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A infância no feed de mídia social

Exposição de crianças na internet instiga o debate sobre limites do compartilhamento de fotos e vídeos

No filme “O show de Truman” de 1998, o personagem estrelado por Jim Carrey cresce em uma realidade no qual toda sua vida é exposta para pessoas do mundo inteiro no formato de um reality show. Até a fase adulta, ele vive sem saber que está sendo filmado e acompanhado por mais de 200 países. O criador do programa, apesar de ser apresentado como uma pessoa de caráter, no mínimo, questionável, tem o respaldo de toda a população, que não parece se importar com os limites éticos de expor toda a vida de uma pessoa durante anos.

No Show de Truman moderno, bebês e crianças convivem com o fato de desde cedo e sem qualquer autonomia, terem sua vida compartilhada nos mínimos detalhes. A exposição, porém, não vem de agora, o fenômeno apenas se reinventou. No Brasil, os programas de auditório e os quadro de calouros mirins já existiam desde a década de 1980 e impulsionavam a imagem das crianças. Hoje, plataformas como Instagram e YouTube passaram a ser o palco central para isso.

O fenômeno sharenting, que é a prática de compartilhamento da vida dos filhos pelos pais de maneira excessiva, por meio de fotos e vídeos, contribui para que bebês anônimos passem a ter milhões de seguidores antes mesmo do primeiro ano de vida. É o caso do filho do hipnólogo e youtuber Pyong Lee, que atualmente conta com 2.2 milhões de seguidores no Instagram, e nasceu enquanto o pai estava no reality show Big Brother Brasil.

Embora a maioria dos posts da internet mostrem vídeos de crianças em momentos encantadores e carinhosos, o compartilhamento da vida dos filhos nem sempre se limita a essas situações, é comum encontrar em vídeos que viralizam momentos de birra, descontrole emocional e surtos de raiva. Na falta de uma postura acolhedora, os pais optam por filmar e expor isso na internet. Carolina Dantas é psicóloga especializada em atendimento infantil de adolescentes e vê nisso um problema estrutural, identificado na raiz como nós fomos criados. “Se a gente faz isso com as crianças, é porque fizeram isso com a gente”, aponta. Essas situações vexatórias vêm de uma desigualdade de poder que está impregnado na sociedade, e Carol pontua que isso foi naturalizado. 

Online desde o nascimento

No universo digital, tudo que fazemos -desde cliques em sites, envio de e-mails, post em mídias sociais – se tornam rastros de dados. Além desses dados serem praticamente permanentes, temos pouco controle sobre de que forma eles serão usados. Em 2014, a empresa de segurança digital McAfee realizou uma pesquisa com 1.502 jovens nos Estados Unidos, no qual 49% diziam que postaram algo que se arrependeram depois.

Agora imagine que sua primeira pegada digital na internet acontecesse enquanto ainda estivesse dentro do útero. Para muitas crianças da nova geração, as imagens granuladas em uma tela de ultrassom serão os primeiros vestígios de sua identidade digital, e elas estão a alguns anos de consentir com o uso dessa imagem.

Um relatório realizado pela ativista britânica dos direitos infantis Anne Longfield estimou que, até os 13 anos de idade, cada criança já tenha cerca de 1.300 fotografias circulando online. Mas essa quantidade de material postado sem autorização não tem passado incólume, nem pelas crianças que crescem e se sentem violadas, nem pela legislação de alguns países. Na Áustria, uma adolescente de 18 anos processou os pais por publicarem mais de 500 fotos da sua infância no Facebook. “Não ligavam se eu estava sentada no vaso sanitário ou deitada nua no berço, todo momento foi fotografado e tornado público” disse ao jornal austríaco Heute.

Até os 13 anos de idade, cada criança tem cerca de 1.300 fotografias circulando online.

Já na França, está em curso um projeto legislativo – que é inédito no mundo – para proibir que os pais postem fotos dos filhos sem permissão das crianças. Além da possibilidade de ações legais caso haja divergências, até os direitos de imagem dos filhos poderiam ficar comprometidos. Além disso, o projeto de lei ainda prevê o “direito ao esquecimento”, que geralmente se aplica a situações em que a divulgação contínua de informações antigas pode causar danos significativos à pessoa envolvida. Nesse caso, futuramente, as crianças poderiam optar pela retirada dos conteúdos na internet.

A superexposição na berlinda das leis

No Brasil, apesar de o direito ao esquecimento não ser reconhecido, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) tem um papel importante de proteção  da integridade e dos direitos das crianças. Segundo o defensor público Wellerson Eduardo, o princípio da proteção integral dos direitos da criança e do adolescente tem absoluta prioridade na legislação. “Eles se sobrelevam, inclusive sobre os direitos individuais dos cidadãos adultos”, ressalta.

Quando se trata da exposição na internet, o ECA é claro no capítulo que fala sobre o direito à liberdade, o direito à privacidade e à preservação da imagem da criança. Wellerson comenta que neste capítulo fica estabelecido que “nenhuma criança ou adolescente será exposto a nenhum tratamento constrangedor, cruel ou vexatório.”

Se houver alguma exposição nesse sentido, existem responsabilizações previstas tanto no ECA quanto na legislação penal. “Medidas penais só serão tomadas se houver abuso ou alguma conduta prejudicial que cause dano psicológico à criança.”

Quanto ao papel dos pais, Wellerson explica que eles têm o que é denominado responsabilidade primária na legislação. “Eles são titulares do poder familiar e por isso têm o dever primário de proteção da dignidade e integridade da criança, além da imagem e moral.”

Monetização da infância

A partir dessa guinada da exposição provocada pela modernidade digital, alguns pais perceberam que havia a chance de tornar a infância um verdadeiro negócio. No ano de 2020, quando a revista Forbes anunciou quais eram os youtubers mais bem pagos do mundo, duas pessoas chamaram atenção na lista por serem crianças bem novas. Com apenas seis anos, a simpática criança russa Nastya alcançou o 7° lugar. Em 1° lugar, desbancando todos os adultos e com ganhos estimados em US$ 29,5 milhões estava o pequeno Ryan Kanji, de nove anos. 

Como seria de se esperar, uma criança sozinha – por mais fofa e desenvolta que seja – não conseguiria emplacar sozinha este sucesso. O caso de Ryan é simbólico por apresentar uma dinâmica em que os pais se tornam agentes dos próprios filhos nessa empreitada. Por trás da imagem do garoto que protagoniza os vídeos, existe toda uma estrutura – nos moldes de uma empresa- que atualmente conta com uma equipe de 30 pessoas.

Equipe de trinta pessoas ocupando ocupando boa parte da foto. As pessoas são fisicamente diferentes entre si, a maioria está sorrindo e estão segurando placas do YouTube.
Foto da equipe da Sunlight Entertainment, a produtora familiar de Ryan Kaji / Reprodução: Ryan´s World

Para além de enxergar a parentalidade como uma forma de capitalização, algumas celebridades falam sobre herança digital ao justificar a criação de um perfil para o filho em mídias sociais tão cedo. Para lembrar o caso já citado do filho do youtuber Pyong Lee, a mãe da criança e também influenciadora Sammy Lee, que administra a página do filho Jake no Instagram, encara o perfil do filho como uma “herança de momentos e uma possibilidade de ascensão profissional no meio digital”.

Adinan Nogueira, publicitário e doutor em comunicação, reconhece que, do ponto de vista comercial, faz sentido falar nesse tipo de herança, porque, afinal, os números de seguidores vão se configurar como uma moeda de engajamento que se traduz em dinheiro. Mas, do ponto de vista humano, ele diz: “como essas crianças vão lidar com isso, com esse peso de que elas precisam estar ali em todo momento?”. Diante dessa exposição que, por vezes, deixa de ser orgânica e se torna uma obrigação, Adinan provoca: “a criança brinca porque ela brinca ou ela brinca por que há uma câmera à frente dela?”.

Segundo ele, a midiatização produz esse efeito de subtrair a naturalidade dos acontecimentos e promover a cultura do espetáculo. Considerando esse aspecto, Adinan questiona se os pais não estariam arrancando a infância das crianças, “que deveria ser cheia de brincadeiras, experiências e convivência, mas que ao invés disso, são mediadas por uma tela de celular.” 

A criança brinca porque ela brinca ou ela brinca por que há uma câmera à frente dela?

Adinan Nogueira

O lugar das crianças na sociedade

Para entender a dinâmica da exposição de crianças, é preciso voltar um pouco no tempo. Segundo Carolina, “a noção de que criança é gente é muito nova”. Na época da revolução industrial, por exemplo, o trabalho infantil era algo corriqueiro e levou tempo para ser contestado. De acordo com Carol, foi bem depois desse período que a infância passou a ser reconhecida, o que sinaliza um processo extremamente recente. Por muitos séculos, a criança não possuía sequer um vocábulo que denominasse sua condição, como aponta o historiador Philippe Ariès em  “A História Social da Criança e da Família”.

A noção de que criança é gente é muito nova

Carolina Dantas

Para além da noção de que “criança é gente” ainda pesa o fato de estarmos inseridos em uma sociedade patriarcal, o que segundo Carolina significa que o poder recai sobre quem manda. Diante dessa estrutura, as crianças notadamente se encontram “em um nível muito desigual de poder”. Carolina acredita que elas não são entendidas como sujeitos pela sociedade.

No bojo dessa violência, Carolina inclui a irritabilidade que as pessoas têm em relação às crianças. Ela indica que esse não é um sentimento que nasceu do nada, mas que, novamente, passa pela criação, considerando que muitas pessoas crescem ouvindo ou sentindo no olhar dos adultos, o quanto eram inadequados e inconvenientes. A consequência é a reprodução dessa violência por parte dos adultos, sem que eles tenham consciência disso. Carolina evoca Freud para explicar como isso acontece com base no retorno do recalcado: “a violência sofrida na infância é recalcada – ou seja, reprimida – e volta mais tarde como uma espécie de vingança sobre a criança que está à frente do indivíduo.”

A infância na história da publicidade

Na década de 1990, a publicidade infantil produziu peças de propaganda que seriam consideradas, no mínimo, inadequadas para os dias de hoje. A garotinha que balançava o chocolate Baton por 30 segundos e dizia repetidamente: “compre baton, compre baton” joga luz à discussão sobre como o trato social com as crianças era irresponsável até alguns anos atrás. Na visão de Adinan Nogueira, propagandas como essas eram uma verdadeira “atrocidade publicitária”. Além desse exemplo, que deixava as crianças obcecadas com o chocolate por uma simulação de hipnose, Adinan lembra que era muito comum se deparar com propagandas enganosas. Segundo ele, os anúncios de brinquedos se pareciam com uma “produção hollywoodiana” que muitas vezes quebravam a expectativa das crianças.

Menina com uma toalha vermelha na cabeça e vestes brancas segura o chocolate Baton por meio de um barbante. Atrás da menina existem duas cadeiras.
Comercial de 1992 da empresa Chocolates Garoto / Reprodução: W/Brasil

Por mais que tenha demorado, a publicidade infantil não vive mais nessa terra sem lei. Segundo Adinan, o Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (CONAR) atualmente tem regras mais rígidas e coíbe a utilização de linguagem no imperativo, como acontecia no caso do Baton. “Também há coibição no caso de propagandas enganosas, as propagandas não podem colocar nada além do que o brinquedo faz.”

Ainda que as regras tenham endurecido, com a chegada da internet, Adinan acredita que o desafio se tornou um pouco maior do que antes. Ele cita que antigamente havia a mediação por parte dos pais, que muitas vezes assistiam TV ao lado dos filhos e podiam ter certo controle sobre o que era consumido. Agora que as crianças têm nas mãos tablets e celulares, as propagandas detém o máximo nível de atenção, o que para Adinan, aumenta o nível persuasivo. 

Entre o real e o virtual: o custo da exposição

Bem antes do advento da internet, a exposição de crianças já era uma realidade na televisão brasileira. Nas décadas de 70 e 80, programas como o “Programa Silvio Santos” e “Gente Inocente” da Globo possibilitaram a visibilidade que só a mídia televisiva poderia proporcionar naquela época. A psicóloga Carolina aponta que existem vários exemplos de celebridades mirins dessa época que, hoje em dia, carregam sequelas que são consequência da superexposição, resultado das cobranças, críticas em excesso e da falta de sensibilidade com o público. Atualmente, ela acredita que o excesso de curiosidade pela vida privada alimenta a exposição nas mídias sociais.

Partindo da perspectiva da criança, Carolina lança mão de duas perguntas para explicar o processo de virtualização: “Quem é mais importante: eu ou o filme que estão fazendo sobre mim? Minha mãe está olhando para mim ou olhando para essa filmagem?”. Ainda segundo ela, a virtualização gera um estresse tóxico e pode distanciar pais e filhos, causando uma desconexão com o mundo real.

Pessoa segura um celular preto com as duas mãos enquanto tira foto de duas crianças ao fundo.
Reprodução: Pexels

A privacidade é outro ponto fundamental frequentemente deixado de lado. A pesquisadora Stacey B. Steinberg escreveu em 2017 sobre um blogueiro que havia postado foto dos seus filhos usando um penico. Tempos depois, descobriu que as fotos tinham chegado nas mãos de estranhos, que adulteraram as imagens e compartilharam em um site de pedófilos. O caso acende um alerta porque não é de maneira alguma um fato isolado. No auge da pandemia, quando mídias sociais como Instagram e TikTok ganharam muita adesão, as denúncias envolvendo pornografia infantil na internet dispararam. Somente em 2019, foram 4,8 mil queixas. “É, talvez, uma ingenuidade em relação ao alcance disso nas mídias” ressalta Carolina. 

A responsabilidade por esse tipo de conteúdo não recai apenas sobre os pais ou quem divulga, mas também sobre plataformas digitais. Desde 2014, quando o marco civil da internet virou lei, a discussão sobre privacidade na internet se tornou uma pauta cara ao governo brasileiro.  Atualmente, a PL 390 embora conhecida como “PL das fake news”, trata muito além da simples disseminação de notícias falsas. Um dos pontos mais comentados sobre o projeto de lei fala justamente da responsabilidade que as big techs devem ter sobre os conteúdos postados nas mídias. Wellerson Eduardo  afirma que as plataformas de mídias sociais estão diretamente envolvidas na exposição indevida de crianças e adolescentes, podendo responder até pelo crime de exploração de pornografia infantil. Wellerson ressalta o lucro que as plataformas ganham com o uso das imagens, e, por isso, estão sujeitas a responsabilização.

A internet não perdoa

Em 2022, uma propaganda do Banco Itaú estrelando uma criança de dois anos chamada Alice -até então desconhecida nas grandes mídias- ao lado da atriz Fernanda Montenegro ganhou os holofotes do Brasil. Durante o comercial de apenas alguns segundos, a menina pronunciava palavras de maneira mais correta do que se espera para uma criança da sua idade, o que foi suficiente para conquistar o coração da internet e gerar uma quantidade massiva de memes. Mas, como nem tudo são flores, logo a repercussão começou a tomar proporções que a fotógrafa Morgana Secco, mãe de Alice, não imaginava, tampouco aprovava. “Queria deixar claro que a gente não deu autorização para nenhum deles e a gente não concorda em associar a imagem da Alice com fins políticos ou religiosos”, relatou a mãe em um comunicado pelo Instagram, após a circulação dos memes.

Em relação às consequências da exposição da imagem dos filhos e suas implicações, Adinan Nogueira acredita que o tema passa pela educação digital. “Do mesmo jeito que a gente precisa ter modos na vida real, “é preciso ter modos digitalmente falando, dentro das redes.” O publicitário enxerga que o desafio é as pessoas entenderem se a repercussão vale o preço das consequências.

É preciso ter modos digitalmente falando, dentro das redes.

Adinan Nogueira

Carolina Dantas acredita que os adolescentes têm mais consciência do potencial de viralização, enquanto os pais, por não conseguirem mensurar as consequências, por vezes se chocam quando os conteúdos viralizam. Este cenário convida os pais a pensarem sobre temas inéditos, segundo Carolina. “Nossos pais, os meus pais nunca pensaram nisso, porque não tinha isso lá atrás”, por isso a questão da parentalidade fica em voga no momento em que os novos desafios propiciados pela internet surgem.

Carolina ressalta que, mesmo antigamente, já era difícil lidar com os feedbacks, ainda que acontecessem na nossa intimidade. “Um feedback de um professor lá no século passado era terrível, inclusive com palmatória. A gente recebia feedbacks terríveis dos nossos pais, os nossos pais receberam feedbacks piores ainda dos pais deles, sem nenhum filtro, com toda a violência”, relembra a psicóloga. O que tornava as coisas difíceis lá atrás, e que perdura hoje, tem a ver com a alfabetização emocional. Para Carolina somos analfabetos nessa matéria. “A gente se desorganiza quando vem um feedback, uma mensagem desrespeitosa, agressiva, invasiva, não tem como não atingir”. 

A exposição sob a ótica da criação respeitosa

Por mais que quando se fale em exposição de crianças venham à mente as celebridades que usam os filhos como moeda de engajamento, isso não engloba todo o tema. Existe o lado nocivo já apontado no texto, marcado pela irresponsabilidade dos pais e os impactos na saúde mental das crianças. Entretanto, Carolina aponta que uma outra face da moeda deve ser levada em conta: “tem um lado extremamente importante, de uma contribuição social muito grande”. Para a psicóloga, alguns pais e mães usam da visibilidade para tratar o assunto de maneira respeitosa, passando mensagens positivas e compartilhando as dificuldades inerentes à parentalidade.

Todos esses aspectos apontados por Carolina vão ao encontro do que Thiago Queiroz busca realizar na internet. Thiago é pai de quatro filhos, escritor, palestrante, educador parental e dono do canal no YouTube “Paizinho, Vírgula”. Não é à toa que a sua condição de pai venha antes de todas as ocupações, já que Thiago deixa claro logo nos destaques do Instagram que ser pai é o que mais lhe define. No contexto de um Brasil com mais de 92.092 pais ausentes registrados  em 2020, o significado da paternidade para ele vai muito além das obrigações básicas como estar presente. “Paternidade, para mim, é um grande convite para um mergulho em mim mesmo, e para um lugar onde eu possa me transformar, me curar de muitas coisas que fazem parte da minha infância e me conectar de formas que eu nunca imaginei que eu poderia me conectar com os meus próprios filhos”, resume.  

Para Thiago, não se trata de fazer dos filhos uma vitrine de negócio, mas uma forma de compartilhar as vivências que ele conquistou nesses mais de 10 anos sendo pai. Foi com o nascimento do seu primeiro filho que nasceu também o canal Paizinho, Vírgula. “A minha ideia sempre foi de compartilhar a minha vivência com os meus filhos, os aprendizados e os desafios que eu tenho”, conta. 

A responsabilidade que Thiago carrega ao produzir conteúdos sobre paternidade – e em momentos pontuais expor seus filhos – está muito ancorada em um método chamado criação respeitosa. A criação respeitosa “parte do pressuposto de que crianças são seres humanos e portanto, merecem todo respeito e toda a escuta que os adultos, por exemplo, merecem e recebem”, explica Thiago. 

Assim como os adultos têm o direito de ter voz ativa e a necessidade de questionar, a criação respeitosa passa por entender que as crianças também. “Filho, vocês querem gravar esse vídeo?” pergunta Thiago quando as crianças participam. Contudo, Thiago não enxerga um conflito direto entre a criação respeitosa e a exposição, ele frisa que o método “convida a um diálogo sobre consentimento”, que para ele é primordial.

Arthur Corrêa Camarano

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