanos ou europeus. E o que é ser latino-americano? A gente tem vergonha! Temos vergonha porque criaram uma narrativa de que o latino-americano é menor, é menos capaz, não tem acesso à educação, é miserável, é ingênuo. E quando falamos de movimento decolonial, é você dar voz aos subalternos, de dar oportunidade para essas pessoas se revelarem”.

O professor Rodrigo Corrêa Teixeira, por sua vez, cita a interdependência entre os países na atualidade como fruto das articulações econômicas que se criaram pelo mundo, desdobradas em relações políticas e diplomáticas. Como dito anteriormente, o Brasil nunca foi muito simpático com os vizinhos, e as movimentações mais claras de aproximação só acontecem após a ditadura militar durante os governos FHC e, sobretudo, durante a era Lula. Hoje, os interesses nessas articulações foram redobrados devido à mudança do foco econômico. A postura do governo Bolsonaro, no entanto, “não vislumbrava o potencial das articulações na América do Sul” e entendeu o papel do Brasil sob outra perspectiva, preferindo acordos com os “países desenvolvidos”, afirma o professor.

Rememorando as relações entre os países da América com outros países considerados desenvolvidos durante a história, Rodrigo aponta a condição periférica da região. Comenta, ainda, que alguns autores marxistas vão perceber um desgaste do modo de produção capitalista e compreender que a América Latina precisa buscar soluções, que podem ser encontradas no intercâmbio entre os países latino-americanos, mas também com países asiáticos e africanos para “romper com a dependência histórica com o norte”.

“É difícil pensar alternativas às estruturas do capitalismo global, embora sejam necessárias”

Rodrigo Corrêa Teixeira

Filipe Souza

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