O apresentador da TV Globo conta sobre a trajetória no jornalismo esportivo
Nascido e criado em Belo Horizonte, Maurício Paulucci é um jovem jornalista de 30 anos, que, durante a pandemia, em 2020, assumiu a apresentação do Globo Esporte na tela da Globo Minas. Ele tem três irmãs e considera a formação delas um privilégio no núcleo familiar, já que as escolhas delas o ajudaram a escolher o jornalismo. Com áreas de atuação bem distintas – computação, direito e medicina – Paulucci considera que as irmãs abriram caminho para que ele não sofresse pressão da família para seguir em uma área tradicional. Isso o ajudou na escolha da profissão e permitiu que ele vinculasse o lado artístico – que experimenta desde a infância – ao esporte – com que é alucinado. Foi assim que ele deu o pontapé para adentrar no mundo do jornalismo esportivo.
Paulucci conta que, quando chegou a hora de escolher a faculdade, no ensino médio, interessou-se pela comunicação social, porém ficou indeciso no momento da escolha, por gostar de medicina. “Eu lembro no vestibular, o cursor do mouse está na minha mente até hoje “Medicina ou Jornalismo?” Mas graças a Deus escolhi jornalismo. Medicina tem que estudar muito, e eu não sou muito estudioso”, revela. A paixão pelo esporte também contribuiu com a escolha, consequência de sua formação, suas referências, seus gostos, seus sonhos, além da liberdade que teve na família, fator decisivo na opinião dele.
A faculdade
Maurício estudou na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e aproveitou a oportunidade para cursar algumas matérias a mais e concluir também a graduação em Publicidade e Propaganda. Ele diz que se decepcionou em um primeiro momento com a faculdade, por esperar que fosse algo mais prático, mas depois notou que a teoria era concentrada em especial nos primeiros semestres, considerando ter aprendido mais em estágios e disciplinas práticas. Paulucci considera o jornalismo como algo empírico. Hoje mais maduro, ele entende que a teoria, mesmo maçante, é importante e a espinha dorsal para um profissional da comunicação.
“A faculdade é um ambiente essencial, porque existem preceitos fundamentais da nossa profissão que você é obrigado a aprender na faculdade. Se você não aprender na faculdade, você não vai ser um bom jornalista.”
Um dos primeiros contatos dele com a prática, durante a faculdade, foi quando criou o blog Sem Firula FC junto com dois amigos, Roberto Rodrigues e Gustavo Aleixo. Esse foi feito pelos três e o objetivo era revisar a matéria um do outro, “talvez minha mãe deve ter visto uma vez”, brinca Maurício. Eles escreviam sobre jornalismo esportivo e faziam de tudo: resenha, opinião, nota, textos e reportagens. Para ele, foi muito importante, porque mesmo que ninguém lia, eles estavam exercitando, pegando referências e experiência.
Já o primeiro estágio de Maurício foi na escola de veterinária da UFMG. Ele trabalhou na assessoria e já tentava “dar um jeito” de fazer algo ligado ao esporte, em torneios da atlética ou algo do tipo. Após o fim desse estágio, ele entrou no Centro de Comunicação da UFMG (Cedecom), estrutura de comunicação institucional da universidade, com rádio, televisão e jornal impresso. Nessa experiência, ele começou trabalhando na rádio, depois migrou para o jornal e também trabalhou um pouco na TV UFMG. Encerrado mais um estágio, Paulucci foi trabalhar no Colégio Loyola, escola que estudou durante uma parte de sua vida. Ele considera esta como a melhor e mais valiosa experiência que teve, pois foi chamado para criar a TV Loyola, uma televisão interna do colégio.
“O Loyola tinha dinheiro, né? Eles me deram um cartão e falaram assim: “compra o que você quiser, televisão, equipamento de câmera, equipamento de microfone, compra o que você quiser, e você tem que entregar tudo. Então, eu fiz tudo. Eu fui atrás de empresa de publicidade para fazer as vinhetas, eu criei a identidade visual da TV Loyola, eu escrevi as reportagens, eu produzi, eu editei no Premiere (software de edição), eu fiz absolutamente tudo. Então foi nesse momento que falei “eu sei fazer tudo”. Comecei a aprender a fazer tudo, todos os processos, desde de apurar, escrever, produzir, editar, aparecer no vídeo, tudo. (…) E isso foi a melhor experiência da minha vida, porque isso me preparou para ser o que eu sou hoje”, conta Maurício.
A trajetória na Globo
Depois dessa experiência, inscreveu-se no programa de estágio da Globo para atuar no site Globoesporte.com. Em 2012, ele entrava na empresa na qual trabalha atualmente e começava sua jornada rumo ao Globo Esporte (GE). Paulucci diz que o setor de esporte era unido, portanto, trabalhava com pessoas que eram da TV, como Guto Rabêlo. Com isso, ele procurou absorver o conhecimento e aprender com todas as experiências.
Mauricio cobriu a Copa do Mundo de 2014, que aconteceu no Brasil, e produziu conteúdos para diversos programas locais e nacionais. Em 2015, foi contratado de forma efetiva, para o site, onde seria repórter. Quando entrou, Maurício teve a ideia de aparecer em vídeo para suas reportagens, algo novo para o Globoesporte.com. Com isso, junto a dois amigos, ele criou um programa que se chamava “Ao Avesso”, que tinha como conteúdo as brincadeiras com o futebol e entrava toda terça-feira, na TV, após a rodada do Campeonato Mineiro. Esse programa teve boa aceitação e repercussão.
Foi então que, em 2017, ele saiu totalmente do site e virou repórter da TV. Maurício começou a produzir conteúdos para o Globo Esporte e Esporte Espetacular, entradas ao vivo para os programas da casa e para o SporTV. O que ele mais gostou foi de começar a fazer transmissões de jogos. “Estar ao vivo é bom demais, é energia”, celebra. A apresentação do Globo Esporte surgiu em 2020.
Assumir a apresentação do GE para Maurício foi tranquilo e vem dando certo. Isso foi visto no retorno da audiência, que colocou o programa na liderança depois de três anos. Ele relata que é respaldado por sua equipe e pelos chefes, para dar o “toque” dele ao programa e fazer o necessário para que o GE siga esse bom caminho e tenha continuidade. Seu maior objetivo hoje é transformar o Globo Esporte em um sucesso a médio ou longo prazo e consolidar o formato que ele trouxe para o programa. Para além disso, Paulucci gostaria de um dia apresentar o Fantástico, revista televisiva semanal da TV Globo, e trabalhar com entretenimento, algo que almeja para o futuro.
Maurício diz que tem honra do lugar que ocupa e entende a responsabilidade de estar em uma grande empresa. Ele fala que tudo ocorreu de forma gradativa e natural, e até por isso não fica pensando “Oh… estou na Globo”, por mais que entenda a importância de sua função. Para ele, não importa se você está na Globo ou em um jornal menor. Se o jornalista tiver responsabilidade e profissionalismo, vai cuidar da credibilidade e da informação, e isso vai depor ao seu favor a todo momento. Ele acrescenta que a missão de passar a informação verídica para o telespectador fica maior a cada dia.
Credibilidade e críticas
Manter a imagem e se tornar uma pessoa pública talvez tenham sido algumas das dificuldades enfrentadas por Paulucci. Com a exposição, ele deixa bem claro que precisa estar aberto a receber críticas de todas as partes. Quando algo ruim acontece, sua reputação é exposta e ele considera que deve estar preparado para ser atacado, principalmente, através das redes sociais. Entretanto, ele pondera que sempre há elogios e críticas construtivas a respeito do seu trabalho e acrescenta que está satisfeito com os resultados que tem obtido durante o tempo na emissora.
Maurício sempre foi multitarefa e procurou praticar bastante o que envolve a profissão. Desde a apuração até a edição, ele tentou aprender de tudo e fazer de tudo, tanto na época do Loyola quanto em seu início na Globo. O apresentador acredita que saber fazer um pouco de tudo promove empatia, porque nem sempre precisará de fato fazer tudo, mas pode ajudar o profissional responsável pela outra função. E considera que ser “pau para toda obra” e conhecer todos os processos foi o que alçou ao lugar que ocupa hoje. E aconselha futuros jornalistas:
“Versatilidade e mão na massa. Pega e faz! Aprende a editar, a pegar numa câmera, aprende o que é erro de continuidade, que você tem que ir de uma câmera aberta para uma câmera fechada, aprende fazer uma entrevista. Produza, publique, peça para as pessoas verem, manda mensagem para o colega assistir, fala para ele detonar, “corneta, fala se ficou bom”. Tente absorver tudo de todos os setores possíveis.”
Hoje Maurício Paulucci serve de inspiração para jovens que desejam trabalhar e viver do jornalismo esportivo.
Conteúdo produzido por Alexandre Temponi, Artur Oliveira, Gabriel A. Sousa, Marcos Costa e Victor Rodrigues na disciplina Apuração, Redação e Entrevista, sob a supervisão da professora e jornalista Fernanda Sanglard.
Conheço o Mauricio Paulucci desde pequeno. É da família. E é da melhor qualidade, sempre um ótimo amigo e não nega qualquer ajuda quando solicitado. Às vezes até intervém antes de ser solicitado. Basta ver a necessidade de alguém. Para mim uma honra tê-lo próximo. O vejo como um amigo perfeito, inigualável. Não abro mão, em momento algum de sua preciosa amizade.
Deveria ter aprendido na faculdade que deve ser imparcial e não ter clubismo, saber separar coração e razão e principalmente respeitar o telespectador.