DMNT é um dos artistas que organizam e expõem suas obras na II Mostra de Arte Punk. O artista passou por diversas bandas da cena punk, como Phobia Punk Rockers, Fogo Cruzado, Dekrepitor, Brazilian Punk Attack, dentre outras. Hoje, produz pinturas e colagens e é um dos organizadores do evento juntamente com a Prefeitura de São Paulo.
Confira a entrevista, que foi editada para fins de concisão e clareza:
Qual o seu envolvimento com a cena punk e o que ela significa pra você?
Me envolvi com o punk em meados dos anos 1990, primeiro escutando as bandas, depois, tocando em diversos grupos de punk rock e hardcore. Nesses anos de vida punk, escrevi fanzines, criei estampas de camisetas, artes de discos, pintei quadros, fui locutor de programa de rádio, DJ, administrei por anos um espaço alternativo chamado Estúdio Noise Terror, me envolvi na produção de shows, festas e gravações de bandas, montei um selo independente que está há mais de 20 anos em atividade e também me envolvi bastante com o lado político do movimento.
O Punk é para mim a expressão máxima da individualidade, somada à rebeldia e contestação a um sistema falido e injusto, que merece e precisa ser combatido. Foi a ferramenta que encontrei para me expressar e para tentar mudar a realidade em que estou inserido, e também uma espécie de escola, onde tive a oportunidade de vivenciar todas essas experiências e me desenvolver enquanto artista.
Como surgiu a ideia da criação de uma Mostra Punk?
Em 2019, surgiu a oportunidade de expor meus quadros no espaço NIÁ, em São Paulo, mas, com a correria de outros projetos, a exposição acabou ficando para o fim de dezembro, mais especificamente para ser inaugurada na última semana do ano. Achei que fazer uma exposição individual não seria uma boa ideia nessa época, que todo mundo estaria viajando, poucas pessoas iriam comparecer e não valeria à pena o trabalho todo, e pensei que uma boa solução seria chamar outros amigos punks e fazer uma mostra coletiva.
Criamos um coletivo com outras pessoas envolvidas no espaço e fomos desenvolvendo esse conceito até chegarmos na Mostra de Arte Punk. A primeira Mostra ocorreu entre dezembro de 2019 e janeiro de 2020 e envolveu cerca de 10 artistas. Achamos que a experiência foi legal e, logo após o término dessa edição, que foi física, começamos a preparar o projeto da II Mostra, que envolveu 22 artistas e foi viabilizada por um edital público da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo.
Como foi o processo de criação da Mostra, com o apoio da Prefeitura de São Paulo?
Como já havíamos adquirido uma certa experiência com a criação da primeira Mostra, apenas desenvolvemos o conceito e ampliamos o número de artistas e obras, tentando ser o mais abrangentes quanto fosse possível e, ao mesmo tempo, fugindo do lugar-comum que é falar sobre arte punk baseando-se apenas na música e nas bandas punks. Queríamos explorar e abrir espaço para outras vertentes da arte punk que normalmente ficam relegadas a segundo plano, pois existe sempre a tendência, por parte da sociedade e da mídia, de reduzir o movimento e a cena punk apenas ao seu lado musical, esquecendo-se de tudo mais que se faz artisticamente nesse cenário tão grande e plural. Inscrevemos o projeto no Proac, que é um edital de fomento à cultura promovido pela Secretaria de Cultura do Governo do Estado de SP e fomos um dos projetos escolhidos, iniciando os trabalhos em Março de 2021.
Fizemos a curadoria de forma coletiva e tentamos trabalhar com a maior variedade de formas de arte possíveis nesse contexto, escolhendo artistas que consideramos relevantes dentro da cena brasileira e também dentro de seus respectivos nichos. Obviamente, uma mostra como essa é apenas um recorte da enorme quantidade de arte e artistas que gravitam ao redor do punk brasileiro, então, muita gente boa não entrou nessa edição, mas esperamos fazer as próximas cada vez maiores, tanto em número de artistas quanto de obras.
Você também é criador de obras artísticas no movimento punk? Se sim, você expõe?
Sim, trabalho com pinturas e colagens e alguns dos meus trabalhos estão expostos na Mostra. Já realizei exposições individuais e coletivas e alguns trabalhos meus estão também em capas de discos, cartazes de shows e artes de camisetas.
A segunda edição da Mostra Punk está no formato digital. A organização tem interesse em fazer a mudança para o regime presencial nas próximas edições?
A ideia original era que essa segunda edição fosse presencial mas, devido à pandemia, se tornou inviável uma edição física. Por isso, optamos pelo formato digital com o site, além de um catálogo físico em formato de livro, mas a ideia é que nas próximas edições voltaremos ao formato físico também, talvez junto com o catálogo e o site.
Excelente!