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Pesquisa aborda feminismo, body positive e moda em análise de capas da Vogue

A estudante Júlia Vilaça fez uma análise visual da publicação de novembro de 2020 da Vogue Brasil, que traz as imagens de três mulheres representantes  do movimento body positive no Brasil: as cantoras Duda Beat e Preta Gil, e a modelo Rita Carreira, que foi a primeira modelo negra a posar para a capa da revista, que existe no Brasil desde 1975.

Segundo a própria Vogue, body positive é “descobrir aspectos positivos do seu corpo que por muito tempo foram considerados “fora do padrão”. O padrão, hoje, é ser diferente.” Ou seja, body positive – em tradução literal, corpo positivo –  é um movimento que visa debater a marginalização dos corpos que não se enquadram no padrão estético da sociedade contemporânea (corpos magros e altos, pele branca e cabelos claros são algumas das características femininas desse ideal). No Brasil, o body positive também é conhecido por “movimento corpo livre”, que a revista Vogue faz referência nas capas com os dizeres “a cantora – ou ‘a modelo’, no caso de Rita Carreira – faz ode ao corpo livre”.

Em apenas quatro meses Júlia Vilaça pesquisou e escreveu seu Trabalho de Conclusão de Curso no Jornalismo, em que faz uma análise minuciosa dos elementos de cada uma das capas, como as cores escolhidas, o figurino, a posição das celebridades na imagem, as pilastras em estilo grego e a falta da letra “g” no título da revista, que remete ao tamanho grande das roupas. Além disso, ela relembra momentos importantes da história do feminismo e do jornalismo de moda e explica o que é feminismo interseccional. “Foi bem interessante porque me fez enxergar um pouquinho do mercado da moda e do mercado editorial de moda com um olhar diferente do que eu tinha anteriormente.”


Leia a seguir, os principais pontos sobre o processo de concepção e desenvolvimento do tema:

Quais foram as suas principais motivações para realizar esse trabalho? Qual era o interesse preliminar sobre o tema?

Sempre fui apaixonada pelo Jornalismo de moda e nunca tive muito espaço para explorar essa editoria na Faculdade. Conversando com jornalistas da área, descobri que um bom primeiro passo seria investir em uma pesquisa que permeasse o tema e, assim, decidi unir dois assuntos de extrema relevância para mim: Moda e Política, mais precisamente, o feminismo. Queria que fosse um tema de relevância e, ao mesmo tempo, atual, por isso, escolhi fazer uma análise das capas da Vogue de Novembro de 2020.

O que você descobriu ou desenvolveu no processo de criação do seu TCC? Por que isso é relevante e como ajudou na sua formação?

Descobri que o Jornalismo de Moda é muito mais potente e relevante, historicamente, do que eu imaginava. Aprendi sobre a influência dos movimentos políticos nessa editoria. Eu sinto que o TCC foi o fechamento perfeito – e necessário – do meu processo acadêmico de bacharelado. Ele me ajudou a amarrar os conhecimentos adquiridos em sala de aula, com a moda e com a área que escolhi para atuar. Me ensinou a ser independente e acreditar no meu potencial – produzi o projeto e toda a pesquisa em quatro meses.

Como foi o processo de desenvolvimento do TCC? Quais os maiores desafios e as partes mais satisfatórias?

Um dos maiores desafios para mim foi [a gestão d’] o tempo. Conciliar em um prazo tão curto toda a leitura que precisava ser feita, com a produção, foi complicado, mas, ao mesmo tempo, foi engrandecedor ver tudo aquilo pronto. A parte mais satisfatória foi poder pesquisar sobre dois temas que eu tanto amo – moda e política – e aprender com a minha orientadora, a professora Verônica [Soares da Costa], que o tempo todo foi muita crítica – e, ao mesmo tempo, cirúrgica – em seus feedbacks e ensinamentos.

Quais as principais conclusões do seu trabalho de TCC? O que você considera mais relevante do seu trabalho?

O que eu considero mais relevante do meu trabalho foi ver como, historicamente, os movimentos sociais, mas, principalmente, o feminismo, foram essenciais na construção da nossa sociedade como conhecemos hoje. Aprendi mais ainda sobre a importância de levantarmos as bandeiras que acreditamos e lutarmos por isso, pois os resultados são relevantes. A análise me mostrou que existe uma questão muito importante por trás dos veículos de comunicação que é a questão comercial que rege a maior parte das ações em grandes veículos de comunicação. O trabalho me ensinou a olhar com olhos ainda mais críticos a apropriação que veículos, marcas, empresas mainstream fazem de bandeiras sociais.

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