A publicitária Maria Beatriz Fernandes, graduada pela PUC Minas em 2021, apresentou seu trabalho de conclusão de curso “Place Branding, identidade e consumo: a percepção do consumidor sobre o Mercado Novo (Belo Horizonte/MG)” em junho daquele ano, orientada pelo professor Rodrigo Fortini.
O Mercado Novo, espaço construído na década de 1960 com o intuito de ser uma extensão do famoso Mercado Central de Belo Horizonte – e por isso o nome Mercado Novo, tornou-se um espaço de experiências gastronômicas e culturais nos últimos anos, mas nem sempre foi assim. A investida original falhou e, por décadas, o local se manteve com poucas lojas em funcionamento e um andar inteiro desativado.
Em 2010, foi aberta ali uma casa noturna, chamada de “Mercado das Borboletas”, mas apenas oito anos depois, em 2018, o Mercado Novo começou a se tornar o que é hoje: um espaço que reúne diversos elementos da cultura mineira em estabelecimentos que vão de bares e restaurantes a gráficas, de brechós a sorveterias.
Com o processo de reapropriação do local, o Mercado Novo se transformou em um dos mais movimentados pontos de encontro da cidade. Por ser diferente das atividades de lazer e entretenimento que já havia em Belo Horizonte, chamou a atenção de Maria Beatriz.
Leia a seguir o depoimento de Maria Beatriz sobre a pesquisa:
Quais foram as suas principais motivações para realizar este trabalho? Qual era o interesse preliminar sobre o tema?
Eu já era frequentadora do Mercado Novo e achava muito interessante a forma como um lugar tão antigo e “abandonado” virou o grande ponto de encontro da cidade, com uma proposta muito diferente da que foi construído para ter.
Sempre tive vontade de estudar o lugar, mas só mais tarde acabei decidindo pesquisar a percepção do consumidor. Então comentei com os meus professores sobre a ideia, todos acharam a proposta interessante e relevante e eu decidi realizá-la.
O que você descobriu ou desenvolveu no processo de criação do seu TCC? Por que isso é relevante e como ajudou na sua formação?
Descobri que apesar de dar muito trabalho, o decorrer da pesquisa foi melhor do que eu imaginava, muito por causa do meu orientador, Rodrigo Fortini.
Descobri que o que eu pesquisei é realmente importante, por ser um lugar muito importante para a cidade e que só se tornou o que é pela comunicação realizada ali.
Ganhei uma nova percepção sobre o Mercado a partir do processo de entrevistas: vi que ele cumpre muito bem a sua proposta, mas que ao mesmo tempo é muito “nichado”, uma bolha. Ele é diverso, mas não é para todos.
E, por fim, como o projeto foi desenvolvido antes da pandemia e produzido ao longo dela, algo interessante que percebi e que é um fator comum entre os entrevistados, é que muitos têm memórias afetivas de coisas que aconteceram lá no período pré-pandemia.
Como foi o processo de desenvolvimento do TCC? Quais os maiores desafios e as partes mais satisfatórias?
Como disse, o decorrer da pesquisa foi melhor do que eu imaginava, mas tive muita dificuldade em encontrar pessoas para participar das entrevistas, principalmente por causa da pandemia. Se não estivéssemos isolados, eu poderia ir até lá para entrevistá-los, mas tive que fazer isso por videoconferência. Também foi difícil encontrar pessoas mais velhas para entrevistar, para que a pesquisa não ficasse enviesada. Foi desafiador também decidir qual seria o foco da pesquisa dentro da temática do Mercado Novo.
No entanto, foi muito satisfatório ver que as pessoas acharam a minha pesquisa interessante ao serem entrevistadas e também chegar em resultados concretos.
Hoje, quando vou lá, eu lembro da minha pesquisa, de coisas que eu li, percebo coisas novas e isso é muito bom!
Hoje, quando vou lá, eu lembro da minha pesquisa, de coisas que eu li, percebo coisas novas e isso é muito bom!
Maria Beatriz Fernandes
Quais as principais conclusões do seu trabalho de TCC? O que você considera mais relevante do seu trabalho?
A influência de um consumidor sobre o outro tem muito impacto sobre o Mercado Novo. Quando ele começou a acontecer, a notícia se espalhou pelo boca-a-boca. O Mercado Novo cumpre sua proposta e transmite o que ele é, ou seja, o place branding é bem feito. O branding é o Mercado Novo ser visto como ele é: a comunicação dele é perfeita nisso, as pessoas veem ele como o que ele se propõe a ser. A percepção do público começou muito antes da retomada, com o Mercado das Borboletas em 2018. Ele é um ponto fora da curva porque vai na contramão do digital em excesso, do moderno. A relação afetiva dos consumidores também foi muito reforçada.