Episódio 2 – olhando para o mundo
O Brasil recebeu o maior evento anual de sustentabilidade, a COP 30, entre os dias 10 e 21 de novembro de 2025, quase um mês depois que a Petrobras anunciou que obteve do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis) a licença para a perfuração do primeiro poço em águas profundas na bacia da Foz do Amazonas.
A sede foi a cidade de Belém, no Pará, onde o acesso à água e saneamento básico é concentrado em regiões onde vivem mais pessoas brancas e onde os bairros de maioria negra, a água chega apenas duas vezes por semana. Segundo o ranking do Instituto Trata Brasil, há uma década Belém ocupa a 13ª posição entre os piores municípios do Brasil em saneamento básico.
Então, de que serve a COP? Para quem e por quem ela é feita? Pesquisadores e comunidades foram entrevistados pelo Colab e contam como o evento climático tem sido cooptado por pautas políticas e comandados pelo lucro, sendo banhado por hipocrisias. Mas antes de falar sobre a COP, é necessário debater sobre o problema socioambiental que atinge o mundo hoje: a crise climática.
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O que é crise climática
Yan Victor Leal da Silva é graduado em Ciências Biológicas e doutor em Desenvolvimento Social e explica que a crise climática são os extremos, seja em forma de frio, calor, derretimento das geleiras e aumento dos desastres ambientais.

Ele relata, ainda, que a forma como a sociedade organiza os seus meios de produção impacta diretamente os recursos naturais, o clima e a natureza.
Para ele, a ideia de natureza é abstrata. Se faz entender como algo a ser dominado e desenvolvido. Por isso, a crise climática é uma é como se fosse uma resposta da natureza à nossa forma de organização social.
Julia Guerra, Frente de Massificação da Agroecologia MST zona da mata, explica que o MST também enxerga a relação da crise climática com o modelo capitalista. “O capitalismo age de forma predatória sobre a terra, os bens naturais, seres vivos, povos e territórios, E isso derrama na crise climática.”
Ela dá o exemplo do agronegócio. O MST entende que a medida que o avanço dessa estrutura fundiária se amplia, atinge cada vez mais biomas naturais, como Amazônia, Cerrado e Pantanal. Essa fronteira agrícola que atinge os estados do Tocantins, Maranhão, Bahia e Piauí, por exemplo, é onde mais se avançou no desmatamento e, coincidentemente ou não, na produção do agronegócio nos últimos anos. Para ela, há uma relação intrínseca.
Quanto mais se desmata e destrói floresta para colocar a monocultura e todo o pacote químico que o agronegócio demanda, mais é gerado impacto na crise climática”.
Julia Guerra, Frente de Massificação da Agroecologia MST zona da mata
Efeitos da crise climática
Paulo Artaxo, físico e professor da USP, complementa o pensamento de Julia e exemplifica com os impactos na floresta amazônica. Além dos efeitos diretos, a degradação florestal na Amazônia causada pelo aumento da temperatura e redução das chuvas, pode fazer com que a floresta seja uma fonte de gases de efeito estufa nas próximas décadas, por meio das queimadas e desmatamento. Isso é um dos tipping points, termo em inglês para ponto de não retorno ou ponto de inflexão, que descreve um limite crítico a partir de uma mudança no clima que se torna abrupta e irreversível.
É uma questão crítica, porque esses gases podem realimentar o aquecimento global e ainda piorar os cenários críticos que a gente observa do ponto de vista de impacto das mudanças climáticas globais.
Paulo Artaxo, físico
O Colab também conversou também com Alecir Moreira, geógrafo especialista em climatologia. Quando questionado sobre o Acordo de Paris, enunciou a importância do tratado e destacou a necessidade de medidas que excedem o fazer individual: ‘O futuro, não é emparedado, engessado, ele depende do que a gente fizer agora. Já esbarramos em um grau e meio, todos os alarmes devem estar ligados pra gente não persistir nisso. E aí a gente é convidado a tomar decisões que são de natureza política. Eu tenho muita esperança que esse alerta ele se transforme em ação efetiva,”
Mas esse desejo de Alecir não é de fácil alcance, as questões políticas envolvem mais que só o momento presente, ela envolve o futuro. Envolve o futuro daqueles que podem efetivamente frear a crise climática, e eles tem A razão para postergar as ações que levariam a esse resultado, o lucro.
Norte e sul globais
A lógica capitalista define desenvolvimento por “mais e maior” e as relações internacionais obedecem uma “hierarquia” onde aquele que tem mais controla aquele que tem menos. Se infiltra e extrai todos os recursos necessários para o benefício próprio sem se importar com os prejuízos causados ao outro, na biologia isso tem nome, parasitismo.
A discussão sobre a crise climática é inseparável da história de desigualdade e exploração, colocando em xeque a relação entre o Norte e o Sul Global.
O conceito de Norte Global e Sul Global refere-se a estruturas utilizadas para analisar e compreender a prosperidade relativa e o poder internacional dos países. Embora os nomes sugiram uma divisão geográfica, a classificação é binária e baseada na riqueza histórica, não se conformando estritamente à divisão hemisférica norte-sul.
- Norte Global: Geralmente inclui os Estados Unidos, Canadá, países da Europa, Japão, Coreia do Sul, Taiwan, Israel, e, notavelmente, Austrália e Nova Zelândia (que estão geograficamente no hemisfério sul),.
- Sul Global: Abrange a América Latina, África, Oriente Médio (exceto Israel), e a maior parte da Ásia e Oceania.
Esta divisão serve como uma atualização e crítica a sistemas taxonômicos anteriores, sendo frequentemente usada como sinônimo para a divisão entre países “mais desenvolvidos” e “menos desenvolvidos”.
Diante deste cenário, os pesquisadores entrevistados acreditam ser fundamental que o Norte Global assuma sua responsabilidade, especialmente no financiamento de ações práticas e reparadoras. A única forma de avançar, segundo a maioria das muitas fontes dessa matéria, é fazer com que os estados se comprometam na medida das suas responsabilidades históricas.
A trajetória que estabeleceu o abismo atual entre o Norte e o Sul é atribuída à ascensão da hegemonia europeia no início da era moderna. Dois fatores principais impulsionaram essa divisão: o avanço tecnológico rápido na Europa Ocidental durante a Revolução Industrial e, principalmente, a colonização em larga escala das Américas, África, Ásia e Oceania, que permitiu ao Norte controle direto ou influência econômica desproporcional sobre o resto do mundo. Mesmo países não colonizados diretamente, como a China, sofreram com tratados desiguais e a dinâmica do capitalismo global.
Após a Segunda Guerra Mundial, o mundo operava sob a Teoria dos Três Mundos (Primeiro Mundo capitalista, Segundo Mundo comunista e Terceiro Mundo pós-colonial). Com o colapso da União Soviética na década de 1990, o “Segundo Mundo” deixou de existir e o termo “Terceiro Mundo” passou a ter conotações pejorativas de pobreza e violência, levando ao desuso do sistema antigo e à ascensão da terminologia Norte-Sul.
O ponto central do conflito se encontra na herança colonial e na exploração predatória que moldaram as emissões globais. Um dos pontos de vista, apresentado por Reinaldo Dias, define claramente a distinção geopolítica, afirmando que “O norte global são os países colonizadores. São os países que exploraram o Sul Global, que foram colonizados”. Essa exploração que perdura há anos criou uma dívida histórica.

Foto: Shafiq Kayondo

A pressão para que o Sul Global preserve o meio ambiente é vista, em parte, como uma estratégia do Norte. Países do Norte Global, que já não têm mais meio ambiente natural para preservar, esperam que o Sul preserve os recursos para que possam, posteriormente, “exportar os seus empreendimentos para esses países, onde as legislações ambientais não simbolicamente são mais frágeis, para que eles possam explorar nesses países com essas legislações frágeis e levar seus lucros para o norte, né, global”. Essa análise de Pedro Moreira apresenta bases sólidas já que, com o Sul sendo controlado pelo Norte, enfrenta dificuldades ainda maiores para chegar ao estágio de “desenvolvimento” que o Norte Global está. E é assim que o advogado enxerga a tentativa de impor metas climáticas parecidas ao Sul Global, como um mecanismo de controle.
Se eu obrigo países do Sul global, a adotar metas parecidas com a minha, eu garanto que o Sul Global nunca vai chegar no parâmetro de desenvolvimento que o Norte Global chegou, enquanto eu tô usufruindo ali dos recursos que são retirados do Sul Global, que foram tirados historicamente do Sul Global”
Pedro Moreira, advogado e professor de direito ambiental e indigenista
E apesar do desafio geopolítico que enfrentamos hoje, com o aumento da extrema-direita em países centrais e a atuação de potências como os Estados Unidos, que estariam, nas falas de Rafael Oliveira, efetivamente fazendo de tudo para atrapalhar o combate à crise climática, a existência de fóruns como a COP continua sendo crucial para mobilizar o debate e tensionar a mudança.
País do Norte Global querem que o Sul Global preserve o meio-ambiente, porque ele já não tem mais meio-ambiente natural para preservar e de preferência que o Sul Global preserve os recursos dos bens naturais para que em algum momento, eles tenham condições de exportar os seus empreendimentos
Pedro Moreira, advogado e professor de direito ambiental e indigenista
Em seu artigo “A Bio-necropolítica das injustiças ambientais no Brasil”, Pedro Moreira utiliza o conceito de Zonas de Sacrifício, que representa a expressão territorial da Necropolítica , conceito que se sobrepõe à Biopolítica no contexto do capitalismo periférico.
Enquanto a Biopolítica opera sob a lógica de fazer viver e deixar morrer, a Necropolítica transiciona para o fazer viver e fazer morrer , estabelecendo uma gestão deliberada da morte de concessões supérfluas. Essas situações são transformadas em vidas nuas, cujos corpos podem ser destruídos ou expostos ao risco, pois não são mais essenciais para a acumulação de capital. A base dessa estrutura de dominação é a Colonialidade do Poder , legado histórico que atribui uma posição social e racial, tratando vastos grupos e o próprio ambiente como recursos ilimitados.
Eduardo Brasileiro, sociólogo, doutorando em ciências sociais e professor da PUC Minas, complementa essa visão estrutural criticando a própria “teoria do desenvolvimento”, classificando-a como uma farsa histórica que vendeu ao Sul Global uma receita de progresso que, na verdade, serve para manter esses países como subdesenvolvidos e exportadores de matéria-prima para sustentar a riqueza do Norte Global.
Desenvolvimento para quem?
Eduardo Brasileiro, enfatiza que o modelo de sociedade atual é dependente e o capitalismo só promove o crescimento para uma minoria. Nesse contexto, ele critica o termo “Desenvolvimento Sustentável” , considerando-o um oxímoro. Ele argumenta que, ao ser inserido no projeto capitalista, o desenvolvimento não agrada a todos.
O professor Pedro Moreira argumenta que essa definição tradicional está em conflito direto com os princípios de sustentabilidade e justiça social. O termo carrega uma herança colonial e uma lógica de crescimento incessante que justifica a exploração ambiental e a desvalorização de saberes não hegemônicos.
A noção tradicional de “Desenvolvimento” é desconstruída por Moreira como uma busca constante por “mais”, alimentada por um “não contentamento” permanente. Essa mentalidade, segundo ele, pressupõe que o estado natural das coisas é insuficiente e precisa ser superado pela ação humana. “Quando eu falo de desenvolvimento, eu participo do pressuposto de que o que eu tenho para além do que a ação humana é construída, não é suficiente.”
Essa visão, profundamente enraizada no pensamento ocidental, Afasta a importância da subjetividade e desqualifica tecnologias e modos de vida de povos originários e quilombolas, que não se encaixam no paradigma de crescimento material infinito.
COP’s
A COP é um arranjo da modernização ecológica e, portanto, ela é uma tentativa do Estado de resolver um problema que ele mesmo criou”.
Yan Victor Leal da Silva, biólogo e doutor em Desenvolvimento Social
Ao longo das 30 edições da COP – Conferência das Partes, diversos acordos foram feitos, entre eles o Protocolo de Kyoto, e o tratado que o substituiu posteriormente, o Acordo de Paris, além de alguns outros que estabelecem limites para que o planeta e a vida na Terra seja conservada.
A COP 9, realizada em 2003, foi um marco importante na implementação do Protocolo de Kyoto, pois consolidou as bases para sua efetivação após a ratificação oficial. Anos mais tarde, em 2015 foi estabelecido o Acordo de Paris, que visa manter o aumento da temperatura média global bem abaixo de 2°C em relação aos níveis pré-industriais e buscar esforços para limitar esse aumento a 1,5°C.
Os Estados Unidos, que é considerado um país desenvolvido, saiu do acordo pela segunda vez esse ano. Ambas as saídas aconteceram durante o governo de Donald Trump, que já se mostrou incrédulo e não adepto a causas ambientais.
É bem evidente que as COPs feitas até o momento, não conseguiram gerar mudanças reais nas emissões de gás de efeito estufa, no financiamento para os países em desenvolvimento e na adaptação ao novo clima. Isso é causado pelo lobby que as indústrias do petróleo fazem sobre os diferentes governos e pelo sistema de decisões da ONU que basicamente obriga todas as decisões a serem tomadas por consenso das 197 nações signatárias do acordo climático, como explica Paulo Artaxo.
Para Yan, a COP é um campo de disputa, onde os movimentos sociais tentam tensionar para uma outra forma a resolução do problema e que ele seja visto de maneira diferente. “Será que somos nós que estamos construindo esse problema do clima? Porque isso é muito comum no discurso ambiental, sobretudo no ambientalismo desvinculado das questões de classe e da luta social. Então, os movimentos sociais vão questionar essa questão do sujeito e da responsabilidade”.

Pedro Moreira concorda com Yan que a COP é uma arena e que as comunidades não têm espaço, entretanto, acredita que não se pode negar que há espaços de discussão importantes para o avanço de temáticas ambientais.
Como um espaço de discussão internacional, Pedro conceitua como complexo, porque se parte do pressuposto de que existe uma comunidade internacional integralmente comprometida pela preservação do meio ambiente, “Mas a gente sabe que pela correlação de forças que existe no planeta, os interesses pela preservação são distintos.”
Ele ainda questiona até que ponto é possível alterar um cenário de quatro décadas de frustração de acordos internacionais. “ Eu não vejo com bons olhos esses foros que são estritamente institucionais. Eu acho que as pessoas precisam falar como pessoas, incorporar o comunitário, não como instituição, mas como indivíduos dotados de saberes coletivos.”
A maioria das pautas, se não todas, são interdisciplinares, a pauta ambiental é um exemplo. Ela é atravessada por questões políticas, econômicas e sociais. Para Alecir, “um grande desafio, que a COP 30 tem, é de superação das diferenças ideológicas, e das divergências de interesses geopolíticos […] Esse é o grande desafio.”
As falhas e limites da COP são reflexos das falhas e limites do sistema. Mas então, se a Conferência tem tantas limitações, qual é a razão para continuar? Para Reinaldo Dias é claro: “Só o fato dela existir é importante porque mobiliza milhões de pessoas no mundo discutindo esse problema. que nós podemos ser derrotados mais uma vez? É bem possível, mas isso vai nos alertar, não vamos desistir e vamos para para lutar e vamos tentar mobilizar mais.”
COP 30
A COP 30 resultou na aprovação de 29 documentos que refletem apenas o “mínimo denominador difícil comum”. O principal debate foi a proposta brasileira de oficializar “mapas do caminho” para a eliminação gradual dos combustíveis fósseis e do desmatamento, barrada pela oposição de países produtores de petróleo, como a Rússia e o bloco árabe.
A conferência alcançou marcos históricos no que toca a direitos humanos e inclusão. Pela primeira vez, os documentos incluíram o termo “afrodescendentes” e refletem explicitamente sobre o papel vital dos Povos Indígenas e das comunidades tradicionais na mitigação da crise climática. Nações como Argentina, Paraguai e Rússia tentaram restringir as definições de gênero.
Registros da COP 30
Os movimentos apontaram a fragilidade do financiamento para a adaptação e denunciaram a hipocrisia de se debater o clima enquanto avançam projetos de exploração de petróleo na Foz do Amazonas, sublinhando que, sem medidas concretas contra os fósseis, os avanços no papel não travam a destruição nos territórios.
Gabriela Brasiliae, ativista Socioambiental e Climática, estudante de Direito e Ciências Biológicas e influenciadora digital sobre questões ambientais, esteve em Belém, para a COP 30 e contou para o Colab suas impressões e críticas.
Para Gabriela, a COP 30 foi marcada por uma profunda dualidade: de um lado, o já esperado greenwashing corporativo e as travas burocráticas da ONU. Do outro, uma participação popular histórica que ela considera o ponto alto do evento.
Conheça Belém
Ela critica a presença massiva de grandes corporações e destaca que houve um número recorde de lobistas de petróleo, com empresas como Shell, ExxonMobil e Total Energy portando credenciais oficiais de governos. No cenário nacional, ela aponta o BNDES como um dos maiores casos de “lavagem verde” da conferência, pois promovia sustentabilidade e energias renováveis nos pavilhões enquanto financiava a expansão petrolífera da Petrobras.
O BNDES, anunciou durante a COP propagandas de mitigação de impacto e falou de transição energética justa enquanto investindo em projetos de energia fóssil.
O banco brasileiro está classificado na 16ª posição entre os 20 maiores, detendo 5 bilhões de dólares em em ações da Petrobras e fornecendo US$ 689 milhões para financiar a extensão do gasoduto Perito Moreno, na Argentina.
Além disso, a Vale comprou vagas e dificultou a construção de espaços pelos movimentos sociais, enquanto o agronegócio, embora questionado internacionalmente pelo desmatamento, financiou narrativas na mídia através de empresas como a JBS, segundo Gabriela.

Em contrapartida, Gabriela avalia a participação social como “o ponto mais alto dessa COP”, citando a articulação dos movimentos sociais latino-americanos. Essa pressão popular e a presença da “Cúpula dos Povos” foram fundamentais para expor as incoerências do governo e impulsionar a votação do Acordo de Escazú e em 14 demarcações de terras indígenas durante o evento. Ela também observou uma postura “decolonial” nas negociações, onde representantes de países latinos optaram por falar espanhol em vez de inglês, afirmando sua identidade e facilitando a expressão de povos originários.
Sobre a política internacional, Gabriela critica o modelo de consenso da ONU, que permite que países petroleiros travem progressos. Ela cita obstruções vindas da Arábia Saudita, Rússia e até do Vaticano em pautas de gênero, além de criticar a ausência de representantes de alto nível dos Estados Unidos. O Brasil recebeu elogios por suas metas de mitigação comparadas ao Sul Global, mas foi criticado pelas altas emissões ligadas ao uso da terra (desmatamento). O destaque positivo ficou para a Colômbia, que liderou a discussão pelo fim dos combustíveis fósseis.
Por fim, quanto aos resultados, embora reconheça que o “Pacote de Belém” triplicou o financiamento climático, Gabriela permanece cética quanto à eficácia prática desses fundos, criticando a falta de planejamento para que o dinheiro chegue à adaptação real e a preferência do Norte Global por criar “fundos” em vez de assumir pagamentos diretos. Ela conclui que, apesar da força das ruas, os textos finais da ONU ainda estão muito distantes de contemplar a urgência da crise climática.
A leitura de Gabriela da COP reflete o pensamento dos outros entrevistados pelo Colab, como Eduardo Brasileiro, que explica que a conferência não é o berço de todas as soluções, mas é um dos campos de incidência da sociedade possa fazer pressão aos poderes políticos do mundo e os poderes econômicos, para que se sensibilizassem sobre as mudanças climáticas.
Para ele, a COP tem limites e, quando há conflitos geopolíticos como o avanço da extrema direita, a questão climática pode acabar ficando em segundo plano. Entretanto, o evento continua sendo importante, não por ser solução, mas por abrir espaço para o diálogo.
Equipe
Produção e apuração: Mariana Brandão, Ana Clara Cardoso,Karenn Rodrigues e D’arc Hapuque
Texto da reportagem: Mariana Brandão e Ana Clara Cardoso
Edição e orientação: Professora Verônica Soares
Análise de dados: Mariana Brandão
Diagramação:Mariana Brandão
Gráficos: Mariana Brandão
Artes: D’arc Hapuque, Karenn Rodrigues, Ana Clara Cardoso e Mariana Brandão
Conheça os entrevistados
- Alecir Moreira: Geógrafo especialista em climatologia.
- Camila Moreno: Doutora em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade.
- Carolina Alves: Graduada em relações internacionais pela PUC-Rio, mestra em Ciências políticas pela Unirio, e assessora política do Inesc .
- Eduardo Brasileiro: Professor da PUC Minas, sociólogo e doutorando em ciências sociais, e autor do livro “Outra Economia Possível: A Proposta de Francisco”.
- Francisco Figueiredo: Influenciador digital, colunista do O Eco e graduando em economia.
- Gabriel Ferri: Criador de conteúdo de sustentabilidade na internet com foco em ESG, e CEO do Planeta Pós Pandemia.
- Gabriela Brasiliae: Ativista Socioambiental e Climática, estudante de Direito e Ciências Biológicas e influenciadora digital.
- Julia Guerra: Frente de Massificação da Agroecologia MST zona da mata.
- Milena Wilazigton: Pós-graduada em ESG e Reputação, e autora do artigo “Comparação entre capitalismo tradicional e emergente: análise sobre os impactos da crise ambiental às novas medidas no sistema econômico brasileiro”.
- Paulo Artaxo: Cientista brasileiro, mestre em Física Nuclear, doutor em Física Atmosférica e professor da USP.
- Pedro Moreira: Advogado e professor de direito ambiental e indigenista.
- Rafael Oliveira: Jornalista da Agência Pública, autor da reportagem “Os Donos da Água”.
- Reinaldo Dias: Doutor em Ciências Sociais e especialista em ciências ambientais, autor do artigo “A transição verde como caminho para justiça social e ambiental”.
- Suane Barreirinhas: Ativista e uma das lideranças da comunidade Vila da Barca
- Yan Victor Leal da Silva: Biólogo e doutor em Desenvolvimento Social, e autor do artigo “Marx e a questão ambiental”.















































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