A primeira participação do Brasil nas Paralimpíadas foi em 1972, e a cada novo campeonato o país vem mostrando desempenho significativo nas modalidades disputadas. Com mais de 100 medalhas de ouro conquistadas pelos atletas paralímpicos, o país consagra-se, hoje, entre as 10 potências com mais medalhas nas últimas quatro edições do jogos.
Em Pequim 2008, Brasil terminou na 9ª posição, com 16 medalhas de ouro. Já em Londres 2012, as 21 medalhas de ouro ajudaram a confirmar a 7ª colocação no ranking. No Rio de Janeiro, em 2016, foram 14 medalhas de ouro e o 8º lugar garantido. O 7º lugar geral em Tóquio foi especial por um motivo: o novo recorde de medalhas, 72, sendo 22 medalhas de ouro.
Apesar do número de medalhas consagrar o trabalho realizado pelos atletas e profissionais, outros problemas como visibilidade, preconceito e falta de investimento precisam ser discutidos.
Capital investido – Atletas paralímpicos x olímpicos
O programa do Governo Federal auxílio bolsa-atleta visa garantir a manutenção pessoal aos atletas de alto rendimento que não têm patrocínio. O programa tem como objetivo dar condições aos atletas para treinarem e participarem de competições que permitam o desenvolvimento de suas carreiras.
Para participar, o esportista deve ser selecionado pelo Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, para receber o equivalente a doze parcelas do valor referente a sua categoria.
Para a professora Tatiane Hilgemberg, da Universidade Federal de Roraima (UFRR), o motivo para que esses investimentos não ocorram é simples: o capacitismo.
Uma palavra que virou moda, mas que indica que há preconceito com as pessoas com deficiência (pcd). Essas pessoas foram retratadas de forma negativa pela mídia, seja como vilões, como o Capitão Gancho de Peter Pan, seja como vítimas, fardos para a sociedade, sempre com características infantilizadas que as diminuem. Há o estereótipo de que a pessoa com deficiência não é capaz e, por isso, associar uma marca a esses corpos marcados pela diferença pode ser visto como um risco para as empresas”.
Tatiane Hilgemberg, professora da UFRR
O problema aparece também quando comparamos o valor recebido pelos medalhistas olímpicos e paralímpicos em provas individuais nos jogos de Tóquio (2020).
Além disso, Tatiane Hilgemberg explica que a desvalorização ocorre devido ao valor inferior que o comitê paralímpico recebe para gerenciar o próprio comitê, atletas e toda equipe. O investimento vem das loterias da Caixa, nas seguintes proporções: 70% para o Comitê Olímpico e 30% para o Paralímpico.
A professora também afirma que essa desigualdade é resultante de um descaso midiático em relação aos Jogos Paralímpicos: “De fato, os atletas paralímpicos têm menor tempo de transmissão e cobertura dos meios de comunicação, então, se são menos conhecidos, as marcas são menos conhecidas e, por isso, têm mais dificuldade de conseguir patrocínio. Há uma ideia na sociedade de que os jogos paralímpicos são inferiores aos paralímpicos, podendo também influenciar essas questões”.
Conheça a história de três atletas paralímpicos brasileiros:
Reportagem produzida por Amanda Maciel, Davi Ângelo, Eduarda Berigo e Guilherme Couto para a disciplina Laboratório de Jornalismo Digital no semestre 2023/1.
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