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Um Marco na história do jornalismo universitário

Jornal laboratório da PUC Minas completa 50 anos

Em meio às turbulências políticas do início da década de 1970, como o pós Ato Institucional número 5 (AI-5), nasceu a Faculdade de Comunicação e Artes (FCA) da PUC Minas. O professor Mozahir Salomão relata que, naquela época, os comunicadores sofriam com a falta de liberdade de imprensa. “Foi um terrível momento político e sombrio, em que vivemos perseguição aos jornalistas, jornais e a todos aqueles que defendiam a democracia e a liberdade de expressão”, conta ele no documentário FCA 50 anos. A FCA completou 50 anos em 2021, e, agora, um ano depois, o jornal estudantil Marco, produzido por professores e estudantes do curso de jornalismo da FCA, completa seu cinquentenário.

Lélio Fabiano, ex-diretor da FCA, relembra, na mesma filmagem, que o ambiente começou pequeno e cresceu organicamente, contando sempre com a vontade e garra dos estudantes. Mas não há como praticar o jornalismo sem a vivência da redação jornalística e foi assim que, em 1972, nasceu o impresso Marco.

O periódico é considerado símbolo de resistência, sendo o mais antigo jornal laboratório do país. Criado para os alunos e escrito por eles, formou vários profissionais de exemplo no mercado, além disso o Marco resiste na sua linha editorial como um jornal comunitário que dá voz aos problemas e alegrias de Belo Horizonte, mais especificamente das regiões Noroeste e Nordeste, onde ficam suas duas redações nos bairros Coração Eucarístico e São Gabriel.

A experiência de 14 anos no jornal Estado de Minas e o afeto pelo impresso, trouxe, em 2015, a professora Ana Maria Oliveira para o cargo de editora no Jornal Marco. “O Marco tem uma estrutura muito específica, ele chegou a ter 12 mil exemplares e era distribuído de casa em casa nas redondezas dos Campus Coração Eucarístico e São Gabriel. Quando o jornal fica pronto, sinto que é um filho que nasceu”, conta a editora.

Durante a pandemia de Covid-19, em 2020, com a impossibilidade de distribuição impressa, o jornal precisou se reinventar e criou a versão digital Marquinho. As professoras Ana Maria Oliveira e Dulce Soares, enxergaram a possibilidade de criar um “filho” do Marco, com identidade e linha editorial parecidas, mas espaço reduzido. “O Marquinho era um tamanho menor, então eu pensava: Ele tem valor jornalístico, mas será que as pessoas de fora vão pensar isso? Quando veio a notícia que as reportagens estavam concorrendo ao Prêmio CDL, fiquei muito feliz”, relata Ana Maria. O Marquinho teve 17 edições publicadas no momento pandêmico, e os planos são  que ele volte a circular, se necessário, em edições especiais sobre temas específicos.

Um marco para os alunos

O Jornal Marco é motivo de orgulho para o corpo docente, discente e para ex-alunos, como foi enfatizado durante evento de celebração dos 50 anos, ocorrido em maio. Daniel Camargos, jornalista e ex-aluno da PUC Minas, afirmou que guarda os recortes de todas as publicações feitas para o Jornal Marco em seu tempo de monitoria. Esse carinho se revelou como mais do que uma pasta de recordações. Para Daniel, é uma forma de afirmar sua dedicação à profissão desde os tempos da faculdade e ter, em mãos, traços da sua renomada carreira, iniciada no Jornal Marco.

Daniel é um homem parde de cabelos lisos e loiros, usa óculos e esta com um microfone perto da boca. Ele usa uma blusa quadriculada nas cores azul, amarelo, branco e vermelho, uma calça jeans e uma bota bege.
Daniel conta sua experiência para os alunos da Puc Minas / Lab SG.

Como primeira experiência, o Marco pode ser um início relevante para quem almeja prosperar no jornalismo, principalmente na vertente impressa ou digital. A aluna do último período em Jornalismo da PUC Minas Tainara Diule, 22 anos, comenta sobre seu primeiro contato com o Marco e revela a inquietude dos ânimos ao receber, de maneira inédita, uma cópia do jornal com seu nome impresso. “Para quem está iniciando, pegar uma cópia da edição e ver seu nome ali é como perceber que finalmente você está iniciando sua carreira como jornalista”, conta.

Contribuindo para o jornal universitário há quase dois anos, Tainara expressa a relevância da dinâmica com o jornal e a escrita para descobrir sua paixão pelo jornalismo político. Fato que, inclusive, foi influência dos supervisores e orientadores do Marco: os próprios professores da PUC.

Tainara é uma mulher negra, jovem, com cabelo cacheado e usa óculos, uma blusa branca floral e calça jeans. Ela esta com os braços cruzados e sorrindo.
Tainara ex-monitora do Marco/ Lab SG.

Para além do conhecimento e experiência, o Jornal Marco possibilita conquistas. No caso do ex-aluno Igor Nonato, 22 anos, veio em forma de prêmio. Igor conquistou o primeiro lugar na categoria estudante do 10º prêmio CDL-BH de Jornalismo, e lembra da importância do Marco para a vitória: “O prêmio CDL BH de Jornalismo foi uma resposta à minha dedicação no curso e à dedicação da PUC com o jornal, que tem à frente os melhores profissionais para a produção das matérias. Entregamos, alunos e professores, informação de qualidade.”

Igor não se esquece, ainda, de destacar os fatos mais marcantes durante sua trajetória até o prêmio, comentando o apreço pela qualidade da orientação que recebeu enquanto aluno. “Quando falo de Marco gosto sempre de lembrar de Mário Viggiano, excelente professor que esteve à frente do Jornal no início da minha jornada pelos laboratórios”, lembra-se ao citar como aprendeu sobre textos objetivos e acessíveis.

Igor no Premio CDL/ Imprensa CDL

A editora Ana Maria Oliveira conta que a relação com os monitores é sustentada na colaboração, amizade e cobrança. “Não vamos atrasar a entrega, pois se atrasarmos, o jornal atrasa também.” Além disso, ela relata que os monitores são essenciais na produção do Marco, não só pelo trabalho na redação, mas por serem a ponte entre o jornal e os estudantes.

Reportagem de Isabella Alvim e Marianna Ferry

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