Desde março de 2020, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou pandemia de coronavírus, fato que gera incertezas, pânico, ansiedade e medo. Devido ao alto grau de contaminação da doença, o isolamento é fator imprescindível para combatê-la. Por esse motivo, não só o vírus é preocupante, como também o psicológico da população.
Após um ano vivendo em estado de alerta gerado pelo momento de calamidade, além da limitação quanto ao direito de ir e vir, contato e convívio social, a saúde mental dos indivíduos é afetada. A solidão pode gerar depressão, ansiedade e até mesmo dores físicas, nos músculos e articulações.
A psicóloga clínica Maíra Carolina Santos fala o motivo pelo qual o isolamento pode afetar tanto as emoções que carregamos e as possíveis consequências a longo período. “É preciso entender que somos seres relacionais e ideia de proteção é uma necessidade básica muito relacionada a sensação de pertencimento. Ou seja, a coletividade contribui muito para o sentimento de proteção e cuidado, o que se relaciona diretamente com nossa saúde mental. Os reflexos da solidão a longo prazo podem contribuir para evolução de quadros já instalados, como também, para o surgimento de outros o que não é via de regra. As pessoas podem reagir de formas bem diferentes ao isolamento. Alguns artistas inclusive produzem muitas obras em situação de solidão. Então, é preciso ser feita uma avaliação para cada caso”, explicou.
Depressão no Brasil
Segundo a OMS, o Brasil é o país com maior taxa de depressão da América Latina, com 5,8% da população, e de maior prevalência de ansiedade do mundo: 9,3%. De acordo com pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde, a pandemia tem deixado os brasileiros mais ansiosos, cerca de 41% foram afetados, em maioria, mulheres. Além da preocupação com questões financeiras, o medo do desconhecido e a culpa de poder se contaminar e transmitir aos familiares são os principais fatores.
O sentimento em relação ao desconhecido, visto que, o país engatinha na distribuição de vacinas contra o coronavírus pode influenciar no agravamento de doenças emocionais, pois a população se encontra em uma encruzilhada, na qual a chance de escapar requer tempo, paciência, auto controle e principalmente uma gestão eficaz por parte do governo.
Como cuidar da saúde mental na pandemia?
A psicóloga ressalta que se reinventar para manter o contato, mesmo que de longe, na pandemia é fundamental para manter corpo e mente ativos. “Primeiro ponto é ter consciência que o perigo é real, mas que existem formas de se cuidar. Os cuidados de biossegurança são essenciais para a sensação de proteção. Então, use máscara, álcool em gel e evite circulação desnecessária. Quanto ao isolamento é importante buscar outras formas de socialização. Neste momento, as plataformas de reuniões e as novas formas de encontro – ainda que virtuais – tem se apresentado como uma boa alternativa. Aqui, vale a pena manter contato ainda que por ligação e não perder de vista outras formas de comunicação: como cartas, encontros virtuais e charreatas, por exemplo. E lembrar de que o distanciamento deve ser dos corpos, mas não de presença”, concluiu.
Dessa forma, medidas como manter uma rotina diária, buscar por interações mesmo que virtuais, realizar tarefas com calma e no seu tempo, praticar exercícios físicos como também manter a respiração controlada, ler livros e artigos diversos, e assistir filmes e séries podem contribuir para passar pela pandemia com a esperança de dias melhores.
Para lidar com a ansiedade, é importante procurar manter contato social com pessoas significativas, ter uma rotina, fazer exercícios físicos, evitar o consumo excessivo de álcool e bebidas que contêm cafeína. Há exercícios de respiração e relaxamento. Por exemplo no site projetopausa.com.br, há práticas simples e acessíveis.
Considerando o contexto da pandemia, é importante a pessoa limitar o tempo que passará lendo notícias preocupantes. Agora, se a ansiedade estiver intensa e interferir no dia-a-dia, é recomendável procurar ajuda profissional. A base do tratamento é a mesma de antes da pandemia – dependendo do quadro e da pessoa acometida, podem ser indicados psicoterapia e/ou fármacos”, afirma a psiquiatra e professora do Departamento de Saúde Mental da Faculdade de Medicina da UFMG, Cíntia Fuzikawa.
Sendo assim, a prioridade deve ser a preservação da sanidade mental em conjunto com as medidas de contenção à doença para que a segurança de todos seja mantida.
Saiba mais: Como cuidar da saúde mental durante o período de isolamento?
Reportagem desenvolvida por Hellen Fanni e Mariane Gomes, do 8° período de Jornalismo do campus Coração Eucarístico, para a disciplina Produção em Jornalismo Digital.
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