Neste 30 de agosto, ao final do mês da visibilidade lésbica, o Colab lança o episódio-piloto do seu ColabCast, uma proposta de experimentação sonora para expandir as narrativas publicadas no site e contar histórias de forma colaborativa e inovadora.
Nosso episódio-piloto do ColabCast aborda a importância da visibilidade em um Brasil que tanto silencia essas mulheres, além de trazer a história do mês do orgulho lésbico, diferentes vivências e abordagens sobre representatividade.
A palavra “lésbica” é uma referência a Sappho, poeta grega da Ilha de Lesbos que escrevia sobre o amor entre mulheres. Ao longo da história, diferentes associações entre o termo e as vivências de mulheres que amam mulheres foram feitas – muitas delas, de forma a silenciá-las e invisibilizá-las. Até a década de 1990, por exemplo, a homossexualidade estava listada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma patologia psíquica, e, até hoje, milhares de pessoas são vítimas de intolerância e violência.
O mês de agosto é considerado o mês da visibilidade lésbica em razão do 1º Seminário Nacional de Lésbicas, que ocorreu em 29 de agosto de 1996. Além disso, foi consagrado como Dia Nacional do Orgulho Lésbico o dia 19 de agosto, como homenagem à militante Rosely Roth. Neste dia, em 1983, a militante lésbica, juntamente com outras ativistas, fez uma ocupação no Ferro’s Bar – ponto de encontro lésbico na cidade de São Paulo e palco de diversas opressões e violências policiais.
Conteúdo visual citado no episódio:
Representatividade e feminismo
Hoje, mais do que nunca, faz-se necessária a celebração do amor e da resistência, dando voz a tantas mulheres fortes e incríveis. Quando se trata de representatividade, é importante analisar quais narrativas realmente dão uma boa perspectiva de vida para as pessoas ali descritas. É o caso das personagens de Lívia Ferreira, autora de Carnaval Amarelo, No Olhar do Invisível e Passos de Liberdade, que faz questão de trazer a esperança e o afeto para suas leitoras através da literatura.
É super importante falar sobre essas mulheres que são reais, porque o que nós vemos hoje é uma reprodução de estereótipos e de papéis a serem cumpridos, sendo que isso não existe. Você vê uma mulher desfeminilizada colocada como o “homem da relação”, ou lésbicas em sofrimento e morte, sendo que a gente pode sonhar com dias melhores e com a felicidade.
Lívia Ferreira, escritora
A estudante de musicoterapia Delaney Smith também concorda que a aceitação de si mesma é o primeiro passo para o bem-estar e plena vivência de amores. Por ter sido criada em um ambiente conservador, a jovem lutou muito contra os próprios preconceitos e resistências até se reconhecer como uma mulher lésbica. “Só na faculdade pude perceber que eu não gostava de homens na mesma intensidade que eu gostava da ideia de casar com um homem, pelo bem da reputação da minha família”, admite.
Nesse sentido, Nicole Ribeiro, autora de Brilhante Como A Lua, um romance lésbico, acredita que a lesbianidade é um ato político por si só, por ser uma identidade que luta contra o patriarcado como sistema de dominação. Para ela, o lesbo-feminismo é uma estrutura onde é formada uma identidade coletiva na qual as mulheres lésbicas podem se reconhecer em uma esfera pública, em contramão com o padrão heteronormativo.
Lesbofobia e lesbocídio
De acordo com um levantamento da organização Gênero e Número, uma média de seis mulheres lésbicas foram estupradas por dia no ano de 2017, com um total de 2.379 casos. Esse dado está diretamente ligado à misoginia e ao ódio direcionado às lésbicas, que têm sua existência questionada e violada. Para MC Lalão do Tds, cantora de Princesa do Gueto, a lesbofobia, que é o preconceito contra lésbicas, está imensamente presente no mundo da música, em especial o funk.
Pra muita gente, a lesbofobia é pura bobagem. Ela é muito presente no meio do funk, até porque é difícil ter alguém assumidamente lésbica e não performar feminilinidade.
MC Lalão do Tds, cantora
Confira todas essas histórias no podcast:
O episódio conta com a narração das estudantes de jornalismo Giovanna de Souza e Helena Tomaz, e depoimentos das escritoras Lívia Ferreira e Nicole Ribeiro, da cantora MC Lalão do Tds e da estudante de musicoterapia Delaney Smith.
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