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Jovens apontam para tela do computador
Imagem meramente ilustrativa / Unsplash

Projetos autorais garantem experiência durante a graduação

Projetos de estudantes podem ser trampolim para profissionalização ou mudança de carreira

Na busca por mais vivências e práticas da futura carreira, estudantes se engajam em atividades extracurriculares e começam, desde os primeiros semestres da Faculdade, a construir seus currículos, portfólios e projetos autorais. Em cursos de Comunicação, a natureza dos projetos pode ser muito variada. Trabalhos que aproximam futuros jornalistas e publicitários, por exemplo, são muito comuns e colaboram para uma formação diversa e transdisciplinar. 

Se há muita entrega e amor nos projetos autorais de alunos e alunas, nem sempre há  retorno financeiro ou reconhecimento público. Mesmo assim, desenvolver projetos pessoais ao longo do curso de graduação pode ser um diferencial na seleção para uma possível vaga de estágio em uma grande empresa.

De acordo com a professora Raquel Furtado, doutora em Educação e coordenadora de desenvolvimento de carreira da PUC Carreiras, a Central de Carreiras da PUC Minas, trabalhos autorais são uma excelente forma de se destacar no mercado de trabalho, cada dia mais competitivo.

“Muitas vezes o aluno não teve oportunidade, durante a faculdade ou nos estágios, de explorar toda a sua potencialidade. O trabalho autoral significa uma nova oportunidade de aprendizado por conta própria”, destaca Raquel Furtado. Ela acredita que, uma vez finalizado, este tipo de projeto também funciona como uma evidência de todo o conhecimento técnico adquirido.

“Hoje em dia, cada vez mais as empresas buscam profissionais que tenham criatividade, autonomia, foco em aprendizagem contínua e capacidade de se autogerenciar. E investir em projetos autorais é uma ótima forma de exercitar  essas competências”.

Raquel Furtado

Variedade de iniciativas

Idealizado por Breno Delfino, estudante de Jornalismo, do 3º período, o “fc”, ou o Futebol com Chá, nasceu de uma grande paixão.

Amante do futebol, especialmente o inglês, Breno desde criança admira o modo como o esporte é praticado na Inglaterra, país de origem da modalidade.

“Em primeiro lugar, lá a competitividade alcança outro  patamar. Isso traz ainda mais atrações e olhares para o campeonato. A verba disponibilizada pelos patrocinadores bilionários, a proximidade do torcedor de cada clube em relação ao seu time, tudo isso me encanta bastante, inclusive o fato de que cada clube representa uma comunidade de um bairro ou de uma cidade. É sensacional”, comenta o estudante.

Apaixonado pela Premier League, a liga inglesa de futebol da primeira divisão, em um dos seus quadros apresentados na página, Breno traz dados sobre jogadores que marcaram a história de clubes renomados, como o  lendário Frank Lampard, de 42 anos. Um dos maiores nomes da história do clube, hoje, Frank é técnico da equipe Londrina.

Já Ana Mendonça, 22, apaixonada por ler e escrever, considera poesia uma verdadeira terapia. Estudante de jornalismo na PUC Minas, no Coração Eucarístico, desde os dez anos de idade Ana já tinha projetos no mundo literário e usava as poesias como forma de expressão.

Com a ajuda de sua mãe escritora, Ana escreveu seu primeiro livro ainda na infância. A obra,  ilustrada, teve apoio de divulgação e iniciação para a realização, da Prefeitura de Belo Horizonte e do Centro Oftalmológico. Além de ser um livro infanto-juvenil, escrito por e direcionado para crianças, o material foi referência no processo da alfabetização, sendo usado na alfabetização de crianças surdas e mudas.

Aos 15 anos, Ana decidiu criar um blog completamente autoral, Oxigênio da Palavra. De acordo com a autora, seu site teve mais de 500 mil seguidores, e lá eram publicadas, já que o Blog não está mais disponível para visitas, poesias sob  o pseudônimo Eliza Barlet.

Seu projeto autoral desenvolvido agora, durante a Faculdade, tem o mesmo nome do antigo blog. O Oxigênio da Palavra consiste em um Instagram vasto de poesias, realizado  com incentivo de  amigos da própria PUC ao conhecerem suas iniciativas inspiradoras.

“Mesmo tendo um vínculo muito próximo com a Literatura e associar bastante ao curso de Letras, por exemplo, nunca passou pela minha cabeça em migrar para esse curso. Jornalismo sempre foi minha grande paixão.”

Ana Mendonça, estudante de Jornalismo da PUC Minas
Um de seus projetos, é a recitação de poesias em prática de vídeo-linguagem:

Foco no jornalismo

Promovendo notícias sobre Belo Horizonte, Minas Gerais e Brasil, o ‘REC’, idealizado por Pedro Corcini e colaboradores, é um perfil no Instagram que traz informações sem compromisso com o factual.

Para Corcini, o olhar do projetos sobre os fatos é “visionário” por ser pensado para quem ainda está no processo da graduação do jornalismo ou é recém-formado. A iniciativa  tem o intuito de ampliar, através da experiência de concepção de textos no Instagram, os conceitos jornalísticos.

Os participantes do projeto têm a função de desempenhar diversas funções como a de repórter, produtor e de editor. Com  imagens e vídeos no formato de reportagem, o REC também permite que os participantes produzam pautas e conteúdos visuais comparáveis a materiais que são transmitidos na televisão, como a reportagem, por exemplo.

Já o ‘FCQ”, como é conhecido pelos seguidores, é um canal no YouTube em que Lucas Bretas e Rafael Carvalho tratam de América, Atlético e Cruzeiro com descontração. O projeto nasceu há pouco mais de dois meses, quando os dois estudantes de jornalismo, do quinto e sexto período da PUC Minas, decidiram pôr em prática seus conhecimentos sobre o futebol, mais especificamente, sobre os três clubes da capital mineira.

Ambos sentiram a necessidade pessoal e profissional de criar um projeto próprio e prática na área esportiva sempre foi um interesse antigo. Com postagens irreverentes e vídeos em tom distante do convencional, os jornalistas em formação levam  um vídeo semanal para seus seguidores do YouTube. 

O nome escolhido faz alusão à cultura mineira e futebolística e brinca com a serenidade e o jeito divertido de falar do futebol em Minas Gerais. O projeto caminha na  contramão da maioria dos programas televisivos esportivos, por tratar do tema com mais alegria e diversidade, sem ter o padrão de formalidade como obrigação. 

Em busca de originalidade nos projetos autorais

Entre os entrevistados, um desafio compartilhado é lidar com seus projetos autorais em meio a compromissos da vida acadêmica e gerir o projeto em paralelo a outras atividades. Transformar o hobby em possível trabalho, embora também seja um desejo compartilhado por muitos, também faz com que as  responsabilidades aumentem.

Com a facilidade de criação de projetos autorais em plataformas digitais como Instagram, Facebook, YouTube e Twitter, além do barateamento do processo de criação de blogs e sites, um desafio para quem quer lançar um projeto autoral está em se diferenciar no oceano de iniciativas criadas diariamente na internet.

De modo geral, os estudantes acreditam que as mídias sociais possam ser muito agregadoras e parceiras de um trabalho que se inicia e que pretende ser desenvolvido de forma autoral.

Mudança de carreira?

Maquiadora, Júlia Côrtes, (@juuliacortes) enfrenta também, as principais dificuldades de conciliar a vida acadêmica com seu projeto particular que, ao contrário dos colegas, não tem relação direta com sua área de formação. Sem um estúdio específico para seus trabalhos de maquiagem, ela prefere ir à casa das pessoas, atendendo a domicílio.

Com a pandemia, as festas foram ou remarcadas ou canceladas, e a decisão da aluna de jornalismo foi certeira: investir nas redes sociais! Em seu perfil no instagram, a maquiadora mostrou mais do seu trabalho, aumentou a  interação com o público, fazendo com que tivesse presença midiática em seu perfil, ou seja, com regularidade de visualizações e que houvesse certa interação com seu público. O resultado foi bastante positivo: durante o período do isolamento social, Júlia dobrou seu número de seguidores. 

O retorno serviu de  combustível para seu projeto como maquiadora. “O que eu acho mais importante é ter um público fiel, constante. Hoje, tenho em torno de 400 seguidores no Instagram. São seguidores ativos, visualizando meus Stories e curtindo as publicações. Acaba que esse público orgânico pode gerar muitos frutos no futuro, por indicações de meu trabalho, e me ajudar a  crescer ainda mais”, conclui.

Márcio Vítor Pereira

1 comentário

  • Belíssimos projetos, não vejo a hora dessa galera ocupar as redações de jornal mundo a fora! Parabéns ao Colab por dar espaço para que os alunos divulguem seus projetos.