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O jornalismo econômico de João Carlos Firpe Penna

Em aula online, o jornalista compartilhou experiências da cobertura de economia e questionou a linguagem técnica dos cadernos especializados

No jornalismo, fazer as perguntas certas está acima de todo e qualquer pré-requisito fundamental, tanto para obter respostas satisfatórias, quanto para levar tais declarações à compreensão social democrática. É sobre este ato de ser simples, objetivo e compreendido que o jornalista João Carlos Firpe Penna falou, em 31 de maio, aos estudantes do 5º período de jornalismo da PUC Minas.

Em um bate-papo online informal e descontraído, mediado pelo professor Getúlio Neuremberg, Firpe relembrou momentos marcantes de sua trajetória profissional, discutiu questões inerentes à complexidade da linguagem nos cadernos de economia e expôs a importância do setor na manutenção do poder.

“O que interessa no jornalismo é a pergunta, não a resposta.”

João Carlos Firpe Penna

Com mais de 30 anos no mercado, João Carlos Firpe Penna é formado em Jornalismo, pela PUC Minas, e em Ciências Econômicas, pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Assumiu várias funções em diversos veículos de comunicação e, com a prática, ao longo dos anos, especializou-se cada vez mais no setor econômico.

Foi repórter no Diário do Comércio, comentarista na Record TV Minas, repórter, pauteiro e editor no jornal Hoje em Dia e coordenador de economia na sucursal da Folha de S. Paulo, em Brasília. Além disso, foi professor durante 29 anos de Jornalismo Econômico, sendo pioneiro da disciplina que, na época, se chamava Jornalismo Especializado – título considerado inapropriado por Firpe.

“Não é preciso, como eu fiz, fazer economia para cobrir jornalismo econômico. Importante mesmo é ter as ferramentas. Você tem que se especializar. O mercado não é uma disciplina que vai te formar.” – disse, enfatizando que o mais importante é fazer as perguntas certas e estar muito bem informado.

A linguagem do jornalismo econômico

Muitas vezes, a linguagem dos cadernos de economia peca pelo excesso de termos técnicos, pela falta de humanidade cotidiana e pela personificação de instâncias, como o mercado, que só contribui para afastar o leitor ou deixá-lo mais confuso. Nesse sentido, Firpe destacou que o jornalista econômico precisa, sobretudo, ter empatia para tornar o texto acessível e palatável.

Segundo ele, “existem três tipos de jornalismo [três seguimentos]: o mercado financeiro, o mercado empresarial e a população, a dona Maria”. Esta última representa a maior parcela, mas ela não é prioridade daqueles a quem se destinam os cadernos de economia. “Não sabemos conversar com a dona Maria, pois não fazemos jornalismo para o cidadão. Fazemos jornalismo para o poder”, explicou.

“Dá um nome! Não existe essa questão do mercado está nervoso, o mercado está inquieto.” – sobre a personificação do mercado.

João Carlos Firpe Penna

Autor do blog “A vida da gente que não sai no jornal”, Firpe falou ainda da estreita relação entre jornalismo econômico e poder – afinal, o sucesso econômico é fundamental para que os governantes tenham sucesso político. Nesse sentido, exemplificou com uma história envolvendo o ex-governador José Serra (PSDB), que na época disputava eleições presidenciais ao lado de Dilma Rousseff (PT). De manhã, irritado pela indagação de uma jornalista sobre reforma agrária, José Serra disse: “por que você está me perguntando isso?”. A jornalista, sem perder o profissionalismo, respondeu: “candidato, desde que o Jornalismo existe quem pergunta sou eu e quem responde é o senhor”.

“Mendigo não é gente, normal é o ministro.” – sobre as percepções do senso comum a respeito da credibilidade de fontes jornalísticas.

João Carlos Firpe Penna

Atualmente, João Carlos Firpe Penna tem se dedicado à escrita de livros institucionais e biográficos, como o título “BDMG Cultural: 30 anos de entusiasmo pela cultura”. Além disso, vem promovendo, desde o ano passado, cursos de jornalismo para estudantes e já graduados. Com extensa carreira na área, não se opõe à difusão, gratuita, de experiências e de conhecimentos adquiridos em meio a tantos anos de profissão.

Carlos Eduardo de Noronha

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