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Em um palco com tambores coloridos empilhados ao fundo, Júlia Tizumba, mulher negra, se senta vestida de preto. Ela apoia as mãos nos joelhos e tem um semblante sério e sereno.
Júlia Tizumba (Reprodução). Créditos: Luiza Villarroel / Divulgação

Júlia Tizumba discute o teatro negro performativo

Em participação na SCAP 2021, multiartista aborda o teatro negro e dá entrevista exclusiva ao Colab

Nascida em Belo Horizonte, a multiartista Júlia Tizumba se formou em Teatro Universitário na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e em Jornalismo pela PUC Minas São Gabriel. Ela é autora do livro Maurício Tizumba: caras e caretas de um Teatro Negro performativo e conversa sobre os teatros que trazem o corpo negro enquanto corporeidade e performatividade para dentro da cena como protagonistas e autores.

Mestra e doutoranda em Artes Cênicas pela Escola de Belas Artes da UFMG, começou seus estudos artísticos aos 10 anos de idade. É atriz da Companhia Burlantins e uma das idealizadoras da Mostra Benjamin de Oliveira. Também integra o Coletivo Negras Autoras, atuando como compositora, cantora e instrumentista.

É regente e ministra aulas de percussão na Associação Cultural Tambor Mineiro e integrou o elenco dos musicais: Elza; O Frenético Dancin’Days; Oratório; NEGRA.A; ERAS; Clara Negra; Madame Satã; Zumbi; e O Negro, a Flor e o Rosário.

Em uma conversa mediada pelo professor Edmundo de Novaes Gomes, Doutor em Artes pelo Programa de Pós-Graduação da Escola de Belas Artes (UFMG), Júlia falou sobre sua arte, sua carreira, suas relações afetivas com o palco e sua família durante a Semana de Ciência, Arte e Política da PUC São Gabriel (SCAP).

Confira o podcast com o resumo da participação de Julia Tizumba na SCAP 2021

Entrevista exclusiva para o Colab PUC Minas

Júlia Tizumba deu uma entrevista exclusiva para o Colab PUC Minas que você pode ouvir nos seis minutos finais do podcast ou ler a transcrição abaixo:

Como é ser mulher preta na universidade?

O ambiente acadêmico ainda é um ambiente muito elitizado. A graduação, e a pós-graduação, nem se fala. É um espaço elitizado, é um espaço excludente, é um espaço que precisa de mais representatividade.

Quando a gente pensa que a população brasileira é composta por mais da metade de pessoas pretas, e a gente olha para uma universidade e vê poucas pessoas pretas, a gente tem ali um retrato muito nítido da desigualdade. Então, precisamos ocupar esses espaços, precisamos de política pública que traga mais oportunidade, mais igualdade de direitos, mais acesso.

Quem me acompanhava na época em que eu estudava jornalismo na PUC sabe que eu estudava jornalismo na PUC, teatro na UFMG à noite e ainda fazia os shows nos fins de semana, sempre esse malabarismo para conciliar todos os nossos sonhos, todos os nossos desejos. Agora, ainda conciliando mais coisas, duas filhas…

Mas, seguimos no corre, em honra aos que vieram antes de nós, por um mundo melhor para nossos contemporâneos e construindo o futuro que a gente quer para os nossos filhos, para os que vem e os que virão depois de nós.

O que você considera o passo mais importante para o protagonismo do povo preto?

Eu diria que é importante que a gente siga ocupando todos os espaços possíveis e, principalmente, os espaços de poder, os espaços de tomada de decisão. Então, se eu for falar das artes, por exemplo, mais do que ocupar a cena, o protagonismo das cenas, que também já é muito importante, é também ocuparmos a autoria, a direção, a gestão, a curadoria, todos os espaços de poder e de tomada de decisão.

Só quando nós estivermos em todos os lugares é que a gente vai ter tudo o que é nosso de direito: igualdade de direitos e de possibilidades.

Ocupemos, ocupemos todos os espaços! Que a gente possa seguir juntos, aquilombados, se fortalecendo, porque juntos nós somos mais fortes mesmo. Essa máxima é real. Pra gente poder se fortalecer resistir e tomar de volta o que é nosso.

Júlia Tizumba

Pode deixar dicas de artistas para leitores e leitoras do Colab?

Tem muita gente, tem muita gente querida e talentosa, mas vou deixar alguns nomes de artistas mineiros, parceiros que me inspiram e me fortalecem muito, que eu admiro demais. Espero que vocês curtam também: Sério Pererê, Maurício Tizumba, meu pai, Bloco Oficina Tambolelê, Coletivo IMuNe, Maíra Maldaia, Bia Nogueira, Josiane, Manu Ranilla, Elisa de Sena, Hilda Baraúna, Nath Rodrigues. E muita gente, muita gente querida.

Sigam aí esse povo preto maravilhoso e vamos em frente, seguimos firmes! Axé!


SCAP 2021

O podcast com Júlia Tizumba foi gravado durante a SCAP 2021 que teve transmissão ao vivo no canal PUC Minas Lives no YouTube.

Assista na íntegra a mesa sobre teatro negro performativo:

Produção de Luísa Olímpia, Pedro Henrique Ferreira Melo, Rodrigo Pinheiro Fernandes, Thayná Caroline Almeida Vieira e Verônica Rodrigues Pestana para a disciplina de Laboratório de Narrativas Digitais do curso de Jornalismo da PUC Minas, unidade São Gabriel.

Leia também: Diversidade e inclusão nas organizações é tema de mesa na SCAP 2021

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