Os títulos conquistados pelas equipes do Minas Tênis Clube são um reflexo de investimentos recentes. Nos últimos 20 anos, foram cinco vitórias na Superliga de Vôlei, somando os times masculino e feminino, e três Taças Brasil de Clubes, sendo a última conquista neste ano, pelo futsal masculino. A equipe de basquete chegou às semifinais do Novo Basquete Brasil, também em 2021, feito que não acontecia há mais de uma década.
O cenário aparentava ser desanimador, contudo, desde 2018, o clube da Rua da Bahia tem recebido investimentos com o intuito de colocar os atletas no topo do cenário nacional. A organização, fundada em 15 de novembro de 1935, é referência em várias modalidades esportivas e consolidou seu legado como uma das mais tradicionais agremiações do país.
No Brasil, o basquete ganhou destaque nos últimos anos. Segundo Rodrigo Vicentini, responsável pela relação entre a liga americana e a nação brasileira, o número de interessados em assistir aos jogos da principal liga do mundo, a NBA, cresceu mais de dez milhões de telespectadores entre os anos de 2019 e 2020. As transmissões de jogos de basquete tanto nos canais tradicionais (ESPN, SporTV e Band) quanto nas plataformas de streaming (Twitch e League Pass) são um reflexo do aumento da visibilidade do esporte no país. Várias emissoras, como a TV Cultura, passaram a transmitir os jogos do NBB (Novo Basquete Brasil), para inserir o esporte na vida dos brasileiros e conquistar a audiência dos amantes desse entretenimento. As equipes nacionais buscam mostrar sua força e conquistar títulos aos olhos de milhões de espectadores e, para isso, são necessários investimentos.
Com o Minas não é diferente, como destaca o ex-jogador do basquete minastenista Henrique Rivetti. O crescente interesse dos brasileiros pelo esporte incentivou o clube a investir mais. De acordo com Rivetti, as contratações de grandes nomes para temporadas anteriores, como Leandrinho, campeão da NBA pelo Golden State Warriors em 2015, e o veterano Alex Garcia, que acumula 20 anos de seleção brasileira, são um exemplo disso. A evolução do time mostra a ambição em conquistar o primeiro título do NBB e mostrar para o público a força da equipe. Nas últimas duas temporadas, o Minas conseguiu ficar entre os melhores da competição, chegando às semifinais neste ano, quando foi eliminado pelo São Paulo.
Minas Storm chegou até às semifinais do NBB, sendo eliminado pelo São Paulo / Site MTC / Bruno Lorenzo/LNB
O clube mineiro também tem investido fortemente na base em todos os esportes, com destaque ao futsal, mostrando as condições de formação de atletas da instituição. É o caso de Gabriel Ribeiro, 21, jogador de futsal da equipe profissional do clube. O garoto começou a praticar aos 11 anos de idade e completa dez anos de carreira em 2021. Ainda criança, foi convidado para integrar o time do Colégio Batista Mineiro, por um dos funcionários de outra agremiação de Belo Horizonte, que percebeu o talento. Ele também integrou o elenco do Olympico Club, antes de ser convidado para fazer um teste no Minas, durante um campeonato em 2019.
Além da rotina intensa em quadra, o jovem estuda administração na Newton Paiva, uma das faculdades parceiras do clube. A ação educativa é considerada pelos jogadores uma oportunidade: “Todos os atletas têm direito a escolher um curso superior e ganham uma porcentagem de bolsa”, explica Ribeiro. A instituição prevê outros benefícios para os membros das equipes profissionais, como salário com carteira assinada, alimentação nas dependências da organização e plano de saúde. “O Minas é um dos maiores, não só no futsal, mas principalmente por conta da infraestrutura proporcionada aos atletas.” O clube tem papel importante na inserção de jovens na prática esportiva profissional. “O esporte é tudo na minha vida, desde pequeno. O sonho dos meus pais era me ver formado na universidade. E hoje eu consigo realizar ambos”, conclui Gabriel.
Equipe feminina de vôlei é a atual bi-campeã da Superliga / Site MTC / Wander Roberto/CBV
Segundo dados divulgados no site oficial do Minas Tênis Clube, atualmente as equipes contam com 36 patrocinadores e apoiadores. Entre eles estão a Itambé, cooperativa de lacticínios, e a Axial, empresa de medicina diagnóstica, além dos mais de 82 mil sócios que contribuem mensalmente para a renda do clube. A instituição também promove eventos culturais, responsáveis pelo aumento da arrecadação de recursos que geram investimentos no elenco de suas equipes, profissionais responsáveis pelos atletas e também em sua infraestrutura.
Conteúdo produzido por Gabriel Dutra, Letícia Souza e Pedro dos Santos, estudantes de jornalismo da PUC Minas.