A novela de Manuela Dias encerrou na última sexta-feira, dia 17 de outubro, com 173 capítulos e dando fim ao tão esperado remake de uma das maiores novelas da teledramaturgia brasileira. Contra 204 capítulos na versão original de 1988, na direção do brilhante Aguinaldo Silva, o remake de Vale Tudo em 2025 foi um show de absurdos e excesso desmedido de publicidades ao longo da trama.
É óbvio e necessário que remakes sofram adaptações e atualizações na trama por vivermos em realidades distintas de 1988. Porém, o que assistimos durante esses sete meses foi diferente: assuntos inacabados, personagens soltos e um roteiro raso. Ao invés de a direção de Manuela Dias focar em temas que poderiam ser mais aprofundados, como a história marcante de Raquel Acioli, a autora decidiu investir na publicidade em momentos dramáticos da trama, gerando constrangimentos e zero impacto no telespectador.
Ainda tomando como exemplo Raquel Acioli, interpretada por Taís Araújo, seu arco narrativo foi uma das piores adaptações e esvaziamento de personagem no remake. Nas últimas semanas de Vale Tudo, a atriz sumiu de cena, a ponto de Taís Araújo ter desabafado em entrevista, expressando sua frustração com o retrocesso de Raquel.
Entre os poucos acertos na novela, os atores de Vale Tudo destacaram-se pontualmente por seu próprio brilho. Débora Bloch, apesar do roteiro, conseguiu que o Brasil amasse Odete Roitman (fato que deveria gerar uma grande preocupação social). Apesar das críticas, Paolla Oliveira deu para o público uma visão autêntica e precisa sobre o alcoolismo e o respeito com a Heleninha de 1988, de Renata Sorrah. Um bom acerto também foi Consuelo, interpretada por Belize Pombal, e Alexandre Nero, como Marco Aurélio.
O grande final de quem teria “matado” Odete Roitman se tornou uma cena sem impacto e sem direção digna de novela das nove. Em 1988, Marco Aurélio ia matar Odete, porém, os autores mudaram a história e fizeram o épico final da fuga de quem dá banana para o Brasil. Manuela Dias decidiu manter a primeira decisão dos autores originais, mas subestimou o público ao fazer Odete aparecer viva com um “suspiro de ar puro”, apesar de ter sido atingida com um tiro no peito.
Pode até ser que o plot de Odete viva ter sido um acerto. A Odete de Manuela Dias deixou pistas de que poderia encaminhar para esse final. Mas o desenvolvimento para chegar a tal feito foi uma sequência desastrosa, um surto. No fim, foram mais perguntas que respostas: Ninguém vai saber que Marco Aurélio atirou em Odete? Heleninha vai conviver com a culpa de achar que matou a própria mãe? A trama do Leonardo realmente não serviu para nada útil na novela?
O final de Vale Tudo atingiu 23 pontos de audiência, esteve na boca do povo e, de fato, gerou grande repercussão nas redes sociais online. Mas será que respeitou a obra de 1988? Difícil dizer. No remake de 2025, a pergunta “Quem matou Odete Roitman?” foi o menor dos mistérios. O verdadeiro crime foi outro: matar a essência de uma das maiores novelas da teledramaturgia brasileira.
Leia mais
Crônica – Minha Primeira Vez em um Estádio




Adicionar comentário