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Ao fundo, um armário com estantes cheias de livro. No meio, em primeiro plano, a professora Roseli Fígaro, da USP. Ela usa óculos, é mulher branca de cabelos curtos e castanhos.
Novo Normal: Devido à pandemia da Covid-19, a aula inaugural ocorreu em formato online. Créditos: captura de tela / Natan Braga

Professora aborda o futuro do jornalismo em aula inaugural

Em uma série de três artigos, estudantes do 2° período relatam a aula inaugural com Roseli Figaro (USP), sobre o futuro do jornalismo

Na manhã da terça-feira, 25 de agosto, a direção da Faculdade de Comunicação e Artes (FCA) da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas) recebeu a professora Roseli Figaro, da Universidade de São Paulo (USP), para ministrar a aula inaugural para o curso de jornalismo. Com o tema “O trabalho do jornalista em novos arranjos econômicos independentes e/ou alternativos aos conglomerados de mídia”, Roseli Fígaro abordou as profundas mudanças na base sociotécnica da área, sua forma de organização social e o futuro do jornalismo.

Com didática simples, Roseli Figaro listou os três principais elementos que favorecem a formação de novos arranjos profissionais para os jornalistas: precarização da profissão, transformação do negócio jornalismo e ataques aos profissionais.

De acordo com a professora, ocorreu uma grande precarização estrutural na área, na qual foi possível perceber uma elitização da profissão, ao mesmo tempo em que a contingência de jornalistas freelancers em situações precárias cresceu em velocidade exponencial.

Para ela, o fim da obrigatoriedade do diploma para exercer a profissão, em 2012, e a ausência do registro profissional, contribuíram com a plataformização das empresas. Além disso, ataques a jornalistas por autoridades promoveram fragilidade ainda maior para a profissão.

Caminhos tortuosos para o futuro do jornalismo

Apesar de todas as dificuldades listadas pela professora, ela também apresentou caminhos para combater ações nocivas ao jornalismo. Dentre as possibilidades estão a organização de novos veículos de comunicação e a regulamentação das empresas de plataforma.

Segundo Roseli Figaro, a criação de políticas públicas que garantam o repasse dos valores acumulados pelas empresas de plataforma aos arranjos de trabalho independentes e alternativos, diversificando as possibilidades do negócio jornalismo, seria uma saída.

Para tirar sustento na área, é necessário que as iniciativas independentes busquem projetos, leis, apoio de fundações e fornecimento de cursos profissionalizantes. Para a professora, é fundamental se defender do individualismo das empresas de plataforma, de maneira a não transformar o jornalista em um trabalhador do clique, apenas buscando audiência.

Por fim, a professora finalizou a conferência reiterando a importância da transparência por parte do jornalista em defesa da democracia. Perguntada sobre a possibilidade de fortalecer o jornalismo local no ambiente digital como forma de reorganização do futuro da profissão, Roseli Fígaro opinou sobre essa nova estrutura:

“Eu acredito muito no enraizamento do jornalismo, no seu compromisso com a profissão. É muito importante estruturar novos arranjos de trabalho. O jornalismo do futuro é o jornalismo de plataforma ou o jornalismo local, que vai falar mais com o sujeito”.

Roseli Figaro

Quem é Roseli Figaro?

Graduada em Jornalismo pela Faculdade de Comunicação Social da Cásper Líbero, Roseli Figaro é professora da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP) e já publicou inúmeros artigos científicos em revistas nacionais e estrangeiras.

Recentemente, lançou o relatório “Como trabalham os comunicadores em tempos de pandemia da Covid-19”, no qual apresenta as condições de trabalho dos profissionais da comunicação em home office.

Texto escrito pelo estudante Natan Enrico Banbirra Braga para a disciplina de Jornal Laboratório do 2° período de Jornalismo, campus Coração Eucarístico, na PUC Minas.

Leia outros textos sobre a palestra produzidos por estudantes do curso de Jornalismo:

Natan Braga

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