
O WCM – World Cooperative Management – é um evento que contou com a presença das maiores cooperativas do Brasil, além de diversas palestras e workshops. O evento acontece em Belo Horizonte desde 2015, e visa uma aproximação do setor cooperativo com eventos internacionais, buscando um estímulo dos seus profissionais.
Durante o evento, tive contato com grandes nomes do cooperativismo nacional, e pude ver como o organismo funciona em sua essência: uma junção equilibrada entre cooperação e associação voluntária das pessoas. Em uma das palestras, pude entrevistar os diretores da Yassaka, uma empresa de negócios e educação referência no mercado financeiro. Para o sócio Kasuo Yassaka, “a essência do cooperativismo é linda” e essa essência deve vigorar nos processos na empresa, principalmente nos momentos de integração dos colaboradores.
Fica claro que o cooperativismo, com a mentalidade de compartilhamento e foco no coletivo, ajuda na reconstrução constante dos valores de uma empresa, agregando também aos funcionários a função de colaborar para a definição do que a empresa quer e as condutas que adota. Para a Yassaka, por exemplo, é importante abranger as decisões aos funcionários, para que eles se sintam parte do processo.
Desafios da cobertura
O evento era denso e completo: além das palestras, ainda tivemos contato com stands das cooperativas e gigantes do comércio, como a Unimed e a Sicoob. Fui apresentada a Ricardo Santos, presidente da Cooperativa dos Empreendedores. Ele me colocou por dentro do mundo do cooperativismo, e entre as diversas ações que cada cooperativa pode ter, como saúde, educação, financeiro, explicou que trabalha em uma que tem como foco um dos processos do empreendedor. Com o lema BTC – Business to Cop, ou Negócio para Cooperativa – seu trabalho é facilitar a parte administrativa de um negócio, deixando a cargo da cooperativa o cuidado com a parte gestacional.
Para ele, 23 anos de experiência ainda o classificam como um bebê no mercado, visto que muitas cooperativas já atingem o patamar centenário. Apesar de ser algo tão antigo, existe a preocupação de atrair os jovens para esse modelo socioeconômico. “As cooperativas tendem a durar mais tempo que as empresas convencionais porque elas têm a força do coletivo a favor delas”, segundo Ricardo Santos. Esse pensamento pode ser essencial para atrair os jovens a esse modelo. Para quem trabalha nas áreas de inovação, empreendedorismo e criatividade o cooperativismo pode ser ideal para fugir das regras propostas pelo CLT, sendo um grande atrativo para a geração Z.

Falando em inovação e empreendedorismo, a última entrevista não poderia ser mais inspiradora: Lina Volpini subiu a sala de imprensa e bateu um papo com os jornalistas ali presentes. Tive a chance de conhecer melhor a Head de Inovação e Mercado no Sebrae-MG. Para ela, o futuro dos negócios está no coletivo, sendo a conexão entre cooperativismo e o ecossistema de inovação do Sebrae uma relação “quase simbiótica”. Ela enfatiza que a filosofia cooperativa, onde as pessoas buscam o impacto compartilhado, e esse pensamento é fundamental para a sobrevivência dos pequenos negócios no ambiente de rápidas mudanças atuais.
O Sebrae, por exemplo, atua como um facilitador, ajudando grupos de empreendedores a se conectarem em centrais de negócios, permitindo que compram insumos mais baratos, vendem em canais mais eficientes e ganhem escala, mostrando que o empreendedor vai mais longe quando se junta a outros organismos. A tecnologia, especialmente a Inteligência Artificial, não é vista como uma ameaça para ela, mas sim como uma “ferramenta potencializadora” que deve ser usada para automatizar tarefas rotineiras, liberando o tempo do empreendedor para investir no capital humano, inteligência emocional, espiritual e social, que é o que realmente o torna singular.




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